Índios bloqueiam rodovia em MT
e cobram até R$ 200 de pedágio
DHIEGO MAIA
Um grupo de pelo menos 50 índios da etnia enawenê-nawê bloqueia há cinco
dias uma estrada na noroeste de Mato Grosso, cobrando taxas de até R$ 200 pela
passagem.
Com grandes toras de madeira impedindo o tráfego de veículos, os índios
mantêm o piquete na MT-170, numa ponte sobre o rio Juruena. Reivindicam
melhorias nas estradas que cortam as aldeias da região.
Segundo a Polícia Militar em Juína (cidade a 60 km do protesto), os índios
usam armas arcos, flechas e tacapes para intimidar os motoristas.
No sistema de cobrança instituído pelos índios, a taxa varia conforme o
porte do veículo, segundo Anderson Luiz da Silva, comandante da PM em Juína: R$
50 para motos, R$ 100 para carros de passeio e R$ 200 para veículos pesados,
como ônibus e caminhões.
"O protesto é diuturno. Não para em nenhum momento do dia", disse
o policial.
Um acampamento montado pelos índios às margens da rodovia dá suporte à
manifestação.
REIVINDICAÇÃO
Devido à intensidade das chuvas na região, as estradas de terra que dão
acesso às comunidades ficam intransitáveis.
Segundo a PM, os índios apresentaram documentos que comprovariam que o
governo do Estado prorrogou por três vezes a conclusão de obras prometidas nas
vias.
"Eles disseram que nenhuma obra foi iniciada e que só sairão do local
quando a reivindicação for atendida", afirmou Maykon Sales, porta-voz do
8º Comando Regional da Polícia Militar.
Apesar do transtorno, a Polícia Civil em Juína disse não ter recebido
registro de conflitos até o momento. Também informou que não há grandes
congestionamentos no local.
Apenas ônibus escolares, carros policiais e ambulâncias conseguem passar
pelo bloqueio sem pagar.
Para evitar o bloqueio, o motorista que segue para Cuiabá teria que
aumentar o percurso em até 1.000 km.
"Não compensa fazer todo esse esforço. Quem está por aqui acaba
pagando o que eles querem", disse o comandante da PM em Juína.
Os enawenê-nawês vivem às margens do rio Iquê, afluente do rio Juruena.
Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), a população da etnia é
estimada em 560 indivíduos.
Os enawenê-nawês mantêm há anos um bloqueio permanente na rodovia BR-174,
que passa dentro da reserva indígena.
Lá, eles cobram entre R$ 25 e R$ 50 aos motoristas que passam pelo local.
Dizem que o pedágio custeia serviços de saúde e melhorias nas aldeias.
OUTRO LADO
A reportagem não localizou nesta terça-feira (7) representantes da
Secretaria de Transporte de Mato Grosso para comentar a reivindicação dos
índios.
A Funai também foi procurada, mas até a publicação dessa reportagem não
havia se manifestado sobre a manifestação.
OESP
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