terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Investimento em floresta se torna mais atraente que o ouro




O ouro é tradicionalmente considerado o investimento de melhor retorno e a poupança, de menor risco



O ouro é tradicionalmente considerado o investimento de melhor retorno e a poupança, de menor risco. No entanto, levando-se em conta os dois fatores ao mesmo tempo, o cultivo de florestas sai na frente, de acordo com estudo desenvolvido pela Consufor. 

A empresa analisou seis diferentes alternativas de investimento num intervalo de cinco anos (2008-2012): ouro, dólar, título público, ações (IBovespa), poupança e floresta. De acordo com os dados, em relação ao risco, a floresta fica em segundo lugar, perdendo para a caderneta de poupança, e é também o investimento com segundo maior retorno, atrás do ouro. 

Porém, ouro é sexto mais seguro e a poupança é o quarto mais rentável. Para definir o possível retorno de florestas, a consultoria considerou custos da silvicultura, remuneração da terra, preços e produtividade, observando florestas de eucalipto em Minas Gerais. 

3 produtos disputam a liderança entre as opções de investimento. Ouro perde para as florestas quando a questão é a segurança. Poupança fica atrás da silvicultura em rentabilidade, conforme pesquisa que abrange cinco anos.

Gazeta do Povo Online, 28 de janeiro de 2014

 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Quem está entregando o Brasil? Veja os disparates da FUNAI.


Funai presta contas ao Parlamento Europeu 
sobre o processo de expulsão de agricultores de área demarcada no Maranhão

Na última quarta-feira, dia 22, a Funai apresentou no Parlamento Europeu a chamada política brasileira de promoção e proteção dos direitos dos povos indígenas, com foco na demarcação de terras. 
O exemplo apresentado foi a versão oficial da Funai para o processo de expulsão dos agricultores da Terra Indígena Awá, no Maranhão.
Funai que constantemente se recusa a comparecer no Congresso brasileiro para prestar informações, atendeu ao convite de representantes do Parlamento Europeu comparecendo à conferência da qual também participaram o Ministério das Relações Exteriores, representante da OIT, políticos europeus e ONGs.
Além de conferir dados oficiais e esclarecimentos sobre a situação do povo Awá, o evento reforçou os avanços da politica indigenista brasileira e a importância do apoio institucional da União Européia. 
Várias das ações da Funai no Brasil são financiadas com recursos doados pelo Banco Alemão KfW.
Ressaltou-se que a proteção das terras e povos indígenas está relacionada com o respeito aos direitos humanos e proteção ambiental, com significativa interlocução com sistemas e organismos internacionais de direitos humanos.
Já a expulsão de gente pobre decorrente desse processo não está relacionada com nada.


Lembra-se de Suiá-Missu no Mato Grosso? Da violência utilizada contra os produtores rurais? Pois é... Veja



... como eles são assistidos pela FUNAI 


Reportagem da jornalista Camilia Nalevaiko, publicada no portal Agência da Notícia, conta que os produtores rurais que foram expulsos pelo Governo da área da antiga Fazenda Suiá-Missu estão retomando suas terras. A área foi demarcada como indígena em um dos processo fraudulentos da Funai e os agricultores foram expulsos no final de 2012.

De acordo com a vice-prefeita de Alto Boa Vista Irmã Irene, as famílias estão voltados para as terras. 
“Estamos nos organizando e voltando para as terras, já se passou um ano e até agora não recebemos nada do Governo Federal e não vamos mais viver na miséria como estamos vivendo”, disse.
Há cerca quinze dias a Polícia Federal e a Força Nacional deixaram o local. Os funcionários da Funai que ficaram na área chegaram a entrar em um princípio de confronto com os produtores ruais e tiveram uma câmera fotográfica e alguns equipamentos sequestrados ao tentarem registrar a retomada branca.
Até o momento não houve reforço policial, as famílias estão seguindo para o Posto da Mata de onde devem seguir para suas terras. “Nós não vamos ficar morrendo de fome e vivendo na miséria. Nós não podemos pagar por um erro do Governo que nos abandonou”, disse um dos produtores que já está na área à jornalista.
Depois que os produtores rurais foram expulsos a área foi entregue aos índios Xavantes que costumam patrulhar a área armados com espingardas de caça. 
A chance de um ação violenta dos índios contra os produtores é grande.

