DEM questiona
acordo MST-Venezuela
Deputado pede no Congresso que ministros sejam convocados para
esclarecer convênio entre movimento e governo do país vizinho
O
deputado e senador eleito Ronaldo Caiado (DEM-GO) apresentou requerimento na
Câmara para convocar os ministros Laudemir André Müller (Desenvolvimento
Agrário) e Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores) para prestarem
esclarecimentos sobre acordo assinado no fim do mês passado entre o Movimento
dos Sem Terra e o governo da Venezuela. Segundo o MST, o acordo visa a troca de
experiências entre a entidade e o país vizinho na área de agroecologia.
Caiado
disse ao Estado que, a julgar pelas declarações feitas por
Elias Jaua Milano, ministro das Comunas e Movimentos Sociais da Venezuela, o
acordo constitui uma ameaça aos interesses internos do Brasil. "Pelo que
vi, tem mais a ver com formação de milícias. Estão chamando um professor para
dar aula de revolução em nosso País", afirmou. A justificativa para a
convocação dos ministros é que o governo brasileiro repassa verbas públicas
para entidades ligadas ao MST.
O
acordo foi assinado durante um encontro entre o ministro venezuelano e
lideranças do MST na sede da Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema,
na Grande São Paulo. A escola, administrada pelos sem-terra, é utilizada principalmente
para cursos políticos de formação de lideranças.
O
MST não divulgou o encontro e a assinatura do convênio. Mas o governo da
Venezuela tratou de veicular informações sobre o fato em seu site oficial e na
TV estatal Telesur. Nos dois meios de comunicação foi destacado um trecho do
discurso feito por Milano em Guararema, no qual afirma que o intercâmbio de
informações visa "fortalecer o que é fundamental em uma revolução
socialista, que é a formação, a consciência e a organização do povo para defender
o que já conquistou e continuar avançando na construção de uma sociedade
socialista".
Foi
esse trecho da declaração que motivou a ação de Caiado. Ela surgiu logo após o
líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), ter protocolado no Ministério
da Justiça um pedido de abertura de investigações sobre outro episódio
envolvendo o venezuelano.
Arma. No dia 24, antevéspera da votação do 2.º
turno, a babá do filho do ministro chavista, Jeanette Del Carmen Anza, foi
presa no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, logo após ter sido
constatado que ela carregava numa maleta um revólver calibre 38. Ela disse à
polícia que a arma pertencia a Milano, que já se encontrava no Brasil.
A
babá foi liberada após o ministro reconhecer que a arma pertencia a ele e que o
seu transporte se deveu a um "erro involuntário" dela. Mesmo assim
Imbassahy quer que o caso seja apurado, alegando a possibilidade de crime
contra a segurança nacional e contra a ordem política e social. Ele apresentou
o pedido na sexta-feira.
Para
Caiado, é preciso analisar a sequência de acontecimentos políticos. "É
sintomático que, logo após o discurso de ódio que a Dilma (Rousseff) fez
durante a campanha, dividindo o Brasil entre os que não têm poder aquisitivo e
os que têm renda, esse representante do governo venezuelano venha aqui promover
um curso de revolução socialista com o MST. Para mim, isso está ligado à
formação de milícias, a essa quadro de violência e de agressividade que estamos
vendo", afirmou.
Fonte: OESP
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