O
governo da retranca
Com superávit comercial de US$ 77,5 bilhões
no ano passado, o agronegócio, execrado por uma boa parte do governo federal,
continuou sendo o principal fator de segurança do setor externo.
Até o começo dos anos 90, quando começou a
abertura do mercado nacional, o protecionismo havia completado o disfarce,
impondo ao consumidor produtos caros e bem abaixo do padrão internacional.
A mudança mais notável vinha ocorrendo no setor agropecuário, graças à adoção de novas
tecnologias, a políticas agrícolas eficazes e, finalmente, ao abandono dos
velhos controles de preços.
Velhas crises de abastecimento deixaram de
ocorrer e o peso da alimentação no custo de vida diminuiu sensivelmente.
Várias vezes, desde os anos 90, os
institutos de pesquisa de preços refizeram a estrutura de seus índices e
mudaram a ponderação do custo dos alimentos.
As exportações cresceram velozmente a partir
da reforma cambial de 1999, mas a participação brasileira no comércio mundial
continuou modesta.
Passou de 1,2% em 2001 para 1,6% em 2o1o e
continuou por aí no ano passado.
Mas a participação das exportações agrícolas
no total mundial deu um salto, no mesmo período, de 4,7% para 7,3%. Entre 1997
e 2010, as cotações aumentaram 23%, enquanto o volume cresceu 200%.
Com inúmeras desvantagens, o agronegócio
brasileiro tem sido capaz, no entanto, de se manter competitivo e de atemorizar
os concorrentes, a ponto de se tornar alvo de campanhas protecionistas na
Europa.
De onde vem a competitividade do agronegócio
brasileiro? Os formuladores da política deveriam pensar seriamente no assunto.
Se o fizessem, talvez confiassem menos em
fórmulas velhas e comprovadamente limitadas, como o controle cambial e o
protecionismo.
Fonte: 14/3/12 ROLF KUNTZ, JORNALISTA , ROLF KUNTZ, JORNALISTA - O Estado de S.Paulo
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