Fonte: Blog Questão Indígena

Commodity caipira...,




 ... o feijão atrai agricultor


José Maria Tomazela


Nem mesmo a queda do preço por causa do excesso de produção tira o apetite do produtor em apostar nessa cultura


O agricultor Nelson Nunes.de Itapetininga, sudoeste paulista, planta feijão há mais de 30 anos e explica a seu modo o fascínio que tem pela cultura. "Já pensei em procurar um psicólogo para me ajudar a não plantar mais feijão." 

Produtor de grama, Soja, Milho e outros grãos, Nunes conta que, ultimamente, manter a cultura tradicional tem sido motivo de briga com os filhos. Nesse momento, ele colhe 85 hectares de feijão de primeira safra e só tem queixas. "A produção não foi boa e o preço despencou. Se não tiver mudança, vou perder RS 1,5 mil por hectare." Mesmo assim, já prepara novo plantio. 

Nunes sabe que o preço baixo - RS 80 a saca de 60 quilos -decorre do excesso de produção. No ano passado, ele chegou a vender feijão a RS 240 a saca e o grão garantiu a renda que outras culturas, como o Milho, não deram. 


O mais recente levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento, este mês, mostra que, no Brasil, a área do feijão de primeira safra aumentou 44% em relação ao ano anterior, mas a produtividade teve um ganho de 19,9%, elevando a produção em 35,6%. 

O resultado guarda relação com outro fenômeno que o agricultor conhece bem. Aproveitando a tecnologia usada no cultivo de commodities como Soja, Milho e trigo, o feijão se tornou uma espécie de commodity caipira. 


"Foi o tempo em que feijão era plantado e colhido à mão. Hoje, a Lavoura usa o mesmo maquinário da Soja e o pacote tecnológico do Milho." 

A mesma profissionalização não atingiu a comercialização, pois o consumo é interno, e o preço, ditado pela lei da oferta e da procura. 

O agricultor e engenheiro agrônomo Luis Paulo Mendes, de Campina do Monte Alegre, conta que a região foi afetada por um período de 40 dias sem chuvas entre outubro e novembro, no período de floração do feijoeiro, causando grandes perdas. 


"Na minha área, com tecnologia para colher 50 sacas por hectare, não colhi mais que 20." Mendes já pensa em investir em irrigação. 

Para o dirigente da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado em Itapeva, Vandir Daniel da Silva, os bons preços na safra passada tiveram influência na renda do campo e estimularam novos plantios. 


Apenas em Itapeva, a área cultivada na primeira safra aumentou de 3 mil para 7 mil hectares. A produção maior, no entanto, fez o preço cair, deixando um clima de incerteza para as próximas safras.

OESP, 26 de janeiro de 2014

sábado, 25 de janeiro de 2014

Encíclica de Francisco I sobre ecologia?


Papa está trabalhando em encíclica sobre ecologia



(ANSA) - O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, confirmou que o Papa Francisco está trabalhando em um documento sobre ecologia que pode se tornar uma encíclica no futuro. 

A notícia de que o Pontífice estaria fazendo um texto sobre o meio ambiente veio a público pela primeira vez após a divulgação da sua primeira encíclica, a Lumen Fidei (Luz da Fé), criada a quatro mãos com o papa emérito Bento XVI.

    Depois disso, em novembro, o político argentino Fernando Solanas, recebido por Francisco na residência de Santa Marta, deu indicações ainda mais explícitas sobre o assunto. "Tivemos um diálogo muito amplo e profundo sobre os danos ambientais que estão sendo produzidos no nosso país e no mundo. 

O Papa me revelou que está trabalhando em uma grande encíclica sobre o ambiente", afirmou na época. No entanto, Lombardi fez questão de ressaltar que ainda se trata de um projeto em estágio inicial, e por isso é prematuro fazer previsões sobre a data de uma possível publicação. 

