Questão do
etanol
Helio Brambilla
Quanto ao problema do
álcool combustível, não se consegue entendê-lo a não ser por suas motivações
ideológicas.
Com sua verve baiana, Bautista Vidal, grande físico e um dos pais
do álcool-combustível, afirma que os problemas do combustível se dão porque “a cabeça dos dirigentes da Petrobras não é
flex”.
Ou seja, a Petrobras monopoliza o petróleo e seus dirigentes não
aceitam o combustível alternativo devido a certa dose de rancor pelo caráter
privatista da produção de álcool...
Em nossos balanços de
safra de 2009 e de 2010, advertimos que a situação ficaria calamitosa para
estocagem de álcool na entressafra devido à falta de “políticas governamentais”,
de construção de novas Usinas, bem como de renovação dos canaviais.
Anos a fio, os produtores
de cana e de seus derivados vinham recebendo uma compensação irrisória, o que ipso facto inibia a expansão da
produção.
Segundo especialistas, para fazer face ao aumento do consumo com os
carros chamados “flex”, teríamos de inaugurar anualmente pelo menos 15 novas
usinas.
Em vez de incentivos, os
produtores tiveram arrochos de toda ordem: fiscal, ambiental, trabalhista,
entre outros.
Resultado: apenas três ou quatro inaugurações nos últimos anos.
Problemas climáticos nas duas últimas safras inibiram o crescimento integral
dos canaviais, o que aliado à falta de replantio, levou o País à vergonha em
2011: a importação de combustível no valor de 10 bilhões de dólares – ou seja,
30% do saldo de nossa balança comercial – foram para o ralo.
Além disto, o combustível
caro concorreu para a alta nos preços, que acarretou por sua vez aumento da
inflação.
Na tentativa de remediar a situação, o governo concedeu um crédito
adicional de R$ 4 bilhões para o replantio de canaviais, quando especialistas
afirmavam serem necessários pelo menos R$ 40 bilhões.
Pari
passu, a sanha estatizante da Petrobras se mostrava cada vez mais
escancarada.
Sob pretexto de minorar a situação – e esperando produzir entre
cinco e seis bilhões de litros até 2015 –, ela adquiriu da iniciativa privada
Usinas de Produção.
Ou seja, a mesma Petrobras que por três anos consecutivos
não atinge sequer sua meta de produção;
a mesma Petrobras que com fins
eleitoreiros há dois anos inaugurou dois megas petroleiros os quais ainda não
deixaram os estaleiros;
a mesma Petrobras que perdeu 78 bilhões de reais com a
desvalorização de suas ações, essa mesma Petrobrás,
em vez de fazer sua
lição de casa, passa a dilatar seus tentáculos estatizantes!
Os jornais desta semana
estão abarrotados com a notícia da troca de comando da Petrobras, decorrente do
descontentamento da presidente Dilma com a gestão de Grabrieli.
Uma vez que
perguntar não ofende, por que a presidente – que fazia parte do Conselho de
Administração da empresa e recebia para isso um bom salário – não viu antes os
desmandos do diretor Gabrieli?
O Brasil, até há pouco tempo
líder mundial na produção de etanol – aliás, muito mais barato e viável que em
qualquer outro país do mundo, inclusive o produzido com milho nos EUA –, na
última safra só produziu 27 bilhões de litros, enquanto os americanos
produziram 50 bilhões.
De exportadores passamos à condição de importadores!
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