FHC = balde de água fria nos indignados com o PT
“Como é que um partido pode pedir um impeachment antes de ter um fato concreto?”
Com essa e outras frases semelhantes o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra
do PSDB, jogou um balde de água fria nas movimentações de seu partido nos
últimos dias para tentar encorpar juridicamente o pedido de afastamento da
presidenta Dilma Rousseff.
"Impeachment não pode ser tese. Ou houve razão
objetiva ou não houve. Quem diz que houve razão objetiva é Justiça, é a
polícia. Os partidos não podem se antecipar a tudo isso. Não tem sentido. Não
pode transformar seu eventual desejo de que talvez fosse melhor outro governo,
e não pode fazê-lo fora das regras da democracia. Qualquer outra coisa é
precipitação", detalhou FHC, após ser um dos palestrantes do 14ª Fórum de
Comandatuba, um encontro anual de grandes empresários, políticos e celebridades
no sul da Bahia.
A declaração do ex-presidente, ele próprio alvo de
pedidos de impeachment movidos pelo PT quando estava na presidência, é
sintomática da espécie de “crise de identidade” do principal partido de
oposição, que luta para continuar como porta-voz do anti-petismo enquanto sofre
com a pressão de grupos mais radicais à frente dos protestos, num balé político
que guarda semelhança com a relação entre o Partido Republicano e os radicais
do Tea Party no EUA.
A semana que passou, no entanto, foi marcada por
uma inflexão, porque o senador Aécio Neves, ex-candidato a presidente pela
sigla, passou a dizer que existia indícios de motivo "extremamente
forte" para oimpeachment de Dilma. O senador se referia à
reportagem da Folha de S. Paulo que sustenta que a CGU (Corregedoria Geral da
União) teria adiado uma investigação com o suposto objetivo de proteger a
candidata petista durante a eleição. Aécio tem apoio da bancada do partido na
Câmara, onde começa a tramitação de qualquer pedido de afastamento.
O ex-presidente foi contestado pelo líder tucano no
Senado no próprio evento. O senador Cássio Cunha Lima pediu a palavra para
reiterar a intenção do partido de articular um pedido de impeachment de Dilma
com base, agora, num apontamento do Tribunal de Contas da União (TCU) de
que houve manobra fiscal ilegal no ano passado. Foi calorosamente aplaudido.
Já o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, seguiu,
como no sábado, argumentando que a manobra fiscal (pedaladas) não é suficiente
para embasar um pedido de impedimento da presidenta. Cunha é o responsável por
acatar ou rejeitar o requerimento de impeachment.
FHC ironizou a decisão do partido de Dilma de vetar doações de
empresas privadas após a prisão de seu tesoureiro, investigado no
escândalo de corrupção da Petrobras. "Depois da porta arrombada ele quer
fechar a porta? Nāo dá. É uma proposta fora de momento. Isso é jogada
política."
Para ele, o PSDB deve limitar o valor das doações
de pessoas físicas ou empresas. Argumentou que só haverá sucesso na estratégia
de diminuir corrupção se houver limite também para os gastos de campanha.
Fora d’água
As declarações de FHC contrastam também com as do anfitrião do evento na
Bahia, o empresário João Doria Junior, que defende que se deve pedir o
impeachment. Doria anunciou no palco que o líder do grupo anti-Dilma Vem Pra Rua, Rogerio Chequer, participaria
da mesa principal de discussão na tarde este domingo.
Fonte: El País (Espanha)
Comentário do Blog: Entre um "academismo" e outro em meio às águas tempestuosos num leito cheio de pedras... quem apanha é o peixe, perdão, o povo brasileiro...
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