segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O homem do campo (III)

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À sombra das foices
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Pe. David Francisquini

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Em artigos anteriores tive a oportunidade de escrever sobre meus agradáveis e proveitosos contactos com o homem do campo de nossa região. Ele faz parte do Brasil profundo, do Brasil brasileiro. Todo o panorama que o envolve – como já tive ocasião de ressaltar – serve de lição para o reino dos céus: a semente lançada na terra, os pássaros, os lírios dos campos, a serpente...
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Pode-se dizer que o trabalhador rural tem hoje muitos de seus direitos assegurados por lei, mas não é menos verdadeiro que lhe foi retirado um direito fundamental, qual seja o de se enriquecer na terra. Isso porque o governo acabou com a instituição do meeiro, do parceiro, cerceando assim a possibilidade do camponês construir um patrimônio.
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Grosso modo, pode-se afirmar que o êxodo rural começou no momento em que as lantejoulas dos empregos na indústria se acenderam nos grandes centros urbanos, erradicando os camponeses da terra onde nasceram e trasladando-os para a vida urbana – aliás, muito pouco urbanizada nas periferias onde eles iam morar. Conseqüência gritante dessa ruptura foi a desintegração de suas famílias.
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Contudo, a legenda do camponês enquanto empreendedor, honesto, independente e com senhorio encontra-se tão presente na mentalidade de nosso povo, que os homens da cidade, sejam profissionais liberais, comerciantes, industriais ou políticos sentem que lhes ficaria faltando algo na personalidade se não possuíssem um pedaço de terra.
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Foi o que pude observar no meu mais recente giro pelos campos. Médicos, advogados, funcionários públicos sempre procuram ter sua terra, onde criam gado e plantam cereais ou frutas. Foi assim que cheguei a entender o tamanho do ódio que certos revolucionários socialo-comunistas e ecologistas têm de nossa estrutura agrária.
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Tais revolucionários compreendem perfeitamente o que resta de ordem natural e da civilização cristã de outrora em nosso interior e, por isso mesmo, querem erradicar tais restos de nosso meio rural. Eles o fazem através da propalada Reforma Agrária e dos movimentos ditos sociais como o MST, que agem não mais à sombra de cruzes ostentadas ad hoc por “padres de passeata e freiras de mini-saia”, mas da foice e do martelo.
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Não são mais as lantejoulas da indústria nos grandes centros que acenam para os homens do campo, mas a demagogia que mentirosamente os convida a se tornarem proprietários rurais mercê da distribuição de terras pelo Estado.
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Na verdade, eles nunca receberão o título de propriedade como jamais passarão de meros posseiros do INCRA, sem qualquer estabilidade e condição de progresso. Tais lantejoulas não passam de isca lançada pelas esquerdas aos incautos, numa tentativa de cooptá-los para a revolução social que os conduzirá ao ódio a Deus e à sua santa religião.


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