As contradições da imprensa ao apoiar o tratoraço do governo
Caros, esse debate do Código Florestal é muito divertido. Há cada coisa bizarra nele que faria qualquer um perder os cabelos. Vejam por exemplo essa manchete publicada ontem na Folha de São Paulo: Governo quer mudar lei florestal sem Congresso.
De acordo com a reportagem, alguns setores do Executivo estudam complementar o Código Florestal com normas que não precisem passar pelo Congresso. Ainda segundo o jornal, aqueles pontos que foram alterados pelo Legislativo e com os quais o Executivo não concorda seriam vetados e complementados com as tais normas "que não precisem passar pelo Congresso". E o jornal não para por aí. Continua contanto a história de como o poder Legislativo cometeu o desplante de alterar um proposição enviada pelo Executivo.
Segundo a Folha, a ideia do governo é evitar novas derrotas, e por isso a complementação pode ocorrer por meio de decretos, portarias e instruções normativas, que não passam pelo crivo dos congressistas.
Um grupo de trabalho deverá discutir a melhor forma para preencher os buracos criadas pelos vetos à MP. As soluções encontradas deverão ser anunciadas 15 dias depois de a MP chegar ao Planalto, quando devem ser apresentados os vetos.
O leitor habitual do blog dirá: mas a Folha é completamente parcial e contrária ao Agro. É verdade. Já mostrei aqui várias outras reportagens, textos e editoriais, onde a Folha defende abertamente a posição das ONGs ambientalistas (1, 2, 3..etc.). Mas o flerte da grande mídia com o fechamento branco do Congresso não é uma particularidade da Folha. Vejam por exemplo essa reportagem do Jornal das Dez, da Globo News: (vejam até o final e atentem para os comentário do jornalista Geroson Camarotti e da âncora do jornal) http://globotv.globo. com/globo-news/jornal-das-dez/ v/sarney-convoca-sessoes-para- votar-mp-do-codigo-florestal/ 2148014/.
Fosse nosso jornalismo um pouco mais competente, correria em denunciar o caráter autoritário da atitude do Executivo de tentar Legislar à margem do Legislativo. Isso é um golpe branco. Se o governo tentasse fazer isso com a lei de imprensa, por exemplo, os jornalista enxergariam rápido o disparate. Mas contra os ruralistas e a Geni, toda pedra pode ser jogada.
A explicação:
Há, entretanto, uma explicação para a atitude, digamos, benevolente da imprensa com o flerte autoritário do Executivo. O jornalismo brasileiro nunca entendeu muito bem o que aconteceu no processo de reforma do Código Florestal. A gritaria do debate deu ares de fato ao factoide de que fora a "banca ruralista" que mudou a lei a seu favor.
Os jornalista normalmente aceitam esse sofisma como verdade e constroem sua argumentação a partir dele. Se desconfiassem dele, perceberiam fácil sua falsidade.
Repare por exemplo a primeira votação do Código Florestal na Câmara. O texto foi aprovado com 410 votos a favor, mas a "bancada ruralista" tem apenas 190 deputados. O texto foi aprovado com mais votos de fora do que da tal bancada ruralista. O próprio relator da matéria, responsável pela construção do texto, foi um comunista inveterado, que jamais fez parte da bancada do agro.
No Senado o cenário foi o mesmo. O texto foi aprovado com 59 votos a favor e 7 contra. A "bancada ruralista" tema epenas 11 senadores. Senadores como Rodrigo Rollemberg (PSB), Paulo Paim (PT), Marta Suplicy (PT), Jorge Viana (PT) e outros 43 Senadores que não pertencem à famigerada "bancada ruralista" votaram pela aprovação do texto de reforma do Código Florestal.
Mas os jornalistas continuam a repetir a ladainha de que a bancada do agronegócio tentou alterar o Código Florestal. É um hábito. Facilita a redação das matérias polarizar o tema. Qualquer jornalista sem talento pode escrever um texto com ponto e contra ponto bem definidos, ainda que por sofismas. Agora, é preciso talento para escrever um texto sem clichês. O jornalismo brasileiro padece de uma crise de talento.
Não é a primeira vez que menciono aqui no Blog que a reforma do Código Florestal está nos oferecendo várias oportunidades. Uma deles foi acordar para a necessidade de reforma do Código Florestal. Algo que, aliás, a imprensa nunca conseguiu enxergar antes que a reforma se precipitasse. Outra foi a chance de ver uma separação, ainda que tênue, entre um ambientalismo sério e o ecofundamentalismo de algumas ONGs que claramente se opões à agricultura brasileira. Outra ainda foi chance de ver a disfunção do jornalismo na cobertura de temas ambientais.
