O SR. MISAEL
VARELLA (DEM-MG. Pronuncia o
seguinte discurso [18/5/15 Câmara dos Deputados]
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais de 200
milhões de toneladas de grãos – entendidos como tais cereais, leguminosas e
oleaginosas – estão previstos para a próxima safra, quando a agricultura
brasileira deverá ultrapassar um marco histórico.
Com efeito, há pelo menos
quatro décadas que o Brasil deixou de ser conhecido pelas suas monoculturas de
café e cana-de-açúcar para se tornar referência mundial nesse campo complexo do
agronegócio.
Celso Ming em seu artigo Agro-recorde [in OESP] mostra
que em apenas dez anos, a produção de grãos aumentou 62% e a de cana-de-açúcar,
66%, com um crescimento de apenas 19,2% da área plantada, o que mostra o enorme
incremento de produtividade.
Isso aconteceu não somente por meio de incorporação
de tecnologias modernas de seleção de sementes, preparo de solo, plantio,
armazenamento e processamento, mas reflete avanço da mentalidade empresarial do
setor, que abrange não apenas empresas, mas também a agricultura familiar.
Aqui, o agronegócio não é regado a subsídios
como acontece na maioria dos países ricos. Se hoje conta com boa oferta de
crédito é também porque é merecedor, pois vem obtendo sucesso num ambiente
hostil em que outros setores, especialmente a indústria, vêm se dando mal.
Avança a despeito da política econômica muitas
vezes predatória. Nos últimos dez anos, por exemplo, o governo sangrou o setor
sucroalcooleiro com sua política de represamento dos preços dos combustíveis.
Nada menos que 60 usinas foram obrigada a fechar suas portas desde 2009, cerca
de outras 70 se acham em recuperação judicial e sabe-se lá quantas mal
conseguem sobreviver.
Centros de decisão importantes do governo
trabalharam contra o uso de sementes geneticamente modificadas (transgênicas) e
atrasaram o desenvolvimento da Embrapa nessa área.
Sr. Presidente, o agronegócio se tornou um setor
vencedor a despeito da infraestrutura sucateada ou inexistente no país, que
atravanca os corredores de exportação no auge da safra.
Ademais, enfrenta o
alto custo Brasil, mas apesar disso segue batendo recordes
mesmo convivendo com o forte período de estiagem que vem assolando o nosso
país-continente.
Mas não dá para ignorar, igualmente, que o
sucesso do nosso agronegócio vem esvaziando e sepultando os escusos movimentos
que diziam lutar por uma Reforma Agrária. Graças a Deus.
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