"Em todo caso, é importante observar que o Pontífice pretende dar destaque para o tema da 'ecologia do homem'", acrescentou o porta-voz. (ANSA)

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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Mato Grosso do Sul, do ouro da soja à ....


 ... expansão de novas culturas


Juliana Rezende

A soja é o ouro do Estado. Com 2 milhões e duzentos mil hectares de área plantada em Mato Grosso do Sul, a produção da oleaginosa ocupa a quinta colocação no ranking nacional


A soja é o ouro do Estado. Com 2 milhões e duzentos mil hectares de área plantada em Mato Grosso do Sul, a produção da oleaginosa ocupa a quinta colocação no ranking nacional. De acordo com a Fundação MS, a produtividade do Estado é considerada média, e por convergências climáticas   não alcança índices maiores.

Entretanto, Mato Grosso do Sul tem ido além e, conforme o engenheiro agrônomo da Fundação MS, Renato Roscoe, conquistou um espaço no agronegócio que nenhum outro Estado conseguiu.

"MS mais que dobrou, passou de cerca de 100 mil hectares de floresta para 700 mil, de aproximadamente 200 mil hectares para 800 mil de cana-de-açúcar e saltou de 1 milhão e 200 mil hectares para 2 milhões e duzentos mil de área plantada de soja. Ou seja, Mato Grosso do Sul está crescendo em todos os sentidos e mantendo sua produção de carne", analisou.

Durante o primeiro dia de Showtec, nessa quarta-feira (22.01), uma palestra sobre Soja de Alta Produtividade foi proferida aos produtores rurais. O Comitê Estratégico de Soja no Brasil (CESB) esteve no evento com o intuito de lançar o desafio para os produtores, do qual o objetivo era alcançar altas produtividades acima dos patamares normais. Em Mato Grosso do Sul a média de produção de soja é de 49 sacas por hectare.

"Pode apostar na soja, é uma cultura interessante, mais adaptada ao verão, tanto no Brasil central como um todo, tem uma cadeia muito bem montada e estruturada, então é uma cultura de boas perspectivas. A venda de soja no mercado internacional está bem aquecida, algumas potências do mundo como China e outros países da soja já aumentaram o consumo", relatou o engenheiro agrônomo Renato Roscoe,mediador da palestra.

Com mil hectares de soja da região de Maracaju, o produtor rural Emerson Perosa, diz que o fator limitante e prejudicial para os sojicultores da área são os períodos de estiagem. Segundo ele a palestra sobre alta produtividade foi útil para renovar os objetivos e ousar na produção. "Enfrentamos período de seca, que é preocupante, mas temos tecnologia, pesquisa, e aqui no evento conhecemos as variedades da soja e isso nos ajuda a incrementar a lavoura", finalizou.

Fonte Original: Capital News


Agrolink, Sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Observações inteligentes e sensatas, essa raridade!

!


Contra a bioadversidade



Evaristo E. de Miranda*

Nas áreas rurais, nas periferias urbanas e na produção agropecuária, os brasileiros enfrentam uma dura e cotidiana batalha contra a bioadversidade: pragas e doenças atacam humanos, animais, cultivos e o meio ambiente. Sem ações efetivas de gestão e controle, populações de animais selvagens, nativos e exóticos, proliferam.

Exemplo conhecido é a proliferação das capivaras em espaços urbanos e áreas agrícolas. Além da destruição na vegetação, elas disseminam a febre maculosa, por meio do carrapato-estrela, responsável pela morte de dezenas de pessoas. 

Isso interditou o acesso a espaços públicos em diversas cidades. As placas advertem: "Capivaras. Afaste-se. Risco de febre maculosa". Eliminá-las não é fácil e constitui crime ambiental inafiançável. As prefeituras estão de mãos atadas.

Problema análogo ocorre com a proliferação de micos, saguis e até do macaco-prego, capazes de devorar ovos e filhotes, mesmo nos ninhos mais escondidos. Eles causam o declínio e a extinção local de populações de aves, além de invadirem residências e destruírem a vegetação.

Como as pombas, os "ratos do céu", as maritacas adaptaram-se às cidades, não cessam sua expansão e causam diversos danos, até às instalações elétricas. 

