segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Rússia: economia "africana" sentada sobre 7 mil bombas atômicas


Rússia: uma economia “africana” que sonha

 com a URSS deitada sobre 7 mil bombas 

atômicas


Venda de pastéis perto da estrada de Novgorod

Segundo avaliação do jornal espanhol“El Mundo”, a Rússia é uma superpotência militar com uma economia terceiro-mundista. 


A Rússia está muito aquém da Espanha, pois tem o mesmo PIB (Produto Interior Bruto) e o triplo de população. Em outros termos, a renda per capita russa é um terço da espanhola.


Mais ainda, o PIB nominal per capita do Brasil – US$ 11.387 – está acima do russo: US$ 9.054. (Fonte: Brasil, WikipediaRússia, Wikipedia).  


Como as perspectivas econômicas russas são as piores, o jornal lhe aplica pejorativamente o carimbo de “país do Terceiro Mundo”.


Exporta petróleo, gás natural e mais algumas matérias-primas, mas tem que importar todo o resto, porque não produz quase nada. É o esquema de uma economia de país pobre, diz o jornal.


A exceção são as exportações de material militar, em grande parte destinada a antigos clientes da União Soviética, cujos exércitos só conhecem o armamento russo.


Mas esses compradores são cada vez menos confiáveis e se interessam sempre menos pelas antigualhas russas malgrado as melhorias cosméticas. 


A expectativa média de vida na Rússia (62-77 anos para os homens) é mais baixa que a da Bolívia (67-91 anos), com a diferença de que a população boliviana cresce dinamicamente, enquanto a russa diminui. 

A perspectiva russa, segundo a ONU, é de 24 milhões de habitantes a menos em 2100, enquanto a perspectiva da população boliviana nessa data beira um aumento aproximado de 600%. Confira: World Population Prospects 



Alimentação insuficiente e abuso de álcool diminuiu a expectativa de vida
Entrementes, não se entende por que a comunidade internacional ainda aceita a Rússia como uma grande potência econômica.


Só uma esclerosada visão da realidade russa poderia explicar essa crença, talvez influenciada por uma simpatia ideológica atávica ou alguma saudade do socialismo que a URSS encarnou outrora. 


Se Moscou influencia hoje o mundo é por causa do fascínio psicológico do sonho da URSS.


Ele se perpetua no Ocidente, ainda governado por regimes socialistas e manipulado por uma mídia cujos grandes títulos vão se fechando um a um porque descolados das respectivas opiniões públicas.


Outro dos poucos índices de grandeza que a Rússia ainda exibe é o mastodôntico aparato de defesa, espionagem, repressão e segurança em que Vladimir Putin fez carreira, e sem o qual o dono do Kremlin não duraria muito.


Fora disso, praticamente nada, martela “El Mundo”. A economia está militarizada, as receitas do país são etéreas como o gás que exporta e se evaporaram com a queda da cotação internacional do petróleo.


Talvez fosse mais apropriado comparar os dados macroeconômicos russos com certas economias africanas em vias de desenvolvimento – embora a Rússia não forneça muitos sinais de crescimento –, armadas até os dentes, com um ditador ferozmente agarrado ao poder e em pé de beligerância contra os vizinhos de etnia (de ideologia, no caso russo) diferente. 
O míssil Iskander (SS-26 para a NATO) de curto alcance pode levar cabeças nucleares.
A Rússia gasta desproporcionalmente em armas

Eriçada de nacionalismo anticapitalista e antiocidental, amargurada pelo fracasso da utopia de domínio universal soviético e com uma economia humilhantemente depauperada, a Rússia – que detém 7.000 bombas atômicas – é claramente um perigo, observa “El Mundo”.


Esse é mais um conjunto de fatores, por certo nada positivo, que explicaria a crença na Rússia-potência por efeito do medo.


O jeito certo seria reformar a economia para sair da decadência. Mas para o Kremlin isso equivale a reconhecer que não é grande potência.


Se Moscou adequar suas forças armadas às dimensões reais do país, a ideologia oficial e o modelo econômico ainda sovietizado não seriam mais sustentáveis. 


Com a cornucópia petrolífera, Vladimir Putin tentou que a Rússia crescesse anualmente 4% a 6%.
Hiper-nacionalista, saudosista da URSS, admirador de Stalin,
acuado pela crise econômica, Putin dispõe de 7.000 bombas atômicas


A alta cotação internacional do petróleo engrossou as caixas do Estado e alimentou uma fabulosa corrupção em todos os níveis. O país vivia de importados até que a bolha furou. 


O Estado distribuia indústrias em concessões e/ou monopólios para uma Nomenklatura de privilegiados oriundos unicamente do entorno de Vladimir Putin, que durarão em função de sua fidelidade ao líder e temerão sempre cair em desgraça. 

Com os ingressos rareando, o presidente e sua Nomenklatura seguiram esbanjado para manter cidades e instalações pesadas antieconômicas da era soviética para alimentar altas percentagens de popularidade.

Mas agora a torneira fechou, o petroestado ficou com a roupa do corpo.

Os capitais de estrangeiros e de magnatas putinistas levantaram voo, a moeda nacional espatifou-se, a invasão da Ucrânia cerceou ainda mais as entradas e multiplicou as despesas. 

Eis a Rússia, empobrecida, humilhada, acuada e agressiva. 

No fim, só resta o nacionalismo saudosista da URSS e 7.000 bombas atômicas.

Para o Ocidente, que acreditou na “queda do comunismo”, sobrou um pesadelo ameaçador.

E ele é chefiado por um coronel formado na KGB, admirador de Stalin e disposto a tudo para restaurar a grandeza material do império dos sovietes.




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