Ação entre 'amigos'
O
Estado de S.Paulo
Invasão
de propriedade particular pela manhã, visita ao Palácio do Planalto à tarde.
Esse foi o programa de ontem de algumas "camponesas". Depois de terem
feito diversas invasões de propriedades alheias nos últimos dias, sob a
coordenação do MST, algumas
militantes foram escolhidas para participar da cerimônia em que a presidente
Dilma Rousseff sancionou a Lei do Feminicídio.
O Planalto não tem
qualquer pudor em explicitar que, na sua ótica, a lei é apenas para os
inimigos. Para o lulopetismo, os laços de amizade - e de proximidade ideológica
- estão acima da leis do País e, independentemente dos delitos que cometa, o
MST será sempre bem recebido.
As
invasões do MST começaram na semana passada. Cerca
de mil militantes do movimento invadiram um centro de pesquisas da FuturaGene
Brasil, do Grupo Suzano Papel e Celulose, em Itapetininga (SP), e destruíram
estufas, mudas e material genético, além de pichar o local, clamando pela
"soberania alimentar".
No local invadido, realizavam-se estudos para
o desenvolvimento do eucalipto geneticamente modificado, batizado de H421.
Segundo a Suzano Papel e Celulose, os prejuízos ainda não foram calculados, mas
a depredação promovida pelo MST causou perdas de anos de desenvolvimento
biotecnológico.
Em
Brasília, o objetivo da ação do MST foi tumultuar a reunião da Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio), na qual se discutia a liberação de alguns
espécimes transgênicos. Cerca de 70 integrantes do movimento invadiram o
auditório utilizado pela CTNBio, conseguindo que a reunião fosse suspensa.
Dessa
forma, foi adiada a votação do pedido de liberação comercial do eucalipto
transgênico produzido pela FuturaGene Brasil para a próxima reunião da
comissão, no dia 9 de abril. A ação do MST não conseguiu impedir, no entanto,
que fosse autorizada a comercialização de duas variedades de milho
geneticamente modificado.
Ontem,
a ação do MST começou no Estado de Goiás. Às 6 horas da manhã,
"camponesas" invadiram a unidade fabril da empresa Bunge, no
município de Luziânia.
O protesto dirigia-se contra "o agronegócio, o
capital estrangeiro e o uso intensivo de agrotóxicos e de transgênicos".
As militantes impediram a entrada dos empregados da empresa e picharam a
fachada da unidade.
Outras
ativistas do movimento foram designadas para ocupar a Secretaria da Fazenda do
Estado de Goiás, reivindicando a aprovação da Lei do Fortalecimento da
Agricultura Familiar e Camponesa.
No
Tocantins, o MST mobilizou 250 mulheres para o bloqueio da Rodovia
Belém-Brasília, na altura da cidade de Guaraí. Em Alagoas, outras mulheres
ocuparam a superintendência do Ministério da Agricultura.
Segundo
o MST, essas invasões faziam parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres
Camponesas, como forma de comemorar o Dia Internacional da Mulher.
Com mais de
30 anos de existência, já era hora de o MST saber que numa sociedade
democrática não se emprega a violência na defesa de uma causa. Há outros meios
civilizados disponíveis.
O movimento, no entanto, faz questão de reafirmar
constantemente que a sua história sempre foi e continua sendo uma história de
desrespeito à lei e de agressão a quem pensa de forma diversa.
Diante
de tais ações criminosas, era de esperar que o poder público cumprisse o seu
papel, assegurando o respeito ao Estado de Direito e fazendo valer as leis
vigentes no País.
No entanto, o que se viu foi o oposto. Após a invasão da
empresa Bunge em Goiás, seis ônibus levaram as "camponesas" até o
Palácio do Planalto e lá passaram bons momentos com a presidente Dilma. Entre
amigas.
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