Índios invadem Funai
Após não serem recebidos pelo ministro
Gilberto Carvalho, cerca de 150 indígenas invadiram ontem a sede
da Funai em Brasília que "se dizem prejudicados pelas hidrelétricas de Belo Monte e do rio Tapajós, no Pará.
Os índios exigem ter poder de veto a
obras que sejam construídas em seus territórios. Eles devem passar a noite no
local.
O grupo, no qual estão mulheres e crianças, é o mesmo que no dia 4 foi recebido por Carvalho. Eles afirmam que o ministro havia concordado em voltar a recebê-los, quando entregariam novo documento sobre como as usinas podem impactar seus territórios.
Em nota, a Secretaria-Geral disse que o
ministro "aguardou por cerca de uma hora" pelo encontro, mas que as
lideranças "recusaram-se a participar da reunião, limitando-se a
protocolar um documento na Presidência da República".
"O ministro lamenta a perda desta
oportunidade de diálogo, mas reafirma sua disposição de continuar em negociação
com vistas a realizar um amplo processo de consulta prévia sobre os empreendimentos
hidrelétricos na região da bacia do rio Tapajós."
Versão indígena: Carvalho quebrou um acordo feito previamente e
que só aceitou se reunir com um grupo de dez pessoas, o que impediu a reunião.
"O governo soltou uma nota
mentirosa. Não foi isso que foi acordado. Isso [reunião com dez pessoas]
ninguém aceita", disse Valdenir Mundurucu.
Com a entrada [?] na sede, o grupo tenta
fazer com que o órgão indigenista lhes dê comida e transporte de volta para o
Pará. [Como eles vieram???].
Desde a semana passada, o grupo estava
em uma chácara do CIMI, órgão patrocinado pelos Bispos, que os ajudava também com alimentação de transporte.
CRISE
Assirati --que não atendeu pedido de
entrevista da Folha hoje--
entrou no lugar de Marta Azevedo, que caiu na semana passada, em meio ao maior
conflito entre indígenas e governo federal da gestão da presidente Dilma
Rousseff.
Os atritos estão espalhados pelo país,
mas têm como epicentro o Mato Grosso do Sul, onde um índio terena foi morto
durante reintegração de posse coordenada pela Polícia Federal. A terra foi
invadida novamente depois, e um segundo índio foi baleado.
Após os confrontos, cerca de 110 homens
da Força Nacional viajaram para a região.
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