O MST é uma organização fundamental do Brasil ... no primeiro plano da organização dos agricultores. Stedile é o seu dirigente mais importante.
Marxista ligado à história da teologia da libertação, ele foi um dos organizadores
do Encontro Mundial de Movimentos Populares que ocorreu no Vaticano, quando sugeriu a canonização de “Santo Antônio… Gramsci”.
Segundo o jornal, o MST conta com 1,5 milhão de membros. Na Itália, antes do encontro no Vaticano, ele fez uma turnê de encontros apresentando o livro La lunga marcia dei senza terra (EMI Edizioni).
No sábado à tarde, foi visitar a Rimaflow, em Trezzano sul Naviglio, a fábrica recuperada que Stedile, diante de 300 pessoas, batizou como “embaixadora dos Sem-Terra em Milão”.
Pergunta: -- Como nasceu o encontro no Vaticano?
-- Mantemos relações com os movimentos sociais da Argentina, amigos de Francisco, com quem começamos a trabalhar no encontro mundial. Assim, reunimos 100 dirigentes populares de todo o mundo, sem confissões religiosas. A maioria não era católica. Um encontro muito proveitoso.
Pergunta: -- O senhor é de formação marxista. Qual a sua opinião sobre o papa e a iniciativa vaticana?
O papa deu uma grande contribuição, com um documento irrepreensível, mais à esquerda do que muitos de nós. Porque afirmou questões de princípio importantes como a reforma agrária, que não é só um problema econômico e político, mas também moral.
Ele condenou a grande propriedade. O
importante é a simbologia: em 2.000 anos, nenhum papa jamais organizou uma
reunião desse tipo.
Pergunta: O senhor foi um dos promotores dos Fóruns Sociais. Há uma substituição simbólica por parte do Vaticano em relação à esquerda?
... Eu não acho que há sobreposição, mas complementaridade. Em todo caso, assumo a autocrítica, como promotor do Fórum Social, do seu esgotamento e da sua incapacidade de criar uma assembleia mundial dos movimentos sociais.
Do encontro com Francisco, nascem duas iniciativas:
1) formar um espaço de diálogo permanente com o
Vaticano e, independentemente da Igreja, mas
aproveitando a reunião de Roma, 2) construir no futuro um espaço internacional
dos movimentos do mundo.
Para fazer o quê?
Para combater o capital financeiro, os bancos, as grandes multinacionais. Os “inimigos do povo” são esses. Como diria o papa, esse é o diabo.
Qual é a situação do Movimento dos Sem Terra hoje?
A nossa ideia, no início, era a de realizar o sonho de todo agricultor do século XX: a terra para todos, bater o latifúndio.
Mas o
capitalismo mudou, a concentração da terra também significa concentração das
tecnologias, da produção, das sementes. É inútil ocupar as terras se,
depois, produzirem transgênicos.
Não é mais suficiente repartir a terra, mas é
preciso uma alimentação para todos, e uma alimentação sadia e de qualidade.
Hoje visamos a uma reforma agrária integral,
e a nossa luta diz respeito a todos.
Por isso, é preciso uma ampla aliança com os
operários, os consumidores e também com a Igreja.
Somos aliados de qualquer pessoa que deseje a
mudança.
Do jornal Il Fatto Quotidiano (Resumo do Blog))
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