Com a pomba-amargosa e outras pragas aladas, as maritacas chegam a impossibilitar o cultivo de girassol, sorgo e outras plantas, causam danos à fruticultura e atacam os grãos no transporte, como o amendoim.

Dois graves problemas faunísticos vieram da Argentina e do Uruguai: a lebre e o javali. A superpopulação da lebre europeia virou caso de segurança aeroviária. O grande número desses animais ágeis e de hábito noturno preocupa a operação de aeroportos. Sua reprodução crescente e rápida torna inviável a produção de hortaliças. 

Elas destroem plantações de maracujá, laranjais e cafezais em formação. Não há cerca ou tela capaz de contê-las. Um dos maiores prejudicados é o coelho nativo. O tapiti e seus filhotes são mortos pela lebre, que invade e ocupa suas tocas. 

Já o javali segue em expansão e ataca as mais diversas lavouras e ambientes naturais. Não há defesa contra esse animal agressivo que chega a 200 quilos, atua em bandos e invade até mesmo criações de suínos em busca de fêmeas. Em áreas protegidas, o javali ocupa o hábitat e concorre com a queixada e o cateto.

Sem manejo adequado, a recuperação das áreas de preservação permanente e de reserva legal, determinada pelo novo Código Florestal, criará corredores e novos espaços para ampliar ainda mais essas pragas e as doenças transmitidas. 

Seu contato com a fauna selvagem e doméstica ampliará a proliferação de várias doenças, como febre amarela, aftosa, lepra, raiva, leishmaniose, etc. 

Sem gestão territorial e ambiental, a introdução e a aproximação desses animais de áreas rurais e urbanas tornará inviável a eliminação de diversas doenças e trará novas - e difíceis - realidades ao combate às zoonoses.

A bioadversidade dos invertebrados resulta em parte da biodiversidade de mosquitos, pernilongos, carapanãs, borrachudos e assimilados. A dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, ultrapassou 1,5 milhão de casos em 2013, três vezes mais do que em 2012! 

Um recorde como nunca antes se viu na História deste país. Foram 500 mortes registradas. E prosseguem crônicas a febre amarela, a malária, a oncocercose, etc.

A bioadversidade provocada por vermes e assimilados também vai bem. Esquistossomose, Chagas, toxoplasmose, amebíases, lombrigas e giardíases proliferam. A falta de saneamento e de água tratada afeta criticamente tanto populações amazônicas ao longo de grandes rios como a periferia de cidades e áreas rurais. 

Mais de 88% das mortes por diarreia se devem à falta de saneamento e 84% dessas mortes atingem as crianças. As infecções são contraídas pela ingestão de água ou alimentos contaminados. 

Apesar dos progressos (entre 2010 e 2011 houve um aumento de 1,4 milhão de ramais de água e 1,3 milhão na rede de esgotos), não se coleta nem metade do esgoto. E, do coletado, apenas 38% recebe algum tratamento. As inundações de verão, além de deslizamentos, trazem a leptospirose e o perigo do tifo e do tétano.

Os exércitos de carrapatos, percevejos, moscas, mutucas, baratas, escorpiões, aranhas, morcegos hematófagos e transmissores da raiva, caramujos gigantes, serpentes peçonhentas e outras ameaças sempre recebem reforços externos. 

A recém-chegada lagarta Helicoverpa armigera já trouxe prejuízos de bilhões à agricultura brasileira! Isso não se resolve apenas com reflexões metafísicas. É preciso agir.

Explicações simplistas de que o desmatamento ou o "desequilíbrio ecológico" levam esses animais a se refugiar em cidades não servem nem como piada. No mundo inteiro existem gestão e manejo ambiental, como abate direcionado de animais e uso preventivo do fogo, por exemplo, até em unidades de conservação. 

No Brasil não se pode fazer manejo e gestão ambiental nem sequer em áreas agrícolas. Capacitar técnicos para o manejo seria indução ao crime. A política resume-se a aplicar redomas legais de proteção sobre territórios e espécies, mesmo se invasoras ou em superpopulação. Não existem ações efetivas de controle dessas populações.

