Seria melhor se tivessem rompido a aliança
LU AIKO
OTTA - O ESTADO DE S. PAULO
Brasília - Hostilizado neste
sábado no encerramento do congresso do PT, o presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha utilizou a rede social Twitter para atacar e
ironizar o partido da presidente Dilma Rousseff.
“O PMDB está cansado de ser agredido
pelo PT constantemente e é por isso que declarei ao Estadão que essa aliança não se repetirá”, afirmou o
parlamentar, referindo-se à entrevista exclusiva publicada na edição deste
domingo, 14, do jornal.
“Talvez tivesse sido melhor que
eles aprovassem no congresso o fim da aliança e não sei se num congresso do
PMDB terão a mesma sorte”, ameaçou. “No momento temos compromisso com o País e
a estabilidade, mas isso não quer dizer que vamos nos submeter à humilhação do
PT.”
Irônico, o deputado comentou que
ficaria preocupado se tivesse sido aplaudido pelos petistas, pois esse seria um
sinal de que estaria fazendo tudo errado. “E mais uma vez agradeço as
hostilidades”, atacou. “E se estão com raiva da pauta, ao invés disso busquem
debater e convencer das suas posições e não agredir.”
Os comentários foram feitos em
resposta ao deputado Carlos Zarattini (PT-SP), que no congresso do PT chamou
Cunha de “oportunista de ocasião”. Os petistas chegaram a analisar, naquela
reunião, uma proposta de ruptura da aliança com o PMDB.
A proposta foi rejeitada,
mas a emenda que a propunha chamava o presidente da Câmara de “sabotador do
governo” e, na ocasião, houve militantes que gritaram “fora, Cunha!”.
Sem citar o nome de Zarattini,
Cunha escreveu no Twitter que o deputado que o chamou de oportunista “era vice-líder
do governo e relator da MP 664 que tratava do ajuste fiscal e aonde tinha a
emenda de mudança do fator previdenciário.”
Como relator, Zarattini
posicionou-se contra a emenda, contou. Porém, depois, votou a favor dela. A
posição contrária à defendida pelo governo custou-lhe o posto de vice-líder.
“Quem é então o oportunista de ocasião?”, questionou Cunha.
Ele aproveitou para dizer que não
são justas as críticas que tem recebido por desengavetar matérias que estão há
anos aguardando apreciação pelos deputados. “Continuarei pautando e ainda não
conheço uma maneira melhor do que a democracia, onde a maioria aprova ou
derrota alguma matéria” avisou.
Cunha afirmou, ainda, que não
censurará a manifestação de opinião de parlamentares a respeito de religião.
“Ter o Estado laico não significa ter de proibir os parlamentares de se
manifestarem nas suas crenças”, defendeu.
Ele observou que não há críticas se
pessoas invadem o plenário “batendo panela ou cantando samba”, ou se são
estendidas faixas contra uma matéria. “Mas basta serem de de alguma crença
religiosa aí criticam a manifestação de opinião.”
No seu entendimento, o papel do
presidente da Câmara não é “fazer juízo de censura”, e sim manter a ordem e o
respeito em plenário. “Os eventuais abusos e a eventual quebra de decoro tem
previsão regimental de punição”, frisou. “Basta representarem.”
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