Tem início a Conferência Internacional da Reforma Agrária
Reunidos
em Marabá, no Pará, cerca de 170 militantes de organizações sociais
camponesas, de várias partes do mundo, fazem memória dos 20 anos do Massacre de
Eldorado dos Carajás e discutem a conjuntura política e agrária mundial.
Cristiane
Passos*
Teve início
hoje (13) e segue até o dia 17 de abril, a Conferência Internacional da Reforma
Agrária, no Centro Pastoral Diocesano de Marabá, no Pará. O evento foi aberto
com uma mística que relembrou os 20 trabalhadores e trabalhadoras rurais sem
terra mortos em 17 de abril de 1996, na Curva do S, em Eldorado dos Carajás
(PA).
“Aqui,
essa terra, é palco de latifúndio, que concentra terra para o monocultivo. É
uma região que impede a viabilização da reforma agrária para garantir os
projetos minerários e monocultores”, disse Ayala, representante do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ao dar as boas vindas aos
participantes.
Marina
Santos, da direção nacional do MST, falou ao grupo da importância da realização
desta Conferência no Pará, no marco dos 20 anos do Massacre e, também, nesse
momento conturbado da política brasileira.
Neuri
Rosseto, da direção nacional do MST, fez uma
análise de conjuntura sobre a situação política do Brasil e suas consequências
para as lutas por terra, territórios e recursos. Segundo ele, a complexidade do
momento que vivemos é, também, resultado das lutas das classes trabalhadoras.
Esse seria um processo de reação da oposição diante das conquistas que a classe
trabalhadora obteve nos últimos anos. “Não podemos ver esse momento somente a
partir de uma perspectiva negativa”.
A
conjuntura mundial atual, segundo Rosseto, ainda é resultado de uma
grande derrota da classe trabalhadora. “Nós ainda sofremos as
consequências das transformações após a queda do bloco socialista”. A
reestruturação do mundo do capital, após a dissolução da União Soviética,
influenciou muito na realidade dos trabalhadores.
............
“Tempo
de recompor forças”
O
dirigente do MST destacou a importância de construir uma frente ampla das
classes populares, como se está fazendo na Frente Brasil Popular, como forma de
tentar novas formas de organização e de luta, na perspectiva da construção de
um projeto popular para o país.
.... o cenário
que se apresenta do futuro é de crise, qualquer que seja o resultado. A nossa
tarefa, portanto, é luta e mobilização, seja qual for o governo que fique.
Vamos defender esse governo, mas vamos também exigir mudanças na política que
está aí”, concluiu Rosseto.
*Assessora
de Comunicação da Comissão Pastoral da Terra (CPT) – coletivo de comunicação da
Conferência Internacional da Reforma Agrária
Fonte:
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