Agronegócio vai
de vento em popa,
mas o barco está sem lanterna!
Desejoso
por fazer uma “radiografia” do agronegócio referente às safras de 2015 e de
2016, aguardava apenas que amainasse a tempestade política que abatia sobre o
país. Afinal, os senadores se concentraram em Brasília nesta noite de 11 para
12 de maio e votaram pela admissibilidade de impedimento da Presidente.
Na
medida em que os parlamentares cumpriam a agenda ao discursarem por 15 minutos,
fui construindo um quadro que afinal se delineou como um velório. Explico-me. O
trauma provocado pela crise político-institucional, os discursos destemperados
dos senadores petistas e quejandos davam, com efeito, a sensação de um
“guardamento”.
Mais
trágico que velar um defunto era estar numa espécie de “guardamento” de uma
nação inteira que se encontrava estertorando numa UTI. Álvaro Dias, por
exemplo, informou em seu discurso que a Universidade de Oxford emitira uma
análise sobre a situação econômica do país: em menos de 10 anos o Brasil não
voltaria aos patamares de normalidade econômica.
Conforme
escrevi no ‘balanço da safrinha’ há seis meses, Plinio Corrêa de Oliveira fora
bem menos otimista que os pesquisadores de Oxford quando afirmou a seu tempo
que seriam necessários 50 anos para se conseguir recolocar o país sobre os
trilhos do ponto de vista psicossocial, caso o PT chegasse ao poder. Talvez, isto
sim, do ponto de vista econômico consigamos voltar a bons patamares em 10 anos.
Lembrei-me
do alerta do grande tribuno romano Cícero – portanto, há mais de dois mil anos
– aos seus coetâneos para a iminente decadência do Império caso não fossem
seguidas as suas recomendações:
“O orçamento deve ser equilibrado, o tesouro
público deve ser reposto, a dívida pública deve ser reduzida, a arrogância dos
funcionários públicos deve ser controlada e moderada e a ajuda aos outros
países deve ser eliminada, para que Roma não vá a falência. As pessoas devem
novamente aprender a trabalhar, em vez de viver à custa do Estado”.
Advertência
tão atual poderia ter sido relembrada esta noite por alguns de nossos
senadores, mas afinal todos estamos fartos de saber disso. Contudo, é
necessário que fique consignada nas páginas da história a tragédia econômica e
social que se abateu no Brasil:
1-
Os
desempregados já ultrapassam a casa de 11 milhões de pessoas.
2-
A
dívida externa que os presidentes Fernando Collor de Melo e Itamar Franco
passaram para Fernando Henrique Cardoso equivalia a R$ 60 bilhões de reais.
Este por sua vez passou para Lula o equivalente a R$ 600 bilhões, e,
atualmente, a dívida interna já monta a R$ 3 trilhões e meio! E as estimativas
dos economistas eram – caso Dilma continuasse até o final de seu mandato – de
que a dívida chegasse de salto em salto bem perto dos R$ 6 trilhões...
3-
Mais
de 700 bilhões de dólares é a dívida somada das empresas estatais e privadas no
exterior.
4-
Os
dados do IBGE que acabaram de ser divulgados apontam que a população brasileira
tem uma dívida aproximada de R$ 2 trilhões e R$ 400 milhões. São 60 milhões de
brasileiros endividados, com a média de R$ 4 mil reais per capita, sendo que 16% desse total se referem aos atrasos nas
contas de eletricidade que conheceu aumento exorbitante.
5-
A
Petrobrás, uma das maiores empresas do mundo, que em 2006 tinha um valor de
mercado de cerca de R$ 800 bilhões, hoje não chega a valer R$ 200 bilhões.
6-
A
mesma Petrobrás que no primeiro trimestre de 2013 apresentava dívida de 200
bilhões de reais, em maio de 2016 já ultrapassava os 500 bilhões.
Na
verdade, vários senadores lembraram as “caixas pretas” que estão por ser
abertas na administração federal, porque ainda não se sabe o total do rombo,
por exemplo do BNDES, da Caixa Econômica, da Previdência Social, da Eletrobrás,
etc.
Tudo
isso foi fruto de uma política socialocomunista em que o estado todo poderoso
faz e desfaz, manda e desmanda em detrimento do cidadão: rico, pobre ou
miserável são espoliados com juros e impostos extorsivos.
***
O
agronegócio por sua vez vem desempenhando o seu papel histórico não apenas
mantendo, mas superando os seus próprios recordes:
1-
A
produção de grãos em 2015 ultrapassou a barreira de 200 milhões de toneladas e,
neste ano, se o clima correr bem, ultrapassará 210 milhões.
2-
Manteve
e até aumentou um pouco o nível de empregos com mais de 30 milhões de
trabalhadores.
