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Para pesquisador, maior desafio do MST é aumentar produção
O Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra (MST) abriu nesta segunda-feira, 10, em Brasília seu
6.º Congresso Nacional. Segundo os organizadores, o evento reúne 15 mil pessoas
de todo o País.
O encontro também
comemora o aniversário de trinta anos de existência da organização, cuja
principal bandeira foi sempre a ocupação de terras – para pressionar os
governos a realizarem a reforma agrária.
Essa prioridade,
porém, deveria ser revista diante da atual conjuntura, segundo um dos
principais estudiosos do movimento no País, o professor e pesquisador Bernardo
Mançano Fernandes, do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Unesp. Para
ele, a maior atenção agora deveria recair sobre a melhoria dos assentamentos e
o aumento da produção de alimentos.
“O MST tornou-se um
adulto e vive novos tempos”, diz ele. “Hoje temos uma população assentada
considerável, quase um milhão de famílias, com um potencial de produção
agrícola muito grande. Esse é um patrimônio que o MST construiu e do qual tem
que cuidar.”
Do total de famílias
assentadas no País, segundo Fernandes, 55% foram organizadas pelo MST. “É o
movimento mais importante na luta pela reforma agrária na história do País.”
O MST não vai abandonar
completamente as ocupações, segundo o pesquisador. “O que muda é a prioridade.
Se antes investiam 20% de sua força nos assentamentos, agora terá que ser 80%.
As ocupações não vão acabar. Mas não terão a mesma intensidade dos trinta anos
anteriores.”
Ao comentar a redução
no volume de ocupações terras em anos recentes, Fernandes diz
está relacionada sobretudo às dificuldades do MST para mobilizar famílias.
Ele atribui isso a programas programas sociais de transferência de renda, como
o Bolsa Família, e aos bons índices de emprego nas cidades.
“Grande parte da
população que luta pela terra é de origem urbana. Hoje com a boa oferta de
emprego, o aquecimento da economia e o aumento da renda, essa população não se
sente atraída para as ocupações rurais”, afirma. “O que está aumentando
bastante são as ocupações urbanas. Se o desemprego aumentar, porém, as
ocupações rurais voltarão a ganhar força.”
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Agora leia a notícia abaixo, atentando igualmente para a foto... Tudo é malevolência!
19.fevereiro.2014
22:30:33
“Príncipe imperial” critica papa Francisco por convite a MST
A pedido
do deputado Lael Varella (DEM-MG) foi registrado nos Anais da Câmara o texto de
uma longa mensagem enviada no dia 8 deste mês ao papa Francisco pelo dirigente
da organização Paz no Campo, Bertrand de Orleans e Bragança – que é bisneto da
princesa Isabel de Bragança e Bourbon e se apresenta como dom Bertrand,
príncipe imperial do Brasil.
No texto,
o suposto herdeiro imperial fala em consternação, choque e espanto diante do
convite feito pela Academia Pontifícia de Ciências a João Pedro Stédile, do
Movimento dos Sem Terra (MST), para participar de um seminário sobre exclusão
social, em Roma, com despesas pagas pelo Vaticano.
Segundo o
autor da mensagem, Stédile não passa de um agitador de esquerda, defensor da
luta de classes e dirigente de um movimento que, sob inspiração da Teologia da
Libertação, “combate obstinadamente a propriedade privada, inclusive por
meio de ações violentas”.
Dom
Bertrand diz: “Não posso deixar de me perguntar, Santo Padre, qual a razão de
que esse paladino de uma utopia revolucionária tão visceralmente anticristã e
promotor da violação sistemática das leis tenha sido convidado.”
O
encontro do qual Stédile participou, na condição de observador, aconteceu em
Roma, no dia 5 de dezembro. A mensagem do bisneto da princesa foi postada mais
de um mês depois, no dia 8 de janeiro, às vésperas do encontro nacional do MST
em Brasília. O deputado Varella subiu à tribuna logo depois, no dia 12 – o
mesmo dia em que os militantes do movimento marcharam pela Esplanada dos
Ministérios e entraram em confronto com a polícia.
O texto
também manifesta indignação pelo fato de ter sido convidado para o mesmo
seminário no Vaticano o argentino Juan Grabois. Ele pertence ao Movimento de
Trabalhadores Excluídos, que reúne catadores de papel, e foi um dos fundadores
da Confederação dos Trabalhadores da Economia Popular da Argentina. Segundo o
missivista, “esse advogado e militante da esquerda peronista não esconde suas
convicções abertamente marxistas”.
Os
integrantes do Movimento Paz no Campo, coordenado por dom Bertrand, se consideram
herdeiros da antiga Tradição, Família e Propriedade (TFP)
– instituição de ultradireita, que se notabilizou nos anos 60 e 70 pelo
apoio ao golpe militar. Seu fundador, Plínio Correia (sic) de Oliveira, é o
principal inspirador do autor da carta ao papa.
Por causa
de uma briga entre grupos que disputam o espólio de Oliveira, o suposto
herdeiro da família imperial, de 72 anos, está legalmente proibido de utilizar
o nome da TFP. Enquanto continua a briga na Justiça, ele se abriga sob a sigla
Paz no Campo. Quase sempre associa ao marxismo os movimentos sociais que
envolvem a posse da terra, sejam eles ambientalistas, quilombolas, indígenas ou
de sem terra.
Em seu
cabeçalho, a carta ao papa é apresentada como “reverente e filial mensagem a
Sua Santidade”. A leitura atenta, porém, revela sobretudo a indignação de um
grupo ultraconservador em relação aos movimentos de Francisco.
Ao
lembrar, por exemplo, que o papa já havia convidado o líder argentino para
subir ao palanque na Praia da Copacabana, durante a Jornada Mundial da
Juventude, além de lhe conceder uma audiência em sua residência, em Roma, o
autor indaga se não estaria pendendo para o marxismo: “Envolveriam estes gestos
de Vossa Santidade um apoio à linha traçada pelo ideólogo Juan Grabois?”
Em outro
momento, a carta afirma: “Nos recintos do Vaticano ecoam as elucubrações
anticapitalistas de Karl Marx.”
O título
da mensagem – Quo vadis, Domine? (Aonde vais,
Senhor?) – também é
sintomático dessa preocupação
O nome do
deputado Varella apareceu com destaque, em setembro do ano passado, numa
reportagem do programa Fantástico, da TV Globo. Era sobre uma
investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) envolvendo a locação de
automóveis por parlamentares.
A
investigação surgiu após a verificação de que um grupo de mais de vinte
congressistas usavam serviços de empresas que não eram do ramo, como padaria,
loja de material de construção, restaurante, revenda de material de
limpeza. Varella alugava carros da empresa Faxinão.
Em sua
defesa, o deputado disse que não havia nada de irregular na operação e que uma
empresa pode legalmente ter dois tipos de negócio. “É comum. Não tem nada
estranho. Não tem nada ilegal. Tem nota fiscal, tem contrato bem feito. Tudo
pago com cheque nominal. Tudo bonitinho”, assegurou.
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