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Rio+20: reunião plenária do ecoburocratismo trabalhou a anos-luz do que os homens pensam. Uma reunião obscura para a sociedade. Foto Fabio Rodrigues Pozzebon-ABR |
Na revista Época, Guilherme Fiuza, jornalista e autor de vários livros, teceu inteligentes comentários sobre um aspecto muito mencionado mas do qual pouco temos tratado neste blog. É o lado interesseiro dos “ecoburocratas” beneficiados lautamente nas grandes encenações ambientalistas mundiais. Estavam também eles na Rio+20. Mas não apenas os funcionários dos governos. Também os militantes das ONGs, crônicos “representantes da sociedade civil” que tão pouco e tão mal a representam, mas que não perdem uma. Quem paga tudo isso? É de sublinhar que esse espírito interesseiro não é obstáculo à “governança” (ou ditadura) mundial verde que está se excogitando. Funcionários venais são indispensáveis nos períodos iniciais das grandes revoluções. Depois, hão de vir as “purgas” sobre esses “companheiros de viagem” da primeira hora ... como, aliás, já se viu em outras tentativas utópicas de mudar radicalmente os seres humanos e a Terra onde vivem.
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Guilherme Fiuza, jornalista e autor de vários livros |
Rio+20=0
Às vésperas da conferência Rio-92, 20 anos atrás, o secretário-geral da Cúpula da Terra, Maurice Strong, sentenciou: “Esta é a nossa última chance de salvar o planeta.”
Agora, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, avisa que a Rio + 20 é a “única oportunidade” de garantir um futuro sustentável.
Do jeito que as coisas vão, a Rio + 40 será a última oportunidade de salvar o mundo dos ecoburocratas, que estão cada vez mais contagiosos e letais.
Os negociadores dos mais de 130 países representados na conferência estão preocupados. Vários deles já disseram que a grande questão a ser decidida na Rio + 20 é quem vai financiar o desenvolvimento sustentável, com quanto dinheiro. E que não há acordo à vista sobre isso.
Talvez seja necessário responder a outra questão antes dessa: quem vai nos salvar dessas festas ecológicas milionárias que não decidem nada? Quem vai dar um basta nesses banquetes insustentáveis que discutem sustentabilidade?
Ninguém segura a patrulha da bondade e seu alegre circo do apocalipse.
No picadeiro da salvação sempre cabe mais um. É aquelaoportunidade valiosa para os ativistas de si mesmos descolarem mais um flash por um mundo melhor.
O oportunismo é verde.
Cientistas políticos gritam que o tempo está se esgotando, artistas buscam sofregamente algum bordão conceitual,mesmo que se atrapalhem um pouquinho – como na célebre frase de uma cantora de MPB em momento ético: “O problema do Brasil é a falta de impunidade”.
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"A terra tem recursos limitados!" "Nós também" responde a miserabilizada Europa. "A farra estatal é boa, mas um dia a conta chega", comenta Guilherme Fiuza. Charge do International Herald Tribune |
Enquanto a feira de lugares-comuns e o show de auto-ajuda planetária evoluem na avenida, o mundo piora. A crise nascida na Europa veio mostrar que a farra estatal é boa, mas um dia a conta chega.
Com a licença dos ecologistas: pode ser a última chance de se descobrir que não é o Estado que sustenta a sociedade, mas o contrário. E que não existe Estado forte com sociedade fraca.
Pois é nesse momento de alerta contra os governos perdulários que se monta o colossal almoço grátis da Rio + 20. Um banquete para discutir o desperdício. Haja sustentabilidade.
O que quer a faminta burocracia verde, com seus sábiosfashion de bolinha vermelha na testa e seus relatórios sobre o fim do mundo?
Quer a Bolsa Ecologia.
Quer mais dinheiro do contribuinte para mais relatórios, mais comissões, mais mesadas para ONGs, mais conferências coloridas e animadas.
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Rio+20: marcha contra Código Florestal Bolsa ecologia já! Foto Marcello Casal Jr-ABR |
Enquanto isso, a vida real vai muito bem, obrigado, para monstros como a usina hidrelétrica de Belo Monte – uma estupidez ecológica, uma aberração econômica e um monumento ao desperdício estatal.
O custo cada vez mais insustentável da energia nuclear também não é problema para os abastados anfitriões da Rio + 20, como indica a construção de Angra 3 – cujo lixo radioativo tem garantia até a Rio + 2020.
Passaporte para o futuro é isso aí.
Duas décadas de sustentabilidade conceitual não chatearam os vilões reais. Na Rio-92 foram assinadas as Convenções de Biodiversidade e do Clima. A primeira instituiu o direito das populações tradicionais sobre o patrimônio genético de suas terras.
Enquanto a biotecnologia progride, os povos da maior floresta tropical da Terra continuam a ver navios no Rio Amazonas.
Os royalties que conhecem de fato são os do contrabando de madeira – porque infelizmente não podem se alimentar de convenções.
Já a Convenção do Clima gerou o que se sabe: uma sucessão de protocolos sobre redução das emissões de gás carbônico. Cada um é mais severo que o anterior, devidamente descumprido.
Com novos prazos de carência, as metas vão ficando mais ambiciosas, numa espécie de pacto com o nunca.
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Rio+20: Marcha da Maconha na "Cúpula dos Povos". Depois 'a culpa é do capitalismo' e o cidadão ordeiro será penalizado com mais impostos Foto Fabio Rodrigues Pozzebon-ABR |
E aí está a patrulha da bondade em mais uma conferência planetária, reunindo os melhores especialistas internacionais em sustentabilidade e sexo dos anjos.
Eles vão dizer que o mundo vai acabar e a culpa é sua.
Vão mandar você deixar seu carro na garagem e tomar banho rápido.
Não vão falar em controle populacional, porque isso é de direita.
Eles são progressistas, sociais, amam cada um dos 7 bilhões de habitantes da Terra, que serão 10 bilhões até o fim deste século, todos muito bem-vindos.
O problema, claro, é do capitalismo individualista, cheio de egoístas que demoram no banho.
Serão precisos muitos banquetes ecológicos para mudar essa mentalidade.
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