Antônio
João vive tensão com onda
de invasões indígenas
Do Progresso
Diversas fazendas
foram invadidas por índios nos últimos dias e famílias do Distrito de Campestre
também foram expulsas. (Foto: Isaías Lobo)
O município de Antônio João, na fronteira com o
Paraguai, está mergulhado num clima de tensão depois de uma onda de invasões de
fazendas por índios que reivindicam as terras particulares, algumas delas
escrituradas há quase um século.
O prefeito Selso Lozano (PT) afirma que, além
de nove fazendas, os indígenas invadiram residências do distrito de Campestre e
expulsaram 40 famílias. A invasão começou na fazenda Primavera, no fim de
semana, quando os índios fizerma o caseiro, a mulher dele e três funcionários
reféns.
“Será que o governo Federal vai deixar acontecer uma tragédia anunciada
na questão de invasões de terras indígenas”, afirma Selso. Ele também conta que
enviou ofício para vários órgãos pedindo ajuda para resolver a situação, mas
está faltando apoio governamental para acabar com a crise fundiária no
município.
A situação chegou ao extremo de os próprios índios fotografarem as
ações durante as invasões e postarem no facebook. Um desses endereços
eletrônicos é do indígena Isaías Lobo do Vale, que é professor em Antônio
João, e acompanhou a invasão à Fazenda Primavera. As imagens que ilustram essa
reportagem foram baixadas do facebook.
A advogado e antropóloga Roseli Maria Ruiz,
presidente do Sindicato Rural de Antônio João, denuncia que as invasões são
articuladas pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). “Nereu Schineider, do
Cimi, esteve no Distrito de Campestre dia 18 de agosto, com um veículo de
propriedade de um escritório de advocacia de Dourados e organizou tudo”,
denuncia.
Segundo ela, no dia seguinte os caciques que eram
contra as invasões foram destituídos e passou a vigorar a ordem de invadir
propriedades na região e a sede do município.
“Todas as promessas de invasão
foram cumpridas os índios ameaçam fechar as entradas de acesso a sede do
município e colocar fogo na cidade”, alerta Roseli Maria Ruiz.
“Diante de um
caos dessa magnitude não tenho ideia do que fazer para garantir a ordem,
contactamos todas as autoridades e poderes de polícia, mas até o momento não
tivemos respostas”, lamenta. “Infelizmente estamos vivendo esse terror de
desmando que o Cimi vem plantando com sucesso em todo o País”, completa Roseli
Maria Ruiz.
Com 95 propriedades rurais invadidas por indígenas,
Mato Grosso do Sul é atualmente o foco nacional dos conflitos fundiários. Com o
objetivo de debater os impactos do atual cenário de insegurança jurídica no
campo, Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul) realiza hoje uma
reunião com lideranças rurais e políticas, a partir das 10h, na sede da
instituição, em Campo Grande.
Em menos de dois meses, o quadro se
invasões no Estado aumentou consideravelmente, saindo de 88 para o atual
patamar de 95 propriedades. Na última quarta-feira, o presidente da Famasul,
Mauricio Saito, se reuniu com o presidente da Fundação Nacional do Índio
(Funai), João Pedro Gonçalves da Costa, no Ministério da Justiça.
A audiência
no Ministério foi agendada pelo deputado estadual João Grandão e previa a
participação do parlamentar e de lideranças indígenas que não compareceram ao
encontro. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, teve uma agenda no
Planalto e também não esteve presente.
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