Em meio ao confisco
de terra no Brasil, cidades inteiras são evacuadas na ponta do revólver
Por
Alex Newman
“The
New American”, 7-1-2013
Tradução de Helio Viana
Agentes
da Polícia Federal brasileira e policiais militares, alguns portando
insígnias das Nações Unidas, estão removendo comunidades inteiras no Brasil na
ponta da arma, sob o pretexto de repor enormes extensões de terra para um
pequeno grupo de índios, cujos ancestrais alegadamente estiveram lá em algum
momento.
Milhares
de moradores que viveram na região há décadas, ou que até nasceram lá, no
entanto estão reagindo com críticas, dizendo que as ações do governo ressumam stalinismo
e podem constituir crimes contra a humanidade.
Desde
que começou em novembro a última operação controvertida, no Mato Grosso, de
acordo com autoridades e reportagens, cidadãos que se opunham a ser despojados
de suas propriedades e casas foram fazendo de tudo ao seu alcance a fim de
parar o ataque.
Foram
criados bloqueios nas estradas, lutando com pedras, paus e coquetéis molotov contra
forças federais fortemente armadas, incendiando caminhões do governo,
protestando, e recusando-se a sair.
Outros
choravam enquanto derrubavam suas próprias casas simples aos olhos de guardas
armados. Repórteres que estão no local e legisladores federais temem que o
derramamento de sangue possa estar próximo.
O
governo, porém, prometeu expulsar as comunidades a qualquer custo, ameaçando com
sanções criminais e até com o confisco do pouco que lhes resta de suas
propriedades, aqueles que se recusarem a obedecer.
Balas
de borracha, gás lacrimogêneo, ameaças de balas reais e processos têm sido
empregados para remover à força os moradores locais, que o governo continua a desumanizar
tratando de "invasores" e "intrusos".
Os
críticos e os residentes locais acusaram o governo do Brasil de corrupção em
massa, dizendo que seu objetivo final é destruir a propriedade a privada e
qualquer potencial resistência – começando pela população rural.
Eles
argumentam, entre outros pontos, que as autoridades federais estão intermediando
a licitação de interesses estrangeiros, e que estão em conluio com a ONU, com as
grandes corporações internacionais e com organizações não-governamentais ocidentais
como o Greenpeace, além de outros interesses.
”Este
é apenas um caso entre muitos outros. A política do governo de esquerda do
Brasil é desmantelar o País, a fim de entregar tudo para ‘reservas nativas’ que
nada mais são que instrumentos de ONGs estrangeiras bilionárias", explicou
o escritor brasileiro de renome e filósofo Professor Olavo de Carvalho, que tem
desempenhado um papel fundamental em expor a bem-orquestrada conquista
socialista da América Latina.
A
chamada "maré rosa" que paira sobre a região está sendo conduzida em
parte por altos funcionários do Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil, que
atualmente detêm o poder, colaborando com os regimes totalitários da região.
Como The New American tem amplamente documentado, uma rede obscura de partidos
políticos socialistas e comunistas, bem como grupos terroristas marxistas
conhecidos como Foro de São Paulo – fundado pelo ex-presidente do Brasil, Luiz
Inácio "Lula" da Silva, pelo tirano comunista Fidel Castro, pelos
sandinistas e outros – agora domina a política latino-americana.
A
justificativa usada no caso mais recente de confisco de terra – em Suiá-Missu, no
Mato Grosso – é, no entanto, incomparável em termos de cinismo, disse ao New
American o líder conservador brasileiro Carvalho.
"Séculos atrás, os índios
brasileiros costumavam evitar se estabelecer em um determinado lugar; eles
viajavam longas distâncias e criavam residências temporárias ao longo do
caminho", explicou.
"O governo brasileiro aceitou a tese de alguns
antropólogos segundo a qual onde quer os índios tivessem enterrado algum de seus
mortos, subitamente a terra pertence a eles. A população da Suiá-Missu é de
pessoas pobres e trabalhadoras que não têm nenhum meio de responder à força
bruta do governo comunista".
Cerca
de 400.000 acres de terra no estado do Mato Grosso, com inúmeras cidades – pelo
menos uma das comunidades, em Estrela do Araguaia, abrigou por volta de 7.500
moradores completos, com igrejas, escolas, hospitais, cemitério, etc., embora o
governo afirme que os números são menores – teriam sido aparentemente entregues
a um grupo de índios na década de 1990, por um decreto oficial.
As escrituras dos
proprietários não foram consideradas nem lhes foi oferecida qualquer compensação.
As autoridades começaram o despejo forçado de todos os não-índios no final do
ano passado, após darem aos residentes apenas 30 dias para desocuparem "voluntariamente"
a sua terra. A maioria se recusou a ir.
