... acusa
governador de Mato Grosso do Sul
“FUNAI = Funerária Nacional do Índio”, disse Puccinelli
Roldão Arruda
“Cimi é um braço fascista da Igreja Católica”, acusa
governador de Mato Grosso do Sul
Na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, a
audiência pública realizada no dia 21/11, para discutir a questão da
demarcação de terras indígenas, foi marcada por manifestações exaltadas.
O
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que, em duas ocasiões anteriores
havia recusado convites para comparecer perante a comissão, ouviu reclamações e
acusações dos senadores da bancada ruralista. Foi chamado de omisso e
irresponsável, entre outras coisas.
Presente à audiência, o governador de Mato Grosso do Sul, o
peemedebista André Puccinelli, também pediu a palavra.
Em sua fala, de
aproximadamente quinze minutos, pôs em dúvida a política de concessão de terras
para os índios; mencionou a iminência de conflitos armados em seu Estado; e
atacou o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), vinculado à Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
“Não podemos aceitar ONGs nem Cimi incitando”, disse. “Não
ouvi aqui ninguém falar do Cimi. Sou católico. Mas o Cimi é um braço fascista
da Igreja Católica, que no meu Estado incita invasões – e já são mais de 80.”
Ao falar sobre as demandas indígenas por terras e as ações
da Fundação Nacional do Índio (Funai), afirmou: “Querem me dar mais 39 aldeias
em 26 municípios. Perguntem aos prefeitos o que vai acontecer: chacina, guerra
entre irmãos.”
Em outro momento disse: “Chega de invasão. Vou começar a dar
o direito de se defender com armas, como provavelmente os produtores rurais
terão na defesa de sua propriedade, como diz a a Constituição.” Para ele, a
emergência de conflitos armados é uma possibilidade já conhecida: “Vai
acontecer isso, ministros. Eu venho alertando há cinco anos que vai acontecer
isso".
Puccinelli pôs em dúvida a eficácia da política de ampliação
das reservas indígenas ao lembrar o caso do cadiuéus, grupo indígena que esteve
à beira da extinção e hoje habita uma reserva na região próxima à fronteira de
Mato Grosso do Sul com o Paraguai: “Os cadiuéus, em torno de três mil, detêm
378 mil hectares de terra e estão na miséria. Então, não é só terra que resolve
os problemas dos índios.”
Voltou ao tema ao falar dos índios guaranis caiuás, que
reivindicam a devolução de terras que, no passado, teriam sido tomadas deles
pelo governo do Estado e repassadas a produtores rurais: “Querem dar terras.
Quem conhece a cultura indígena dos guaranis caiuás sabe que são índios
errantes, nômades, que não se fixavam à terra.”
O governador também disse que, se fosse presidente da
República, extinguiria a Funai, “pela sua incompetência e improbidade”. Na
avaliação dele, o nome da instituição deveria ser Funerária Nacional do Índio.
Ele ainda acusou a instituição de importar índios: “A Funai
está reconhecendo índios do Paraguai, que andavam no Chaco, como brasileiros,
nas fronteiras do nosso Estado. Mal damos conta de dar arroz e feijão para os
nossos brasileiros sul matogrossenses e vamos importar o índio que fala yo soy
brasileño.”
Criado em 1972, quando, em plena ditadura militar, surgiam denúncias
de genocídio de povos indígenas, o Cimi se tornou um dos mais intransigentes e
radicais defensores dos direitos desses grupos. Defende a sua autonomia, dentro
da concepção de uma nação pluri-étnica, como explica em seu site na internet.
Acompanhe o blog pelo Twitter – @Roarruda
http://blogs..estadao.com.br/roldao-arruda/o-cimi-e-o-braco-fascista-da-igreja-catolica-diz-governador-de-mato-grosso-do-sul/
Nenhum comentário:
Postar um comentário