De acordo com a reportagem, alguns setores do Executivo estudam complementar o Código Florestal com normas que não precisem passar pelo Congresso. Ainda segundo o jornal, aqueles pontos que foram alterados pelo Legislativo e com os quais o Executivo não concorda seriam vetados e complementados com as tais normas "que não precisem passar pelo Congresso". E o jornal não para por aí. Continua contanto a história de como o poder Legislativo cometeu o desplante de alterar um proposição enviada pelo Executivo.
Segundo a Folha, a ideia do governo é evitar novas derrotas, e por isso a complementação pode ocorrer por meio de decretos, portarias e instruções normativas, que não passam pelo crivo dos congressistas.
Um grupo de trabalho deverá discutir a melhor forma para preencher os buracos criadas pelos vetos à MP. As soluções encontradas deverão ser anunciadas 15 dias depois de a MP chegar ao Planalto, quando devem ser apresentados os vetos.
O leitor habitual do blog dirá: mas a Folha é completamente parcial e contrária ao Agro. É verdade. Já mostrei aqui várias outras reportagens, textos e editoriais, onde a Folha defende abertamente a posição das ONGs ambientalistas (1, 2, 3..etc.). Mas o flerte da grande mídia com o fechamento branco do Congresso não é uma particularidade da Folha. Vejam por exemplo essa reportagem do Jornal das Dez, da Globo News: (vejam até o final e atentem para os comentário do jornalista Geroson Camarotti e da âncora do jornal) http://globotv.globo.
Fosse nosso jornalismo um pouco mais competente, correria em denunciar o caráter autoritário da atitude do Executivo de tentar Legislar à margem do Legislativo. Isso é um golpe branco. Se o governo tentasse fazer isso com a lei de imprensa, por exemplo, os jornalista enxergariam rápido o disparate. Mas contra os ruralistas e a Geni, toda pedra pode ser jogada.
A explicação:
Há, entretanto, uma explicação para a atitude, digamos, benevolente da imprensa com o flerte autoritário do Executivo. O jornalismo brasileiro nunca entendeu muito bem o que aconteceu no processo de reforma do Código Florestal. A gritaria do debate deu ares de fato ao factoide de que fora a "banca ruralista" que mudou a lei a seu favor.
Os jornalista normalmente aceitam esse sofisma como verdade e constroem sua argumentação a partir dele. Se desconfiassem dele, perceberiam fácil sua falsidade.
Repare por exemplo a primeira votação do Código Florestal na Câmara. O texto foi aprovado com 410 votos a favor, mas a "bancada ruralista" tem apenas 190 deputados. O texto foi aprovado com mais votos de fora do que da tal bancada ruralista. O próprio relator da matéria, responsável pela construção do texto, foi um comunista inveterado, que jamais fez parte da bancada do agro.
No Senado o cenário foi o mesmo. O texto foi aprovado com 59 votos a favor e 7 contra. A "bancada ruralista" tema epenas 11 senadores. Senadores como Rodrigo Rollemberg (PSB), Paulo Paim (PT), Marta Suplicy (PT), Jorge Viana (PT) e outros 43 Senadores que não pertencem à famigerada "bancada ruralista" votaram pela aprovação do texto de reforma do Código Florestal.
Mas os jornalistas continuam a repetir a ladainha de que a bancada do agronegócio tentou alterar o Código Florestal. É um hábito. Facilita a redação das matérias polarizar o tema. Qualquer jornalista sem talento pode escrever um texto com ponto e contra ponto bem definidos, ainda que por sofismas. Agora, é preciso talento para escrever um texto sem clichês. O jornalismo brasileiro padece de uma crise de talento.
Não é a primeira vez que menciono aqui no Blog que a reforma do Código Florestal está nos oferecendo várias oportunidades. Uma deles foi acordar para a necessidade de reforma do Código Florestal. Algo que, aliás, a imprensa nunca conseguiu enxergar antes que a reforma se precipitasse. Outra foi a chance de ver uma separação, ainda que tênue, entre um ambientalismo sério e o ecofundamentalismo de algumas ONGs que claramente se opões à agricultura brasileira. Outra ainda foi chance de ver a disfunção do jornalismo na cobertura de temas ambientais.
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