“Nos
últimos dias de dezembro, a força-tarefa do governo encarregada de expulsar os
moradores da terra indígena Maraiwatsede, no Mato Grosso, priorizou a expulsão
da comunidade de Posto da Mata, um centro de resistência feroz contra o retorno
da terra aos índios Xavante” – disse a Fundação Nacional do Índio (Funai), do
Ministério da Justiça, em declaração no início de janeiro.
"Oficiais de
Justiça estabeleceram o prazo limite de 4 de janeiro para os residentes evacuarem
a área. Quem não sair até essa data terá seus pertences confiscados pela Justiça
e responderá pelo crime de desobediência”. As tensões continuam acesas, e a
evacuação longe de estar completa.
Cerca
de 3.000 pessoas viviam em Posto da Mata, incluindo 700 crianças da escola que
agora ficarão sem teto se o governo prosseguir em seu caminho. "Onde ficaremos?
Onde vamos viver? Do quê vamos viver fora? O que vamos comer daqui para
frente?" – perguntou chorosa, em entrevista de TV, uma menina de uma das
escolas da cidade. "Eu vivi aqui todos os meus 17 anos e não vou
embora".
Um
menino de oito anos de idade, também chorando, leu uma carta para a presidente
brasileira, Dilma Rousseff, uma "ex"-terrorista comunista durante o
regime militar, pedindo-lhe para não deixar a polícia derrubar a casa de sua
família.
Dilma Rousseff e sua administração, no entanto, parecem impassíveis,
com o poderoso regime brasileiro marchando avante, indiferente à tragédia
humana deixada em seu rastro.
"O
governo federal está aderindo à decisão judicial com firmeza e serenidade",
disse em um comunicado de imprensa o ministro-chefe Gilberto Carvalho, da
Secretaria-Geral da Presidência. "Ações violentas e ilegais não serão
toleradas e medidas adequadas já estão sendo tomadas".
Os
moradores, no entanto, ainda estão pedindo ao governo para suspender a bárbara
relocação, dizendo que ela vai quebrar milhares de vidas. Os manifestantes rasgaram
e queimaram bandeiras do Brasil, enquanto líderes políticos locais, estaduais e
até federais expressaram indignação por aquela transferência brutal.
O deputado
Valtenir Pereira, por exemplo, advertiu um funcionário superior sobre o
crescente risco de derramamento de sangue à medida que a batalha se enrijece.
Ele também disse que a deslocação forçada de famílias arriscou danificar a
imagem do Brasil e sua reputação diante da comunidade internacional.
"Eu
disse a ele que a comunidade internacional está ciente do problema. Nós estamos
correndo o risco de permitir que ocorra derramamento de sangue. O conflito já
começou, tivemos incidentes entre a polícia e moradores que não querem deixar a
área", disse.
"Eu também disse que este conflito pode se tornar uma
mancha de sangue na presidência. A presidente Dilma e seu vice-presidente não
podem deixar que isso aconteça, caso contrário eles vão manchar a imagem do
Brasil internacionalmente. A solução depende apenas da presidente".
A
história da terra está em disputa, mas parece que na década de 1960 as
autoridades brasileiras podem ter expulsado índios locais da região e levado para
centenas de quilômetros de distância antes de venderem a terra.
O objetivo era
supostamente incentivar os brasileiros e os produtores agrícolas em particular a
se estabelecerem na área, que viu um afluxo constante de novos moradores ao
longo das décadas seguintes.
Muitos
moradores e até mesmo analistas externos questionam se a terra foi realmente
habitada por índios. Inclusive alguns índios xavantes têm falado, explicando que
o seu povo sempre viveu em outra região, com outro clima e tipo de vegetação.
A
ONU e o Greenpeace, porém, estavam fortemente envolvidos na promoção da ideia
durante a recente conferência Rio + 20 sobre o "desenvolvimento
sustentável", no Rio de Janeiro, fazendo desfilar em torno das instalações
um grupo de índios em bizarras cerimônias de adoração à "Mãe Terra" e
apelando para um regime planetário.
Greenpeace tem, é claro, um registro atroz
quando se trata de povos indígenas, e sob o pretexto de pseudo-ambientalismo já
destruiu inúmeras comunidades nativas americanas ao longo dos anos.
No
entanto, os tribunais decidiram em 2010 que o decreto executivo chutando todos
os moradores não-índios para fora da área, sem indenização pela perda de suas
propriedades e casas, poderia avançar.
Pouco tempo depois, a decisão de forçar
os moradores a deixarem suas terras foi colocada em espera. Em maio de 2012,
contudo, um outro tribunal disse que a transferência poderia prosseguir.
Também
essa decisão foi interrompida, mas o Supremo Tribunal Federal decidiu que os
despejos podiam eventualmente prosseguir conforme planejado. Em 7 de novembro,
os moradores foram notificados que deveriam embalar o que podiam e partir
dentro de 30 dias, ou enfrentar a fúria do governo federal.
