Após a despedida do
El Niño, produtores terão que enfrentar novos desafios trazidos pela La Niña
De acordo com
meteorologistas da Climatempo, o fenômeno causa seca e aumento de chuva no
Brasil, sendo prejudicial às plantações em diversas regiões do país
São Paulo, 20 de julho de 2016 – Definitivamente os produtores não
terão folga esse ano. Após sofrerem com os estragos causados pela influência do
El Niño, que durou de 2015 ao primeiro semestre de 2016, eles já podem se
preparar para a chegada da La Niña. De acordo com a Climatempo, o fenômeno
começa a se configurar no Pacífico a partir do início da primavera e as
plantações de diversas regiões poderão ser prejudicadas com sua influência.
Assim como o El Niño, sua ocorrência gera uma série de mudanças
significativas nos padrões de precipitação e temperatura ao redor da Terra. “A
La Niña é a fase fria de um fenômeno atmosférico-oceânico. Ela é caracterizada
pelo esfriamento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical”,
explica a meteorologista Bianca Lobo. Em outras palavras, a ocorrência deste
fenômeno altera toda circulação de umidade e calor ao redor do globo, alterando
ou potencializando características normais das estações do ano.
Por conta das diferentes influências em cada época do ano, os produtores
vão precisar planejar melhor os períodos de plantio. “As regiões Sul, Sudeste e
Centro-Oeste devem ter temperaturas de normal a ligeiramente acima da média, ou
seja, bem mais ameno do que nos últimos dois anos. Já o Norte e Nordeste devem
estar mais quentes, mas em relação ao ano anterior será mais ameno também”,
pontua o meteorologista da Climatempo, Alexandre Nascimento.
De acordo com ele, a La Niña deve estar configurada no Brasil a partir
de outubro e deve permanecer ao longo de 2017. As principais características
desse fenômeno para o período são calor dentro do normal, ou até um pouco
abaixo da média na maior parte do país, e chover mais do que a normalidade no
Nordeste e Norte. “Pode haver seca no Sul, mas só no período de
inverno/primavera”, destaca.
Culturas das regiões Norte, Nordeste e Sul podem ser prejudicadas
Com chuvas acima da normalidade no Nordeste e Norte, a agricultura pode
ser prejudicada. Cana-de-açúcar, principal produto produzido na região, além
das culturas de soja, algodão, caju, uvas finas, manga, melão e acerola devem
sofrer com o clima. Já no Norte, considerado uma fronteira agrícola do Brasil,
mandioca, milho e arroz, além de produtos de exportação, como a soja, podem ter
problemas.
Já a região Sul, principal produtora de trigo, soja e arroz, pode sofrer
grandes prejuízos com a seca. De acordo com dados da Embrapa, Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a soja é a principal cultura de grãos de
interesse econômico no Rio Grande do Sul, presente em mais de 80% dos
municípios, com cerca de cinco milhões de hectares. Por conta disso, a chegada
da La Niña preocupa bastante o público da região.
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