quinta-feira, 30 de abril de 2009

Raposa/Serra do Sol: epílogo ou epitáfio?

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Pobre Brasil!
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Confesso ser duramente constrangedor escrever o epílogo, ou melhor, o epitáfio, da outrora Raposa/Serra do Sol.
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Credito o meu mal-estar ao sangue que corre em minhas veias, pois ele não é outro senão o brasileiro, mistura do português, do índio e do negro. E de longa data.
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O desassossego não é apenas psicológico, espiritual e moral, mas chega a ser até físico, ao registrar acontecimento tão insano que marcará com nódoa indelével a nossa História.
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Insensatez que já me tirou sono, apetite, e, por vezes, quase me 'tira do sério', como se costuma dizer informalmente. Acordo à noite, sinto apertura no estômago quando leio, penso e escrevo sobre a matéria.
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Sem nenhum interesse particular senão o de servir o Brasil, fui conhecer in loco a Raposa/Serra do Sol. Sim, com os olhos que um dia a terra há de comer. Fui ver e fazer um juízo do que realmente ocorria lá. Tal viagem se deu em meados do ano passado.
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Uma vez visto e formado juízo, passei a ação. Escrevi, juntamente com o jornalista Nelson Ramos Barretto, um livro colocando os pingos nos 'ii' na questão da propalada reserva Raposa/Serra do Sol. (Cf. Tribalismo Indígena", Artpress, São Paulo, 2008).
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Contudo, venceu o desatino! Venceu a ideologia espúria e cega! E quem perdeu? -- Perdeu a lógica. Perdeu a razão. Perdeu o bom senso! Perderam os brasileiros, inclusive os índios. Perdeu o Brasil! Com efeito, nosso País acaba de dar um enorme passo no sentido contrário ao de sua grande vocação histórica!
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Mas, a História, ela mesma, é implacável e registrará para sempre a hora, o dia, o mês, o ano e o século do acontecimento. Registrará igualmente o nome dos protagonistas favoráveis e contrários ao desatino cometido.
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Sobretudo, Deus registrará e, em tempo oportuno, dará o seu veredicto acompanhado da pena devida a este enorme pecado contra a Sabedoria.
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Santo Agostinho afirma que não podendo as nações ser recompensadas nem castigadas na outra vida, recebem elas neste mundo o prêmio de suas boas ações e a punição de seus crimes. Pobre Brasil!
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Desculpem, leitores, o desabafo feito ao correr das teclas. Era meu desejo apenas postar hoje, às 23,59 horas, um mapa do Brasil tarjado de luto. Talvez o símbolo pudesse expressar mais que palavras, ainda que eloqüentes.
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Afinal, que vocábulo poderia encerrar acontecimento mais espúrio, mais poltrão e mais desavergonhado? Veja e julgue o que governador de Roraima, José de Anchieta Júnior [foto], acaba de afirmar:
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A Raposa/Serra do Sol [agora grafada em vermelho] vai se transformar em um "zoológico humano".
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Para ele, os índios não terão a menor condição de sobrevivência sem contato com o branco. Eles passarão a ser tratados não como homens, mas como animais.
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Anchieta Júnior afirma não haver resistência por parte das pessoas que deverão deixar o local - o prazo se esgota hoje - e sim falta de condições logísticas para isso:
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"São pessoas que estão lá há quatro gerações e não têm para onde ir, nem como se locomover", argumentou o governador.
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Segundo Anchieta Jr., "cerca de 1 milhão de sacas de arroz vão se perder sem ser colhidas em função da retirada dos arrozeiros da área".
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O que ocorrer de agora em diante dentro da reserva, como disputas entre índios de diferentes etnias, inclusive pelo Lago Caracaranã, o governador lembrou que a responsabilidade será do governo federal.
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Pobres índios! Pobre Brasil!
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