O atoleiro no caminho da supersafra
POR MÍRIAM LEITÃO
03/03/2017 09:55
O momento do agronegócio traz mais
uma contradição da economia brasileira. O país vai colher uma supersafra de
grãos neste ano, mas o escoamento problemático já provoca perdas. O setor
agrícola deveria tratar a logística como sua principal pauta, mas tem se
dedicado a outros assuntos que não fazem sentido.
A safra de grãos é chamada de “super”
porque será 20% maior em 2017. É uma das raras notícias boas da economia nesse
começo de ano. A expansão impulsiona o comércio exterior, melhora a renda
agrícola e gira outros setores da economia. Mas uma chuva mais forte piorou as
condições da BR-163, que liga as regiões produtoras de soja aos portos do
Norte, e o transporte da safra emperrou. Navios desistiram de esperar. O
prejuízo chega a R$ 350 milhões. O ministro Blairo Maggi disse que o “dinheiro
que estava na mesa está indo para o ralo”.
O agronegócio deveria brigar por
melhorias na infraestrutura do país ao invés de se dispersar em causas falsas.
Os ruralistas às vezes se mobilizam por pautas que não fazem sentido, como a
briga recente com a escola de samba que falava sobre a produção agrícola no
Xingu. Esses e outros assuntos, como a revisão das áreas de proteção, são
pautas em conflito com outras agendas da sociedade brasileira.
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