A situação sanitária atual e futura precisa ser objeto de uma atenção mais racional e preventiva. Como enfrentar essa bioadversidade quando qualquer tipo de caça é crime e a posse de armas, mesmo em áreas rurais isoladas, é quase impossível? 

Maior que o desafio de preservar a natureza é o de geri-la e controlar suas populações animais. Enfrentar a bioadversidade exige, além de financiamento, um cabedal de ciência, inovação e competência, algo raro, quase em extinção, no campo ambiental.

*Evaristo E. de Miranda é doutor em ecologia e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).


Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,contra-a--bioadversidade-,1122235,0.ht


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Assim não, “Jornal Nacional”! Ou:...







Reinaldo Azevedo

Vejam isto.
Já me acusaram de ser um defensor incondicional da TV Globo. Deve ser porque me oponho àquilo que os pterodáctilos chamam “controle social da mídia”, que é o outro nome da censura. Outro dia me enviaram um texto de um Zé Mané me acusando de tentar, calculem, levar a Globo para a direita. Quem sou eu?! E que se note: seja para elogiar, seja para criticar, não escrevo imaginando se este ou aquele vão me ler. 

Eu escrevo apenas para dois leitores, plagiando Gil Vicente: um leitor chamado “Ninguém” e outro leitor chamado “Todo Mundo”. Mas volto ao ponto: nem elogio nem critico a Globo por princípio. Quando gosto, aplaudo; quando não gosto, critico. Oponho-me ao controle social da mídia não por causa dos Marinhos. 

Eu me oponho ao controle social da mídia por causa dos Azevedos — uma gente bem mais mixuruca e vira-lata, mas em cujo cérebro também se realizam algumas sinapses. Adiante.

Hoje é crítica. O Jornal Nacional precisa tomar mais cuidado. Vi duas notícias, em sequência, editadas ambas de maneira um tanto perigosa. “Segundo qual critério, Reinaldo Azevedo?” Serve o do Estado de Direito?

Na primeira, um bando de vândalos, de bandidos, de vagabundos — assim os chamo eu, não a Globo —, é flagrado por câmeras depredando, saqueando e assaltando hipermercado e um posto de gasolina e espancando funcionários. O vídeo acima, como está claro, não é o da reportagem do JN.  Na saída, um deles, acreditem!, aciona a bomba de gasolina, derrama combustível no chão e risca um palito de fósforo. Felizmente, não acendeu.

Imaginem quantas vítimas poderia ter feito se tivesse sido bem-sucedido. Ele só tentou porque sabia das consequências. É um monstro! É um canalha! É um assassino em massa em potencial.

Até aí, bem. Não havia sinais de simpatia do JN com os marginais, é claro! Mas aí começa a trilha perigosa. O JN informou: “Segundo a Polícia Militar, os jovens estavam revoltados com a suspensão de um baile que promoviam na rua”.
Bem, aqui vai a minha primeira observação, dirigida ao governo de São Paulo, muito especialmente ao comando da Polícia Militar. 

Quem quer que tenha passado essa suposta informação à reportagem da Globo tem de ser severamente advertido. TRATA-DE SE UMA MENTIRA. GENTE QUE FAZ O QUE SE VÊ NA REPORTAGEM É BANDIDA. Ninguém assalta porque está revoltado. Assalta porque é assaltante. Ninguém tenta explodir um posto de gasolina porque quer fazer baile. Quem age desse modo quer matar pessoas, além de causar um grande dano.

Em seguida, o JN gruda a seguinte informação à notícia:

[“O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse hoje que vai fornecer mais espaços para o lazer dos jovens em São Paulo. Ele quer levar iluminação pública para os 300 clubes de comunidades que funcionariam como praças públicas e que poderiam receber festas à noite, desde que não atrapalhem a vizinhança”.

Como é bacana este Haddad. Além da iluminação, espero que ele dote também os clubes de tratamento acústico. Ou o prefeito imagina um batidão de funk sem… “atrapalhar a vizinhança”? Pois é… Ainda que, de modo explícito, o JN não tenha justificado a ação dos criminosos, na sublinha fica a suspeita de que, NÃO FOSSE A PROIBIÇÃO DO BAILE, TALVEZ ELES NÃO HOUVESSEM ATACADO O POSTO. 

