*Claudio Spadotto
A balança comercial do agronegócio brasileiro em
2013 foi positiva em US$ 82,9 bilhões. Se por um lado exportamos soja, milho,
arroz, entre outros produtos agropecuários, por outro, historicamente
importamos trigo.
E não é pouco: por volta de seis milhões de toneladas a cada
ano, o que representou US$ 2,1 bilhões com a compra de trigo no exterior em
2012. Isso ocorre porque a nossa produção de trigo tem girado em torno de
40-50% das aproximadamente 10 milhões de toneladas que consumimos anualmente.
Em 2012, somente da Argentina importamos mais de
cinco milhões de toneladas. Como em 2013 houve quebra da safra de trigo no país
vizinho, a quantidade exportada para o Brasil foi reduzida pela metade, o que
foi compensado pelo grande aumento da importação do cereal americano.
Ou seja,
para garantir o pãozinho nosso de cada dia e tantos outros produtos feitos a
partir do trigo, nossos moinhos têm que buscar vendedores mundo afora.
Trabalho que vem sendo realizado pela Embrapa
Gestão Territorial e que foi divulgado recentemente (www.sgte.embrapa.br) apresenta dados
interessantes sobre esse assunto. Podemos produzir a quantidade necessária de
trigo para suprir com folga a nossa demanda interna, promovendo nossa
autossuficiência nesse cereal.
Existem regiões do país que podem ser
priorizadas na busca por maior produção, conjugando os esforços de aumento da
área plantada com trigo e de incremento na produtividade das lavouras.
Importante dizer que aumentar a área com trigo não significa necessariamente
abertura de novas áreas, mas sim a conversão de áreas ocupadas com outras
culturas agrícolas (milho segunda safra, por exemplo) para produzir trigo, sem
desmatamento.
Como temos condições aptas de solo e clima, além de
tecnologias apropriadas, para a produção de trigo no Brasil, não precisamos
permanecer na dependência da importação desse cereal.
Políticas públicas
adequadas podem alavancar a produção e garantir a qualidade do trigo nacional.
Melhor ainda se os mecanismos de garantia e incentivo forem planejados,
implementados e acompanhados em base territorial, considerando as
especificidades de cada região.
Além da implantação de incentivos e políticas
públicas para a produção e do contínuo desenvolvimento da qualidade do trigo
para as diferentes regiões do país, estão entre as conclusões do VIII Fórum
Nacional de Trigo 2013: a necessidade de expansão da cultura para novas áreas
agrícolas no Brasil Central e no Nordeste e a integração coordenada entre os
agentes desse complexo agroindustrial.
*Claudio Spadotto,
Diretor do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Engenheiro
Agrônomo, Ph.D., Gerente Geral da Embrapa Gestão territorial.
Fonte: Alfapress
Comunicações
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