quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Cá e lá (Rússia de Putin) más fadas há!


Tempestade econômica começa a atingir as ruas da Rússia de Putin



(Resumo) PILAR BONET Moscou (El País)


Os russos começaram a perceber a deterioração da economia. Não faltam alimentos, mas eles estão muito mais caros e menos variados que na mesma época do ano passado. 
Nos supermercados de Moscou as laranjas e melões sem identificação de origem (o que é ilegal) substituíram os cítricos espanhóis e as maçãs polonesas. 
Algumas pessoas comemoram a volta das uvas do Uzbequistão, antes ofuscadas pelas italianas, mesmo que a preço alto e, às vezes, com gosto de pesticida, mas outras pessoas temem que as hortaliças venham da China, o que consideram sinônimo de uso descontrolado de produtos químicos. 
O trigo sarraceno, cereal muito popular como café da manhã ou como acompanhamento, desapareceu do mercado para depois voltar com preço mais alto. Algumas grifes ocidentais de roupas fecham suas franquias, e a Moscou do luxo e do desperdício se vê obrigada a contar o dinheiro.
O colapso do preço do petróleo –principal fonte de divisas da Rússia–, a desvalorização do rublo e a geopolítica alimentam a crise, mas não são os únicos fatores, porque a economia russa começou a estagnar antes da escalada de sanções e contras sanções após a anexação da Crimeia e o conflito com o resto da Ucrânia. 
Hoje as grandes empresas russas têm restrições de acesso aos mercados financeiros ocidentais, e os produtos alimentícios da União Europeia e de outros países são vetados pelo Governo russo.
Os russos terão que conviver com as sanções durante anos, segundo Alekséi Kudrin, ex-ministro da Fazenda da Rússia, hoje dirigente de uma organização chamada Comitê de Iniciativas da Cidadania. 

Para que a economia avance nas atuais circunstâncias é necessário restabelecer a confiança na política e nas instituições, ou seja, democratizar, eliminar o excesso de regulamentação, acabar com o sistema de lobistas privilegiados que, sem querer mudar, pedem recursos do Fundo Nacional do Bem-estar, disse Kudrin em artigo no jornal Védomosti.

Os russos atribuem a piora da economia à queda dos preços do petróleo (45% dos entrevistados em sondagem do centro Levada) e às sanções (33%) e, em terceiro lugar, aos gastos para anexar a Crimeia e para dar apoio aos separatistas de Donetsk e de Lugansk (30%). Só depois (26%), à corrupção.
Cerca de 80% creem que a situação econômica vai piorar, e 61% não tem dinheiro guardado. Entre os que o têm, 80% poupam em rublos (contra 7% em dólares e 3% em euros).
Mas a Rússia não importa somente roupas e calçados (cerca de 90%), mas também 70% dos medicamentos.


Para Leonid, cientista aposentado que recebe 17.000 rublos (cerca de 830 reais) de pensão e gasta 5.000 rublos por mês em remédios, a perspectiva é inquietante. 

Não estão na mesma situação um aposentado ou um educador da pré-escola (na média da Rússia, 26.452 rublos, ou perto de 1.300 reais) e os funcionários da Administração Presidencial, com salário médio em setembro de mais de 216.000 rublos (10.500 reais) depois de aumento de 13,8%. 

E para que fique claro o contraste, o Ministério do Desenvolvimento Econômico estima aumento de 1,3% no salário real da Rússia para este ano e queda de 3,9% em 2015.

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