Rússia: uma economia “africana” que sonha
com a
URSS deitada sobre 7 mil bombas
atômicas
Venda de
pastéis perto da estrada de Novgorod
Segundo avaliação do jornal espanhol“El Mundo”, a Rússia é uma
superpotência militar com uma economia terceiro-mundista.
A Rússia está muito aquém da Espanha, pois tem o mesmo PIB (Produto Interior
Bruto) e o triplo de população. Em outros termos, a renda per
capita russa é um terço da espanhola.
Mais ainda, o PIB nominal per capita do Brasil – US$ 11.387 – está acima do
russo: US$ 9.054. (Fonte: Brasil, Wikipedia; Rússia,
Wikipedia).
Como as perspectivas econômicas russas são as piores, o jornal lhe aplica
pejorativamente o carimbo de “país do Terceiro Mundo”.
Exporta petróleo, gás natural e mais algumas matérias-primas, mas tem que
importar todo o resto, porque não produz quase nada. É o esquema de uma
economia de país pobre, diz o jornal.
A exceção são as exportações de material militar, em grande parte destinada a
antigos clientes da União Soviética, cujos exércitos só conhecem o armamento
russo.
Mas esses compradores são cada vez menos confiáveis e se interessam sempre
menos pelas antigualhas russas malgrado as melhorias cosméticas.
A expectativa média de vida na Rússia (62-77 anos para os homens) é mais baixa
que a da Bolívia (67-91 anos), com a diferença de que a população boliviana
cresce dinamicamente, enquanto a russa diminui.
A perspectiva russa, segundo a ONU, é de 24 milhões de habitantes a menos em
2100, enquanto a perspectiva da população boliviana nessa data beira um aumento
aproximado de 600%. Confira: World Population Prospects
Entrementes, não se entende por que a comunidade
internacional ainda aceita a Rússia como uma grande potência econômica.
Só uma esclerosada visão da realidade russa poderia explicar essa crença,
talvez influenciada por uma simpatia ideológica atávica ou alguma saudade do
socialismo que a URSS encarnou outrora.
Se Moscou influencia hoje o mundo é por causa do fascínio psicológico do sonho
da URSS.
Ele se perpetua no Ocidente, ainda governado por regimes socialistas e
manipulado por uma mídia cujos grandes títulos vão se fechando um a um porque
descolados das respectivas opiniões públicas.
Outro dos poucos índices de grandeza que a Rússia ainda exibe é o mastodôntico
aparato de defesa, espionagem, repressão e segurança em que Vladimir Putin fez
carreira, e sem o qual o dono do Kremlin não duraria muito.
Fora disso, praticamente nada, martela “El Mundo”. A economia está
militarizada, as receitas do país são etéreas como o gás que exporta e se
evaporaram com a queda da cotação internacional do petróleo.
Talvez fosse mais apropriado comparar os dados macroeconômicos russos com
certas economias africanas em vias de desenvolvimento – embora a Rússia não
forneça muitos sinais de crescimento –, armadas até os dentes, com um ditador
ferozmente agarrado ao poder e em pé de beligerância contra os vizinhos de
etnia (de ideologia, no caso russo) diferente.
A Rússia gasta desproporcionalmente em armas
Eriçada de nacionalismo anticapitalista e
antiocidental, amargurada pelo fracasso da utopia de domínio universal
soviético e com uma economia humilhantemente depauperada, a Rússia – que detém
7.000 bombas atômicas – é claramente um perigo, observa “El Mundo”.
Esse é mais um conjunto de fatores, por certo nada positivo, que explicaria a
crença na Rússia-potência por efeito do medo.
O jeito certo seria reformar a economia para sair da decadência. Mas para o
Kremlin isso equivale a reconhecer que não é grande potência.
Se Moscou adequar suas forças armadas às dimensões reais do país, a ideologia
oficial e o modelo econômico ainda sovietizado não seriam mais
sustentáveis.
Com a cornucópia petrolífera, Vladimir Putin tentou que a Rússia crescesse
anualmente 4% a 6%.
Hiper-nacionalista, saudosista da
URSS, admirador de Stalin,
acuado pela crise econômica, Putin dispõe de 7.000 bombas atômicas
A alta cotação internacional do petróleo engrossou as caixas do Estado e
alimentou uma fabulosa corrupção em todos os níveis. O país vivia de importados
até que a bolha furou.
O Estado distribuia indústrias em concessões e/ou monopólios para uma Nomenklatura de
privilegiados oriundos unicamente do entorno de Vladimir Putin, que durarão em
função de sua fidelidade ao líder e temerão sempre cair em desgraça.
Com os ingressos rareando, o presidente e sua Nomenklatura seguiram
esbanjado para manter cidades e instalações pesadas antieconômicas da era
soviética para alimentar altas percentagens de popularidade.
Mas agora a torneira fechou, o petroestado ficou com a roupa do corpo.
Os capitais de estrangeiros e de magnatas putinistas levantaram voo, a moeda nacional
espatifou-se, a invasão da Ucrânia cerceou ainda mais as entradas e multiplicou
as despesas.
Eis a Rússia, empobrecida, humilhada, acuada e agressiva.
No fim, só resta o nacionalismo saudosista da URSS e 7.000 bombas atômicas.
Para o Ocidente, que acreditou na “queda do comunismo”, sobrou um pesadelo
ameaçador.
E ele é chefiado por um coronel formado na KGB, admirador de Stalin e disposto
a tudo para restaurar a grandeza material do império dos sovietes.
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