O SR. LAEL VARELLA (DEM-MG. Pronuncia o seguinte discurso.)
Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há tempos que entidades como ONGs, FUNAI e
CIMI se arvoram em defensores dos índios ao fazer uma campanha muito bem
orquestrada em âmbito nacional e internacional a favor da ampliação de suas
reservas visando à criação de verdadeiras nações aborígines.
Trata-se pois de
uma perigosa "balcanização",
ou seja, divisão da unidade brasileira. Tal unidade, Sr. Presidente, de proporções
continentais, é um grande legado de Portugal, depois confirmado a duras penas
pelo Império brasileiro com a personalidade de Dom Pedro II que conquistou o
nosso povo desde a sua maioridade.
Nesse processo, os índios foram se integrando, miscigenando, participando e dando sua colaboração na formação do caráter do povo brasileiro. Na década de 1970, começaram a surgir as ONGs, bem como uma corrente neo-missionária pregando o retrocesso de vida para, na verdade, criar um verdadeiro apartheid das populações indígenas.
Aliás, isso não foi, não é, e jamais será uma aspiração dos índios brasileiros. Recente pesquisa, ademais de inédita do Datafolha, encomendada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), revela que a maior parte dos índios se encontra integrada ao modo urbano de viver. Televisão, DVD, geladeira, fogão a gás e celulares são bens de consumo que já foram incorporados à rotina de muitas aldeias.
E a formação universitária é um sonho da maioria deles.
Na matéria de Matheus Leitão publicada na Folha de São Paulo,de 10 de novembro de 2012, o Cimi respondeu envergonhado e não sem descaro que é evidente que essa novidade produz mudanças, mas isso não significa a instalação de um conflito cultural. Não é o fato de adquirir uma TV ou portar um celular que fará alguém ser menos indígena.
A pesquisa teve ainda o intuito de avaliar as condições de vida dos indígenas. Questionados sobre o principal problema enfrentado no Brasil, 29% dos entrevistados apontaram as dificuldades de acesso à saúde.
A situação territorial ficou em segundo lugar (24%), seguida da
discriminação (16%), do acesso à educação (12%) e do emprego (9%). Em relação
ao principal problema enfrentado na vida pessoal, a saúde permaneceu em
primeiro lugar para 30%.
O emprego apareceu em segundo, com 16%, seguido de
saneamento (16%). A questão territorial, nesse caso, desaparece.
Algumas características das aldeias: 69% têm postos de saúde; 88%, escolas; 59%, igrejas; 19%, mercados; e 6%, farmácias.
Dois terços dos indígenas recebem do programa Bolsa Família — A pesquisa revela que 64% dos índios são beneficiários da Bolsa governamental, recebendo em média R$ 153 por mês.
A
região Nordeste é a campeã do benefício: 76% dos índios recebem o programa
social do governo. O Sul aparece em segundo com 71%; seguido do Centro-Oeste
(63%), Norte (56%) e Sudeste (52%).
Mesmo com os benefícios, 36% afirmam ser insuficiente a quantidade de comida que consomem. A maioria dos índios (76%) bebe água que não filtrada nem fervida. As doenças infecto contagiosas atingem 68% e os problemas estomacais, como diarréia e vômito, 45%.
Os índios também afirmam que luz elétrica, água encanada, rede de esgoto e casa de alvenaria são muito importantes para eles. Mais de 70% dos índios ouvidos atribuem muita relevância à atuação da Funai na sua aldeia. No entanto, 39% reprovam o desempenho do órgão, avaliando-o como ruim ou péssimo.
Sr. Presidente, como declarou o Prof. Marcos Coimbra –contrariando o governador do Estado, a Assembleia Legislativa, a bancada federal de deputados e senadores mato-grossense, prefeitos, vereadores e milhares de cidadãos – o governo vem entregando de mãos beijadas e em nome de índios, grande parte do território nacional ao domínio que será estrangeiro.
Tal atitude coloca em risco a unidade e a integração territorial da Nação Brasileira, gerando miséria e fome, a exemplo do ocorrido com a saída dos arrozeiros na área de Raposa/Serra do Sol, onde indígenas que trabalhavam dignamente, transformaram-se em mendigos em Boa Vista.
Fica difícil entender a razão da submissão de nossos últimos governantes a interesses externos, claramente lesivos aos interesses nacionais, capazes de provocar a balcanização do Brasil.
Tenho dito.
É claro que eles preferem ser integrados à comunidade Nacional, na forma do disposto no art. 1º do Estatuto do ìndio, Lei 6001/73,verbis:
ResponderExcluirLEI 6001 – 1973 –
Artigo 1º. Esta Lei regula a situação jurídica dos índios ou silvícolas e das comunidades indígenas, com o propósito de preservar a sua cultura e integrá-los, progressiva e harmoniosamente, à comunhão nacional.
Parágrafo único. Aos índios e às comunidades indígenas se estende a proteção das leis do Pais, nos termos em que se aplicam aos demais brasileiros, resguardados os usos, costumes e tradições indígenas, bem como as condições peculiares reconhecidas nesta Lei.
Ao regular a situação jurídica do índio brasileiro, do silvícola e das comunidades indígenas, a lei fixou quatro importantes fundamentos básicos, que chamaríamos de verdadeiros princípios:
1º - o de que os índios gozam dos mesmos direitos assegurados a todos os demais brasileiros;
2º.- o de que o exercício, por sí, dos direitos civis e gozo dos direitos políticos está condicionado à assimilação do índio ao sistema de vida da comunidade nacional;
3º. o de que sera respeitados os usos, costumes, e a religião dos índios não assimilados: e,
4º. o de que nas relações dos índios com pessoas estranhas à comunidade indígena é obrigatória a aplicação da legislação ordinária.