Quilombolas
podem parar atividades da Aracruz Celulose (Fibria) a qualquer momento
Venceu no dia 24 último o prazo para que a Justiça Estadual
soltasse quatro quilombolas presos sob a acusação de roubar galhos de
eucalipto da Aracruz Celulose (Fibria).
A qualquer momento os quilombolas de
Conceição da Barra e São Mateus podem parar a produção de mudas e embarque de
eucalipto na unidade da empresa às margens da BR-101, próximo ao trevo de
Conceição da Barra, norte do Espírito Santo.
Lideranças quilombolas informaram que os presos não
vão ser mantidos no cárcere. Afirmam que estão dispostos a lutar por eles, e
lembram que a Aracruz Celulose subverteu a situação para acusar de roubo os
donos das terras, usurpadas desde a década de 1960.
Estas terras são exploradas
com plantios de eucalipto, que acabaram com a água e com o solo da
região. Os quilombolas não têm como subsistir com suas práticas tradicionais,
como o plantio de mandioca.
As medidas que serão adotadas pelos quilombolas serão discutidas pela
comunidade em assembleia. Porém, há indicativo de que parem tudo que a
Aracruz Celulose (Fibria) mantém em Conceição da Barra. O dia e hora desta ação
ainda não foi revelado.
Na última quarta-feira (19), cerca de 500 quilombolas bloquearam a
BR-101 por 9 horas, no norte capixaba, protestando contra as prisões.
Durante o protesto, só passaram ambulâncias e veículos particulares socorrendo
doentes.
Além da prisão dos quatro, houve clara intervenção do governo do Estado,
apontada como terrorismo do governo do Espírito Santo, em favor da Aracruz
Celulose (Fibria). Foram empregados três dos quatro helicópteros do Estado em
rasantes sobre as casas dos quilombolas em Conceição da Barra durante uma tarde
inteira.
A prisão dos quatro quilombolas pôs em ação cerca de 30 policiais do
Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e a Corrupção (Nuroc) do
Espírito Santo. Transportados em oito viaturas, empregou armamento de guerra e
vasculhou casas dos moradores de São Domingos. Parte do efetivo, usava capuz
para não serem identificados durante a operação.
Em um dos casos parecidos, em 2009, a intervenção do MPF levou
a Justiça Federal a condenar o Estado a indenizar os quilombolas que sofreram a
violência da Policia Militar.
Também há reconhecimento federal de que o
território que a Aracruz Celulose (Fibria) explora foi tomado da comunidade
quilombola durante a ditadura militar.
Contudo, os favores à empresa em
detrimentos dos direitos dos quilombolas continuam até hoje.
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