Alguns teriam saído,
atraídos por promessas governamentais de bem-estar e de nova terra em outro
lugar para alguns pequenos agricultores escolhidos, mas um número muito maior
ficou. Aos fazendeiros e agricultores com propriedades maiores nada foi oferecido.
"Segundo
a lei brasileira, como os invasores permaneceram ilegalmente na terra indígena
sabendo que é propriedade federal, não têm direito a qualquer indenização",
disse numa declaração ao jornal The New American um porta-voz da Funai, departamento
indígena do Ministério da Justiça, sem abordar a questão dos títulos de
propriedade, agora anulados, na posse de residentes.
"No entanto, o
governo brasileiro age para reassentar aqueles que satisfazem aos critérios da
política de reforma agrária no Brasil".
É
claro, a expropriação de terras no Brasil não é nada de novo – durante décadas,
o governo tem demonizado os "grandes" agricultores e os pecuaristas
"ricos", tomando e redistribuindo a propriedade no impulso da chamada
"reforma agrária". Ainda recentemente, antigos residentes de outras
regiões também foram expulsos sob o pretexto de "terras indígenas".
Na vizinha Venezuela, entretanto, o homem forte socialista Hugo Chávez também vem
roubando grandes quantidades de terras de seus proprietários, alegando a suposta
necessidade de "redistribuir a riqueza".
Mas,
a exemplo do que aconteceu com a "reforma agrária" de Mao na China
comunista, que foi retratada como um movimento inocente até contribuir finalmente
para o assassinato de dezenas de milhões, os agricultores e opositores do
assalto na América Latina temem o pior.
"O objetivo de destruir o setor
rural no Brasil, um dos mais fortes do mundo, está longe de terminar", disse
ao The New American o ativista e fazendeiro conservador brasileiro Walber
Guerreiro, observando que, como todos os comunistas, os líderes do atual governo
do Brasil esperam esmagar a mentalidade independente dos agricultores e
pecuaristas. "Mas é uma prioridade absoluta para a agenda marxista".
Guerreiro,
que conhece algumas das vítimas no Mato Grosso, também citou tratados
internacionais que declaram que o deslocamento forçado é crime contra a
humanidade, dizendo que era hora de a comunidade mundial falar sobre os abusos
desenfreados e cada vez mais graves perpetradas pelo regime brasileiro.
Ele
teme que, se for permitido às autoridades continuar avançando com impunidade selvagem,
cidades maiores serão as próximas, e mais vítimas serão brevemente despojadas à
força de suas casas e propriedades, sob o cano de uma arma.
Também
alarmante, disse ele, foi que alguns dos veículos militares usados para
aterrorizar e expulsar os moradores locais ostentavam a mesma insígnia da ONU
empregada pelas forças internacionais, denominada "manutenção da
paz".
Documentação de vídeo mostrou, e as autoridades federais brasileiras
confirmaram para The New American, que as tropas e equipamentos
esportivos do logotipo da ONU estão realmente envolvidos na operação.
Entretanto,
as autoridades alegaram que a controvertida organização global não estava
realmente envolvida e que os soldados e equipamentos tinham retornado
recentemente de operações de "manutenção da paz" no exterior, daí a
insígnia.
"Minha
família está nestas terras que trabalhamos desde os anos 50, mas é claro que
nada, nem mesmo o tempo de nosso trabalho, a nossa obediência às leis, a
escritura da terra, o nosso grande volume de produção – nada pode nos
proteger", disse. "Podemos de repente ser informados de que há ‘terra
indígena’ sob as nossas fazendas e, a partir desse ponto em diante, não podemos
fazer nada em nossa defesa".
Depois
que isso foi feito com os agricultores e pecuaristas, novas classes de vítimas
estarão na mira. "Nada no Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil garante
segurança civil e este processo não vai acabar apenas com a perseguição aos
agricultores", concluiu Guerreiro.
"No final, todo mundo vai ter sua
propriedade desapropriada, exatamente como aconteceu em Cuba, o paraíso dos
sonhos do PT".
Como
The New American informou anos atrás, as forças socialistas e comunistas
estão fazendo significativo progresso em toda a América Latina, com grande
apoio do exterior e apenas um punhado de governos nacionais resistindo à
tendência.
Entretanto, considerando o recente nascimento da União de Nações
Sul-Americanas (UNASUL ou Unasul) – uma espécie de União Europeia transnacional
dominada por regimes socialistas auto-identificados – os povos de todo o
continente estão enfrentando a perspectiva muito real de uma tirania brutal em
um futuro não muito distante.
E sem um protesto maciço, os agricultores e
trabalhadores pobres do Suiá Missu definitivamente não serão as últimas
vítimas.
______________
Alex Newman, correspondente estrangeiro de The New
American, está atualmente residindo na Europa, depois de crescer na América
Latina, incluindo quatro anos no Brasil. Ele pode ser contatado pelo
anewman@thenewamerican.com.
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