Venezuela à beira da
falência
A fila
de consumidores na porta dos supermercados tornou-se paisagem cotidiana na
Venezuela e símbolo mais concreto de sua
falência econômica.
Dono da maior
reserva de petróleo do mundo e beneficiado pelo preço internacional de US$
99 por barril, o país convive com três taxas oficiais de câmbio e a escassez de
produtos básicos. Em meio aos protestos contra o governo, a população encara a
depressão econômica, a inflação recorde na América Latina e o desmonte da
PDVSA.
“Nenhum país da região, nem mesmo a
Argentina, vive tamanha disfunção econômica”,
resume o economista Orlando Ochoa, que coordenou um relatório com outros 46
colegas, em janeiro. O texto concluiu que o governo embarcou em um “círculo
vicioso de práticas incapazes de prover estabilidade econômica à Venezuela”.
A
fatura desse quadro cai na escrivaninha de Maduro, eleito em 2013 para suceder
Chávez. A oposição e, cada vez mais, os setores populares têm exigido mudanças
na área econômica. A resposta do governo aos protestos nas ruas tem sido a
repressão.
Esse
quadro e todos os demais indicadores negativos estão vinculados ao drama da
PDVSA e à dependência do petróleo. A
exportação petroleira responde por 96,3% do total embarcado — nível mais alto
desde 1950. Segundo o economista José Toro Hardy, em 1998 a estatal
projetava produção de 5,5 milhões de barris ao dia até 2003.
Esse nível nunca foi alcançado. São 2,8 milhões diários. O relatório
organizado por Ochoa diz ser menos, 2,6 milhões de barris ao dia.
Nos
últimos 15 anos, o número de
funcionários saltou de 20 mil para 110 mil, e a estatal tornou-se dona das
redes de supermercados populares Pdval e Mercal. “O principal negócio da
PDVSA deixou de ser o petróleo.
A eficiência
caiu e sua dívida total é estimada hoje em US$ 120 bilhões”, afirmou Hardy.
Assim
como há menos dólares gerados pela PDVSA, há menos imposto pago. A dívida pública consolidada saltou de US$
32 bilhões, em 1998, para US$ 204 bilhões, em 2013. A redução desse passivo
não está no horizonte. Ainda assim, a gasolina continua subsidiada e custa R$
0,01 por litro.
O Estado de S. Paulo, Denise Chrispim Marin
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