Não dá!

Imaginem, agora, se todos os funkeiros — ou que outro gosto tenham — que forem contrariados resolverem, digamos, reagir… Ao associar a fala de Haddad a uma notícia como essa, o JN, queira ou não, cria uma correlação entre os fatos, e fica parecendo que mandar um posto de gasolina para os ares é uma das consequências possíveis quando se proíbe um baile ou quando não existem as tais “opções de lazer”. Aqueles canalhas precisam é de cadeia, não de lazer.

O segundo caso

Vamos lá. Um grupo de 18 pessoas que se dizem quilombolas invadiu uma fazenda no norte de Minas, entre os municípios de Verdelândia e São João da Ponte. No domingo, outro grupo, este de 11 pessoas encapuzadas, entrou na fazenda, agrediu e expulsou os invasores. Consta que dois deles foram feridos a bala.

É óbvio, é ululante, é claro como a luz de um dia ensolarado que eu não apoio reações dessa natureza. Mas é preciso comentar certos aspectos tortos da reportagem do JN. O grupo que atacou os ditos “quilombolas” foi chamado de “bando” e de “criminosos”‘. Ok. Nada a opor. Era um bando. Eram criminosos. Mas pergunto ao JN: e os invasores eram o quê? Pombas da paz? Destaco um trecho da fala da repórter:

“No sábado, um grupo de quilombolas de comunidades vizinhas entrou na fazenda. Eles dizem que era uma ação para reivindicar a desapropriação da área. Para o Incra, a fazenda está incluída em uma relação de imóveis que pode entrar em processo de reforma agrária”.

Um dos invasores da fazenda, o quilombola branco, tratado pelo JN só como vítima

Ualá! Então vamos ver. Eu adorei o emprego do verbo “entrar”. Observem, então, que os sedizentes quilombolas “entraram” na fazenda, tá? Não foi invasão. Durante os protestos de junho, por exemplo, alguns black blocs e outros dinossauros também queriam “entrar” na Globo do Rio e de São Paulo, entenderam? A segurança foi reforçada. E se eles forçassem a “entrada”? Vai saber… 

Tenho certas ortodoxias: uma delas é achar que propriedade, rural ou urbana — seja uma fazenda ou uma emissora de TV —, não pode ser invadida… Ooops! Corrijo-me: o proprietário deve ter o direito de impedir a “entrada” de quem não foi convidado.

Volto ao texto. A “entrada”, então, segundo os quilombolas era “uma ação para reivindicar a desapropriação da área”. Ah, entendi. Informa mais a repórter:“Para o Incra, a fazenda está incluída em uma relação de imóveis que podem entrar em processo de reforma agrária”. 

Certo! Trata-se de propriedade privada, e o Incra acha que a terra deva servir à reforma agrária. Mas fica claro que não há nem mesmo uma ação de desapropriação em curso, nada!

Vale dizer: um bando resolveu tirar outro bando de uma fazenda. Foi isso o que aconteceu. E o fez da pior maneira. Sim, ações dessa natureza devem ser vivamente desestimuladas e punidas. Mas é preciso que também os invasores arquem com as consequências legais de seus atos, não é mesmo?

Ao fim da reportagem, há o depoimento de um dos “quilombolas” agredidos. O homem é mais branco do que eu antes das três semanas de sol do fim de dezembro e início de janeiro — e olhem que isso não é assim tão fácil, hehe… Tenho certas ortodoxias, que me desculpe a neoantropologia… 

Quilombola, creio, tem de ser negro, não? A ideia não é tomá-los como uma chamada “comunidade tradicional” — hoje em dia, isso costuma ser pura mistificação —, formada por descendentes de negros que foram escravizados? Para que essa “tradicionalidade” (sim, a palavra existe!) se mantenha, entendo, os descendentes de escravos teriam de ter conservado vínculos, tradições etc. Se não é assim, Tio Rei é índio e vai invadir todo o Litoral Norte de São Paulo…

Não! Definitivamente, eu não apoio a ação daqueles que entraram na fazenda para retirar de lá os invasores — e não os “entrantes”. Mas eu também não apoio a invasão e acho que as coisas têm de ser chamadas pelo nome que elas têm.