3-
Alimentamos
nossos 210 milhões de habitantes com comida saudável, farta, com preço relativamente
baixo, apesar da inflação galopante.
4-
No
total, já são 1 bilhão e 200 mil pessoas em mais de 180 países que são
alimentados pelo Brasil.
5-
As
exportações de 2015 foram U$$ de 88,22 bilhões, gerando um superávit de 75
bilhões.
6-
Nos
últimos 10 anos, o acumulado do superávit das exportações gerou mais de 500
bilhões de dólares, e é por isso que as nossas reservas estão em 370 bilhões de
dólares.
Pelas
amostragens das grandes feiras agropecuárias que vimos presenciando, o
agronegócio aponta boas perspectivas para 2016. Senão vejamos:
1-
Show
Rural de Cascavel (PR): diminuiu um
pouco neste ano por razões pontuais, como a ausência das fábricas dos tratores
na exposição.
2-
Show
Rural de Não-Me-Toque (RS): superou o
do ano passado, mais foi um pouco menor do que em 2014.
3-
Expo
Londrina (PR): foi melhor do que o
ano passado e pouco inferior à de 2014.
4-
Agrishow
de Ribeirão Preto (SP): foi
consideravelmente melhor do que o de 2015, com recuperação lenta, mas firme do
setor canavieiro.
5-
Expozebu
de Uberaba (MG): O setor pecuário foi
o menos atingido. Embora a demanda interna tenha diminuído em razão da redução
do poder aquisitivo, as exportações continuaram aumentando. O total do rebanho
está em torno de 220 milhões de cabeças (quase uma vez e meia o rebanho dos
Estados Unidos).
6-
Portanto, da parte do agronegócio o dever foi
cumprido, mas da parte do governo... afinal, havia governo?
***
Os
pedágios vêm permitindo a boa manutenção das estradas, mas estão demasiadamente
caros para os que deles se utilizam. Os grandes gargalos nas malhas viárias que
não contam com pedágios encontram-se em péssimas condições. Os preços do diesel
e da gasolina batem recordes no mundo e a carga tributária é abusiva. Tudo isso
somado resulta no “custo Brasil” que encarece sobremaneira os nossos produtos
aqui e no exterior.
A
situação chegou a este estado crítico pelo fato de não terem sido respeitados
os princípios básicos da boa ordem social, como a propriedade privada, a livre
iniciativa, a subsidiariedade. Tão-só com a demagógica Reforma Agrária foram
gastos bilhões de reais para que dela vicejassem apenas os frutos amargos da
miséria e desolação.
De
acordo com o último relatório do Tribunal de Contas da União, dos mais de 1
milhão e 500 mil assentados nos projetos de Reforma Agrária, 580 mil são de
ocupantes irregulares, com mais de 30 mil mortos que continuam ‘posseiros’ dos
lotes administrados pelo INCRA. Empresários milionários com helicópteros,
iates, lanchas luxuosas e carros de altíssimo valor estão entre esses
‘favorecidos’.
***
Uma
política caótica em relação aos indígenas vem promovendo verdadeira guerra de
raças. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, instigados pelo CIMI e pela FUNAI,
já são cerca de cem fazendas invadidas.
O
mesmo se dá com os ditos quilombolas – não temos nada contra a proteção dos
afrodescendentes e dos nossos silvícolas, mas o que questionamos é a revolução
social fomentada pelo PT, em nome deles.
Um
governo promovido pela Teologia da Libertação que tentou ressuscitar o velho
esqueleto marxista à custa da carne dos pobres e miseráveis iludidos por suas
propostas fantasiosas.
***
Qual
é o recado para o presidente interino Michel Temer? Que ele não faça o “dilmismo”, sem Dilma,
como disse à época – sobre alguns esquerdistas infiltrados no regime militar –
o arguto Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sobre o “janguismo” sem Jango.
E
também não ocorra o que diz a modinha cantada por violeiros do Paraná: “Lá vêm novas eleições, (novo presidente) /
Aumenta nosso receio / Só muda de surrador... / Mas surra com o mesmo reio”
(relho).
O
barco estava sem rumo, faltava combustível na lanterna. Portanto, não há que
reinventar a roda, pois basta repor o querosene e acendê-la novamente e
continuar a singrar as águas até o porto seguro.
Um
inconveniente já foi notado e registrado pelos empreendedores do agronegócio no
governo Temer, ou seja, o fato de ele ter levado uma “cascavel para debaixo do
cobertor”, isto é, o Sarneyzinho, que talvez por ter a mesma genética,
participa da infalibilidade do pai... Quem ouviu palestras ou leu documentos do
ministro Sarneyzinho sabe que ele é um sectário-ambientalista, radical e
contrário ao agronegócio.
Façamos
votos para que o Governo ouça a voz das ruas e, sobretudo, ouça a voz de Deus e
de nossa padroeira a Virgem de Aparecida.