Depois de tanto blefar, o IPCC deveria apagar tudo
O governo brasileiro
vai pedir ao IPCC (painel do clima da ONU) para apagar de seu novo relatório
uma crítica à política do uso de biocombustíveis como forma de atenuar o
aquecimento global.
Na introdução não
técnica da parte do documento sobre impactos e adaptações ao aquecimento
global, uma frase sugere que o cultivo de vegetais para álcool e biodiesel
pode incentivar desmate (que por sua vez gera mais emissão de gases do
efeito estufa).
O trecho contestado
afirma que "aumentar o cultivo de plantações para bioenergia implica
riscos para ecossistemas e para a biodiversidade, apesar de contribuições da energia de
biomassa para a mitigação [do aquecimento global] reduzirem riscos relacionados
ao clima."
A frase está no
"sumário para formuladores de política" – resumo não técnico do
documento – do relatório do grupo 2 do IPCC, que trata de impactos e adaptações
à mudança climática.
A delegação
brasileira diz considerar injusto atacar os biocombustíveis sem que outras
formas de energia tenham
seus impactos relatados.
"Eles destacaram isso do nada"
disse à Folha um representante do governo para a área de clima. Para ele,
qualquer forma de energia tem algum impacto ambiental. "Naquela frase seria possível trocar
biocombustíveis por produção de painéis solares, turbinas eólicas ou até o
aumento das hidrelétricas".
O novo relatório do
grupo 2 do IPCC deve ficar pronto no dia 30, após cinco dias de debate no
encontro em Yokohama, no Japão.
Os
tópicos do sumário para formuladores de política tendem a ser disputados
palavra a palavra, pois servem de base para negociações internacionais.
O documento subsidia
a discussão sobre a criação de mecanismos de financiamento para países afetados
pela mudança climática e o debate de um acordo global para cortes de emissões,
que terá uma rodada crucial em 2015.
Fonte: Rafael Garcia/Folha de S. Paulo
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