Raramente encontramos exemplo tão cristalino de que certa parte da esquerda brasileira prima pela má-fé intelectual. Veja esta pérola em dois recortes de jornal.
Se não aparecesse um especialista verdadeiro que tomou conhecimento da mentira deslavada, a versão esquerdista já seria realidade.
Não perca a paciência de ler, é muito elucidativo:
Se não aparecesse um especialista verdadeiro que tomou conhecimento da mentira deslavada, a versão esquerdista já seria realidade.
Não perca a paciência de ler, é muito elucidativo:
I) Má fé: “Roraima é brasileira graças a índios”
Em entrevista à TV Estadão, a advogada comentou que a decisão do STF de suspender a operação da PF não indica futura posição favorável aos arrozeiros. Ela entende que foi uma “decisão cautelosa”, com objetivo de “dar tempo para que o governo tome as medidas necessárias e negocie com o governo estadual para que se restabeleça a ordem e a lei em Roraima”.
“Roraima, na verdade, é brasileira por causa dos índios”, registra Ana Valéria, remontando ao período em que a Inglaterra reivindicou parte do território de Roraima para a Guiana, sua colônia, por volta de 1904. O impasse, mediado pela Itália, foi resolvido graças ao então advogado da causa brasileira, Joaquim Nabuco, que citou a presença dos índios como argumento favorável ao País. “O que mais pesou foi a conversa com os índios, que atestaram que queriam ser e se consideravam brasileiros.”
A especialista no tema rejeita a tese de que destinar os 1,7 milhão de hectares aos índios possa se tornar um problema de defesa nacional, como sugeriu o comandante do Exército na Amazônia, general Augusto Heleno Ribeiro Pereira. Para ela, o que há é uma “campanha e uma resistência muito grande por setores militares e de antiindígenas”.
Fonte: O Estado de S. Paulo, domingo, 13 de abril de 2008.
II) A História é outra (Resposta de José Theodoro M. Menck, Brasília):
Li, com surpresa, a matéria Roraima é brasileira graças a índios (13/4, A12), com a posição da “advogada especialista em direito sócio-ambiental Ana Valéria Araújo”.
Não quero entrar em questões referentes à advocacia, muito menos às “socio-ambientais” (seja lá o que isso quer dizer), mas não me posso omitir quanto ao absurdo histórico por trás das observações da colega — também sou advogado, mas não “especialista”, e sim doutor em História das Relações Internacionais, cuja tese de doutorado foi a questão da fronteira do Brasil com a então Guiana Inglesa (justamente onde se situa a reserva Raposa Serra do Sol).
No texto ela diz que “Roraima, na verdade, é brasileira por causa dos índios” e, mais avante, após invocar a causa defendida por Joaquim Nabuco junto ao rei da Itália em 1904: “O que mais pesou foi a conversa com os índios, que atestaram que queriam ser e se consideravam brasileiros.”
Com as vênias de estilo, devo dizer que tais declarações somente podem vir de quem nunca leu os 18 volumes que formam as três Memórias Brasileiras escritas e entregues por Joaquim Nabuco ao rei Vitório Emanuel III nos primeiros anos do século 20. Antes de tudo, deve ser dito que o Brasil perdeu a demanda, ao contrário do que deixa entender a dra. Ana Valéria.
Depois, o depoimento dos índios foi entregue pela Inglaterra, com todos eles se declarando ingleses — o território contestado havia sido “neutralizado” militarmente na primeira metade do século 19, mas a Inglaterra possuía grande presença civil na área, e quando, depois de mais de 60 anos, a questão veio a ser julgada, os ingleses conseguiram declarações dos caciques macuxis (os índios da terra) se declarando súditos da Inglaterra.
Em verdade, Roraima é hoje brasileira graças a centenas de desbravadores lusitanos que adentraram aqueles inóspitos rios ao longo dos séculos 17, 18 e 19, cujos nomes foram ciosamente registrados pela burocracia portuguesa e resgatados por Joaquim Nabuco em suas Memórias Brasileiras.
Em suma, estudando os documentos, vê-se claramente que Roraima é brasileira não obstante os índios, cujos pontos de vista não foram sequer considerados no laudo arbitral do rei da Itália, que dividiu a área, dando dois terços à Inglaterra e um terço ao Brasil (uma franca derrota para o País de que Joaquim Nabuco nunca se recuperou, pois nunca mais voltou a residir no Brasil). A autora perverteu a História.
Fonte: O Estado de S. Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2008.
Essa advogada "especialista em direito socioambiental" deveria guardar a viola no saco e parar de falar besteira.
ResponderExcluirParabéns pela matéria.