A bondade venceu o ódio
Tenho lido, um pouco por toda parte, críticas ao voto dos deputados pró-impeachment que no último domingo, 17 de abril, o fizeram em nome de Deus, da Pátria, da família e dos filhos, entre outras menções.
Não morro de vergonha, antes pelo contrário, orgulho-me de dizer que, como brasileiro e como católico, estou do lado deles, embora saiba que muitos não são católicos, nem levam uma vida familiar consentânea com os sentimentos ali expressos. Mas estou com eles porque, com uma simplicidade e um modo de ser autenticamente brasileiros — não isentos em alguns de boa dose de caipirismo —, manifestaram com evocações familiares a preeminência destes valores sobre os demais, tendo sido esta uma das principais razões por que votavam, em consequência, pelo impedimento da presidente Dilma.
No entanto, aqueles que os criticam não têm a mesma censura em relação aos vitupérios de muitos deputados contrários ao impeachment, inclusive os de um sacerdote e de algumas viragos que vomitaram ódio revolucionário de causar estupor. Houve quem evocasse os sanguinários Lamarca, Marighella e outros comunistas de análogo jaez, a causa da Reforma Agrária socialista e os agitadores Sem-Terra. Porém, com isso, sem o perceberem, eles assustaram não só a opinião pública, mas também os parlamentares que ainda pudessem estar indecisos naquele momento. Que contraste com as evocações religiosas e familiares dos deputados pró-impeachment!
A índole do brasileira é cordata. Não gostamos de encrenca nem de carranca. Muito menos de ser enganados. Constituímos uma grande família, estabelecida num vasto território posto sob a égide do Cruzeiro do Sul e abençoado pelo Cristo Redentor. A irreligiosidade, a imoralidade, a mentira, a falta de cordura, o espírito de vingança, a ausência de amor à Pátria (cujos interesses foram substituídos pelos da ideologia do partido), o ódio entre classes e raças — tudo isso promovido durante 13 anos pela gestão petista —, refletiram-se em alguma medida nas fisionomias, nos gestos e nas palavras de certos parlamentares que defendiam o governo contra o pretenso “golpe”, levando ao resultado de 367 votos contra 137.
Lembrados de todas essas coisas negativas contrárias aos nossos sentimentos, aos nossos costumes e às nossas tradições, os lulopetistas se esqueceram do principal: que somos um povo bondoso e temente a Deus, amante da ordem e da paz, e que apesar de estarmos dispostos a dar até a última gota do nosso sangue para que nossa bandeira jamais seja vermelha, queremos despedir a presidente não com o ódio de que somos objeto, não com ameaças tipo “exército de Stédile”, mas com uma fórmula bem brasileira — “tchau, querida” —, uma das poucas expressões limpas que encheu de significado um diálogo sórdido entre Lula e Dilma.
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