O general Eduardo Villas Bôas em audiência no Senado
O Brasil tem um déficit de soberania sobre a Região Amazônica. A advertência
foi feita por ninguém menos que o comandante do Exército Brasileiro, general
Eduardo Villas Bôas, em recente audiência pública realizada pela Comissão de
Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, para analisar o controle de
fronteiras e o combate ao tráfico de drogas e armas na região.
Na ocasião, ele
destacou a necessidade de se ter uma maior atenção com a atuação das ONGs internacionais
que operam no País e ressaltou a ameaça representada pelo projeto do
"corredor ecológico" proposto pelo governo da Colômbia.
De acordo com Villas Bôas, os militares estão apreensivos em relação a
situações que limitam a autoridade do País em relação a questões estratégicas
para o desenvolvimento da região, além de atender às aspirações dos brasileiros
- em especial os da população da Região Amazônica.
Como exemplo, citou o plano
do "Corredor Triplo A" proposto ao Congresso de seu país pelo presidente
da Colômbia, Juan Manuel Santos, para a criação de uma zona de preservação
ecológica dos Andes até o Oceano Atlântico, que, se implementada, poderá
"esterilizar" 1,35 milhão de quilômetros quadrados dos territórios da
Colômbia, Brasil e Venezuela.
A intenção é apresentar o projeto para a análise
da 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima (COP-21), a ser realizada em Paris, em dezembro (ver mapa -
Alerta Científico e Ambiental, 30/04/2015).
Mapa do Corredor Triplo A proposto pelo governo da Colômbia
O general lembrou que a Amazônia representa 62% do território brasileiro e a
eventual criação do "corredor" inviabilizaria a exploração de
recursos naturais avaliados em mais de 23 trilhões de dólares, como reservas de
minérios raros e biodiversidade.
Ele aproveitou para se posicionar contra as
propostas de se manterem os recursos naturais amazônicos "congelados"
para sempre, e disse acreditar ser possível conciliar a preservação ambiental
com o uso racional das riquezas da região.
Para ele, tal condição configura um
"déficit de soberania": "Esse déficit de soberania, esse
processo todo é como combater fantasmas, porque a gente não sabe de onde vêm, o
que são, o que fazem e quais são os seus objetivos, mas o resultado geral a
gente pode verificar (Agência Senado, 16/07/2015)."
A proposta do "Corredor Triplo A" foi concebida pela ONG britânica
Gaia International, cuja filial colombiana é a Fundación Gaia.
Além disso, Villas Bôas criticou o modelo atual de demarcação de terras
indígenas, com grande concentração na Amazônia, inclusive, em áreas com forte
concentração de riquezas minerais: "Não sou contra unidades de conservação
em terras indígenas. (...) mas temos que compatibilizar esse objetivo com a
exploração dos recursos naturais."
A falta de projetos que permitam que a exploração das riquezas naturais
amazônicas seja feita de forma organizada e com fiscalização, observou, é um
problema que tem provocado o contrabando ilegal desses mesmos recursos.
Como
exemplo, citou o caso da exploração ilícita de diamantes cor-de-rosa em terras
indígenas de Rondônia, que continuam sendo extraídos e exportados sem qualquer
controle. "Isso é uma hemorragia; são riquezas que o país perde, que sai
pelas estruturas de contrabando, e o país não se beneficia em nada com
isso", questionou.
O comandante também expôs a situação do narcotráfico na região amazônica, e
observou que o Brasil é usado como corredor de passagem de cocaína para o
exterior, por fazer fronteira com os três maiores produtores da droga no mundo:
Colômbia, Peru e Bolívia.
Villas Bôas informou que foram identificadas e
destruídas pequenas plantações de coca no interior de nosso território, e que
há informações da ação de traficantes brasileiros e mexicanos na Amazônia:
"Já foi detectada a presença de cartéis mexicanos, aqui, na Colômbia e no
Peru. O cartel mexicano tem um modus operandi extremamente violento, e essa
violência já começa a transbordar para o nosso lado."
Já o tráfico de armas, é mais presente em fronteiras no Sul do país, afirmou. Para proporcionar um monitoramento mais efetivo das fronteiras, principalmente
na Amazônia, está sendo implantado o Sistema Integrado de Monitoramento de
Fronteiras (Sisfron), desenvolvido pelo Exército e composto de sistemas de
comunicação, radares e veículos aéreos não tripulados (Vants), com 70% de
tecnologia nacional.
O sistema começou a ser implantado em Mato Grosso, com
previsão de conclusão em todo o País para 2023, embora possa haver atrasos,
devido aos cortes orçamentários do governo federal, observou Villas Bôas.
O sistema pode recuperar o investimento realizado em dez anos, contribuindo
para uma economia de mais de R$ 13 bilhões em gastos com segurança, nesse
período.
É de extrema relevância uma autoridade com a responsabilidade do comandante do
Exército venha a público denunciar o caráter danoso do radicalismo
ambientalista-indigenista praticado pelo aparato internacional de ONG que, há
mais de duas décadas, colocou o Brasil na sua alça de mira.
Aguardemos para
observar as repercussões relevantes na cúpula do governo federal, principalmente,
no tocante às propostas que serão apresentadas na COP-21.
Fonte: Sem medo da verdade
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