Sei, sei… Hoje em dia, para não cair na boca de sapo da difamação das redes sociais, a gente tem de ser simpático a invasores de terra, do MST ou quilombolas, ou de compreender que, em certas circunstâncias, certas comunidades acabam reagindo mal à falta de opções de lazer e saem por aí explodindo postos de gasolina. Ainda que reverente a essas canalhices, a imprensa segue sendo alvo da bandidagem ideológica.

Não! Não é a minha praia. Não vou fazer isso. Não condescendo com isso. E, adicionalmente, acho que quilombola tem de ser negro. #pronto falei.

Texto publicado originalmente às 22h42 desta segunda
Por Reinaldo Azevedo


Ainda os incendiários do posto de gasolina, os quilombolas, o “negro subjetivo” e o Jornal Nacional




Canalha tenta riscar um fósforo para explodir o posto, depois de derramar combustível no chão. Felizmente, não conseguiu

Um leitor, que se identifica como Paulo César, aponta o que considera os meus “equívocos” no post em que critico a abordagem que o Jornal Nacional fez de dois assuntos ontem: o arrastão promovido por supostos funkeiros e o caso da invasão, e posterior conflito, de uma fazenda no norte de Minas. O post está aqui

Segundo ele, não há nada de errado na forma como as notícias foram dadas, e minha crítica teria apenas “viés ideológico”. Ele me recomenda ainda que tome cuidado para não ser o “outro extremo do JEG”. JEG, como devem saber quase todos os leitores, é a sigla que criei para definir o “Jornalismo da Esgotosfera Governista”, aquela gente financiada por estatais para exaltar o governo e o PT e atacar as lideranças de oposição e a imprensa independente. Não corro o risco. Escrevo o que penso, não o que pensa uma “legião”. Adiante.

Acho que fui bastante claro no post que escrevi, mas não me incomodo de voltar ao assunto. Noto, de saída, que critiquei, em primeiro lugar, o discurso da PM — não a ação de repressão, deixo claro. 

Ainda que os atos criminosos tenham se seguido à proibição de um baile funk, é preciso que se tome cuidado para que ações daquela natureza não sejam consideradas uma reação possível de descontentes. Evidentemente, não é. Aquilo é banditismo em estado puro. A questão, para mim, toca num dos pontos centrais do combate à violência.

Quem espanca funcionários e clientes de um posto de gasolina, derrama combustível no chão de forma deliberada e tenta explodir o lugar age deliberadamente de forma criminosa. Pobre ou rico, ele é apenas um bandido. Não há condição social que explique isso — a menos que se invista no preconceito habitual de associar a pobreza a delitos. 

Essa, como se sabe, é uma das farsas mais influentes no debate sobre a violência, desmentida de forma peremptória pelos fatos. São tantos os pobres no Brasil que, fosse verdadeira a relação, seria impossível andar nas ruas. A verdade é bem outra: a esmagadora maioria dos pobres tem o senso de moralidade de todos nós: peca aqui e ali, mas, no geral, segue as leis. Algumas psicopatias à parte, o criminoso o é porque quer, não porque foi empurrado para o crime.

E acho, sim, hoje mais do que ontem, que o JN fez muito mal em associar ao caso a promessa do prefeito Fernando Haddad de que vai levar iluminação para os tais clubes comunitários — ou algo assim. Qual é a relação óbvia que se estabelece? 

Com os clubes, não seria preciso fazer o baile funk no meio da rua, a polícia não teria interferido, e aqueles rapazes não teriam praticado aquelas barbaridades. Essa explicação pertence à mesma família moral daquela que sustenta que, não fossem as pesadas penas impostas à Alemanha pelo Tratado de Versalhes, não teria havido nazismo no país. 

Há uma diferença entre explicitar circunstâncias e estabelecer relações de causa e efeito que, no fim das contas, acabam responsabilizando as vítimas pela ações dos criminosos e facínoras.

