Análise: Governo Dilma enfrenta pior crise
IGOR GIELOW
Folha de São Paulo
(Resumo do Blog)
Com a nova fase da Operação Lava Jato e
a implosão da Petrobrás, o governo Dilma enfrenta sua
maior crise – e ela está apenas no começo. O fato é que a
presidente terá muita dificuldade de dissociar-se do mar de óleo
viscoso da corrupção que sob os porões da
Petrobras.
Há clareza de todas as pontas e
intermediários de uma teia criminosa: altos executivos das financiadoras de campanha foram presos, corruptos,
corruptores e os agentes que operavam para eles foram pegos.
Claro que ainda falta
a cereja do bolo: os políticos que se beneficiaram do esquema. Até aqui, os
nomes que circulam por Brasília e o tamanho de seu envolvimento ensejam a
construção de uma ala nova na Papuda.
O clima é de pânico e o momento está próximo.
O governo provará que não irá atrapalhar as investigações,
como Dilma repete a todo momento. A intimidação promovida pelo ministro da
Justiça contra delegados que expressaram opiniões políticas em redes sociais
fechadas não pareceu um começo promissor.
Além disso, o
Planalto parece perdido com o escopo da desintegração da credibilidade da
Petrobras no mercado.
A trapalhada sobre o adiamento de seu balanço, que
simplesmente não passou pelo crivo das auditorias, fez as ações da empresa
derreterem.
Sob investigação em
um ambiente ainda mais rígido, o mercado norte-americano, há um risco de dano
permanente à petroleira.
Para completar o
quadro, Dilma não teve um dia de paz desde que foi reeleita em 26 de outubro.
Enfrenta uma rebelião de sua base no Congresso liderada pelo PMDB. Escancarou o
que ela nega ser estelionato eleitoral: a adoção de uma agenda econômica não
muito diferente daquela que Aécio Neves aplicaria caso a tivesse derrotado nas urnas.
Muito mais grave, o
governo assumiu que estava a maquiar o buraco nas contas públicas e propôs ao
Congresso uma gambiarra na Lei de Diretrizes Orçamentárias que lembra o
proverbial "devo, não nego, pago quando puder".
É sob esta tormenta
que a presidente terá de convencer a opinião pública de que seu governo não
sabia das coisas escandalosas que ocorriam na Petrobras.
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