“Volume morto”, eleições e safra agrícola (3)
Helio Brambilla
Pretendo encerrar hoje a análise dos altos riscos que vêm passando os agropecuaristas no Brasil. Entre eles se encontra a insegurança
jurídica, aliás, o que lhes acarreta maiores danos, além das contínuas ameaças de invasões
por parte do MST, das acusações de trabalho escravo, de degradação do meio
ambiente, de o proprietário rural não passar de um intruso em terras de índios ou de quilombolas.
O déficit do setor elétrico chega 100 bilhões de
reais e poderia ser possantemente auxiliado pelo agronegócio. Só a cogeração de
energia a partir do bagaço de cana poderia gerar mais que Itaipu, justo no
tempo menos chuvoso. No momento, as hidrelétricas estão gerando apenas 20% de
sua capacidade.
O setor canavieiro só não produz toda a energia
possível porque o governo oferecia até há pouco tempo menos de 200 reais o KW/h.
Com a crise atual passou a pagar às termoelétricas 800 reais o KW/h e, quando
movidas a diesel, o valor já ultrapassa os 1000 reais o KW/hora.
Outro dado preocupante quanto aos combustíveis é
que a Petrobrás sempre foi uma empresa rentável. Depois de ter sido "aparelhada"
pelo governo para se tornar instrumento político, para segurar a inflação, por
exemplo, a defasagem dos preços vem gerando déficit enorme em suas contas, sem
contar a roubalheira.
Com a defasagem dos preços dos combustíveis foi
estabelecido um “tabelamento branco” do etanol que ficou com um preço
totalmente defasado levando à ruína financeira quase um terço das usinas sucroalcooleiras,
além de fazer com que cerca de um milhão de funcionários fossem dispensados. De
exportador de etanol, o país passará a importar 600 milhões de litros.
O setor canavieiro também sofreu muito com a seca
do sudeste que o levou a diminuição de 50 milhões de toneladas de cana colhida,
o equivalente a toda safra do nordeste brasileiro. Para não me alongar, citamos
de passagem o que todos os leitores já sabem, isto é, a total falência de nossa
estrutura básica.
Portos com filas gigantescas de caminhões, navios
esperando até 60 dias para cargas e descargas, estradas em péssimas condições,
ferrovias já várias vezes inauguradas e que ainda não transportam nada. E ainda
mais, tem os seus dormentes e trilhos roubados.
E apesar de as hidrovias não terem saído do papel,
o setor do agronegócio vem prosperando apesar do governo e graças a força
propulsora dos nossos valorosos produtores rurais que diuturnamente, com chuva
ou sem ela, continuam a cultivar este país continente.
Que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do
Brasil, miraculosamente encontrada nas águas outrora puras do Rio Paraíba, não
permita que perdure a seca que compromete os nossos mananciais, e, sobretudo,
livre o Brasil do lodo moral no qual se acha atolado.
Invoquemos a Ela para que nos mande chuva para que os
seus filhos tenham a sua sede aplacada e colheitas abundantes, também para que do
Oiapoque ao Chuí os brasileiros recebam uma chuva de graças num país sempre irmanado
e não dividido, como apregoam aqueles que querem romper com a sua vocação
providencial.
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