quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Os icebergs bolivarianos na nossa rota



      O Titanic e a safra agrícola

 de 2013 (II)



Helio Brambilla
         
         
         Muito se tem falado e escrito sobre as virtudes do agronegócio brasileiro. Poderíamos até vê-las transcritas numa enciclopédia, mas os empreendedores já dão sinais de alerta de “icebergs” no itinerário. À maneira do Titanic, o “iceberg bolivariano” vem fazendo rombos cada vez maiores no casco do transatlântico chamado Brasil.

         Afinal, de que adiantará à nossa agropecuária ir muito bem se o navio vai a pique? A cratera aberta já  é grande, mas se o casco não for reconstituído com urgência e as bombas não ejetarem a água que já invadiu a embarcação, a partida cedo ou tarde estará perdida. O que fazer então? Trocar os timoneiros ou as timoneiras? Com efeito, será muita gente a ser trocada em 2014, ano de eleições!

         Tendo feito uma espécie de rali por São Paulo, Paraná e Santa Catarina recentemente. Ao percorrer quase 5.000 quilômetros, pude ir verificando aqui, lá e acolá as proporções do estrago em nossa embarcação. Além de ser enorme, é profundo.  Para dar um exemplo, gastei três horas para percorrer 110 km na rodovia que liga São Paulo a Curitiba.

         Pude constatar haver muitos pedágios com preços abusivos, considerando que muitas estradas foram feitas com  o nosso dinheiro, enquanto as concessionárias só fazem manutenção de pouca monta, mas cobram bastante para se trafegar nelas.

         Lembrei-me do fato do Lula, ao bater o martelo das concessões das rodovias Fernão Dias (São Paulo-Belo Horizonte) e Régis Bittencourt (São Paulo-Florianópolis), gabando-se de ter conseguido fazê-las por uma merreca, enquanto outros governos, para fazer outro tanto, o fizeram com pedágios altíssimos.  

         Talvez os nossos dirigentes venham fazendo ouvidos moucos ao que já fora denunciado pelas concessionárias, ou seja, quase 50% do valor dos pedágios voltam aos cofres do governo na forma de impostos... Devemos considerar ainda que o governo recebe pelas rodovias através do imposto sobre os veículos, além da CIDE, taxa cobrada sobre os combustíveis para manutenção das estradas.  Além de não gastar nada com as rodovias, ainda recebe quase a metade dos impostos sobre os pedágios!

         Chegou a correr pela internet uma historinha engraçada. Um erudito pergunta a Lula se ele sabia o que era um tirano, ao que ele prontamente teria respondido. – Ora, é aquele que vai “tirano o dinheiro do povo”...  Neste caso, e em tantos outros, o PT seria o maior tirano da história do Brasil...

       Volto aos 110 km rodados em três horas e quinze minutos! Esta rodovia, há mais de 20 anos deveria estar duplicada na tristemente famosa Serra do Cafezal. Reportagens recentes atestam que a média de mortes/ano nessa rodovia vem girando em torno de 140 vítimas fatais, fora os estropiados para o resto da vida, sendo que grande parte dos acidentes ocorre nesse local. Mas as autoridades não se sensibilizam.

         O certo é que a licença ambiental para a duplicação não saía em razão de dois ou três casais de periquitos que por lá faziam seus ninhos, como se nos arredores não existisse outra árvore... Afinal, saiu. Mas aconteceu de a concessionária ser estrangeira e entrar  em insolvência. A substituta trabalha com tecnologia obsoleta e com pouco dinheiro.

         E os 18 km só ficarão prontos em 2017... Um PAC empacado. Volto ao tema proximamente.

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