Se cada crime cometido por pobres — frequentemente contra outros pobres, que não despertam a compaixão nem excitam a compreensão dos politicamente corretos — merecer um rabicho explicativo de sociologismo barato (falta de “opções de lazer”, por exemplo), estará criada a justificativa para a violência. 

Mas será preciso, por coerência intelectual, atuar também na outra ponta: o criminoso do colarinho branco terá igualmente de ser visto como alguém, sei lá, “vítima da sua classe”, certo? Ou a riqueza, a seu modo, também não tolhe a liberdade de escolha? Sigamos.

A invasão da fazenda

Paulo César me acusa ainda de tentar negar o que considera um fato “óbvio”, assim definido por ele: “a violência promovida pelos proprietários rurais”. E pergunta, em tom de desafio: “Você não reconhece?”. Não! Eu não reconheço! Não, ao menos, como ação deliberada de um grupo social ou de uma área da economia. 

Ao contrário: eu reconheço, isto sim, é que o setor agropecuário brasileiro há muitos anos tem livrado o país do buraco. Há bandidos entre os proprietários de terra? Há sim! Mas também os há na indústria, no comércio, nos serviços, na imprensa…

Estou igualmente mais convencido do que ontem dos equívocos da reportagem do Jornal Nacional. Em nenhum momento ficou claro que a invasão da fazenda, promovida por supostos quilombolas, era um ato ilegal. Nota: a violência com que foram retirados não se justifica; nem eu a justifiquei; escrevi isso Na verdade, a palavra “invasão” nem foi pronunciada pela reportagem ou pela locução do JN. 

Falou-se, candidamente, que eles “entraram” na propriedade. De modo oblíquo, informa-se que o Incra inclui a terra entre aquelas que poderão ser passíveis, um dia, quem sabe?, de reforma agrária. Fica clara a sugestão de que a invasão — ooops, “a entrada” — era justificada.

Eu reconheço, sim, que existe uma indústria da invasão de terras no país. Eu reconheço, sim, que existe uma escandalosa manipulação do conceito de “comunidades tradicionais”, seja para definir índios, seja para definir quilombolas. Paulo César aponta a minha “ignorância” por estranhar o que o dito “quilombola” entrevistado seja… branco! Segundo ele, cor de pele não é critério para definir quem pertence e quem não pertence a essa comunidade.

Ah, entendi: cor de pele serve para conquistar vaga na universidade pelo regime de cotas e, em breve, uma vaga no serviço público. Na hora da “quilombonlice”, aí não. Aí, parece, o que conta é o negro que cada um tem dentro de si, o negro subjetivo. Diz ele que aquele rapaz pode ser um descendente. 

Claro que pode! Mas é evidente que ele é fruto do cruzamento de cores de pele, de culturas, de correntes migratórias, sei lá eu. Ele é, em suma, uma brasileiro como a larga maioria de nós: está todo misturado. Seja para definir reservas indígenas, seja para definir áreas de quilombolas, não dá para fazer de conta que a história brasileira não existiu. Mas que se note: esse é o aspecto menos importante da minha restrição.

Inaceitável mesmo é que uma invasão não seja tratada como tal e que se condene apenas um dos atos criminosos. O simples silêncio sobre a primeira transgressão legal já comprometeria a isenção da reportagem. Mas há mais do que silêncio: a história é contada segundo um ponto de vista: o dos invasores — tratados como simples “entrantes”.

Lamento! Está tudo errado, e minhas observações, de resto, são técnicas. Não têm nada a ver com ideologia, se sou de direita ou de esquerda, comunista ou liberal. O país tem uma ordem jurídica, democraticamente instituída, e seus fundamentos têm de ser respeitados. Abordagem ideológica — no sentido de que se apela a um conjunto de valores abstratos para alterar e corrigir os fatos — foi a empregada pelo Jornal Nacional.

PS: No vídeo que publiquei, do SPTV, falta o momento em que um dos bandidos tenta riscar um fósforo para explodir o posto. Por que no do JN aparece aquele instante e não no outro? Não sei. 

Por Reinaldo Azevedo