segunda-feira, 12 de maio de 2008

Diálogo que vale a pena ler

Paraguai fará negócio da China com o Brasil!

Otacílio M. Guimarães se dirige a um Senador nos termos abaixo:

“Senhor Senador Cristóvão Buarque,

O Sr. afirmou da tribuna do Senado Federal:

'Não podemos simplesmente negar ao Paraguai o direito de pedir o reajuste. Nós não podemos esnobar o Paraguai. Até porque temos uma dívida com esse nosso país vizinho, já que há 138 anos matamos 300 mil de seus cidadãos [na Guerra do Paraguai]. Em proporção, seria como se matassem nove milhões de brasileiros - ponderou Cristóvão'.

É muito estranho, Senador, e causa preocupação ouvir de um Senador da república tal afirmativa. E é estranho por dois motivos:
a) O Sr. não tem conhecimento da História e está equivocado ao afirmar que o Brasil matou 300 mil paraguaios.
b) O Sr. tem conhecimento da História e, por conseguinte, está mentindo.

Ambas as hipóteses o desqualificam para exercer o alto cargo de Senador da república. Quando um Senador da república se dirige à Nação da tribuna do Senado Federal para afirmar uma asneira deste porte, francamente, não tem condições de estar onde está. Está trabalhando contra o País, contra o seu povo, quando o seu dever sagrado deveria ser o contrário.

A guerra do Paraguai, da qual o Sr. culpa o Brasil, inclusive imputando-lhe 300 mil mortes, foi provocada pelo ditador Solano Lopez, cujas ambições expansionistas o fizeram invadir a Argentina, que lhe negara o uso do seu território para chegar até Uruguaiana. A Argentina então declarou guerra ao Paraguai, dando início a um conflito ao qual se juntariam o Brasil e o Uruguai no que ficou conhecido como a Tríplice Aliança.

O Paraguai contava àquela altura com um exército de 77 mil homens, enquanto o efetivo brasileiro não passava de 18 mil, o que obrigou D. Pedro II a organizar apressadamente as forças brasileiras para fazer face à agressão.

Sem entrar em detalhes, para não me alongar, quero informá-lo que das 300 mil mortes de paraguaios que o Sr. imputa ao Brasil, a fome, a cólera e a malária foram responsáveis por 70%. Em combate mesmo, o Paraguai perdeu metade do seu exército, enquanto o Brasil perdeu 30 mil.

E as perdas paraguaias aconteceram em razão da estupidez do ditador Solano Lopez que, instado a se render posto que já estava derrotado, com Assunção invadida pelas tropas brasileiras, levou a guerra às últimas conseqüências conduzindo o que restava de suas tropas combalidas e, àquela altura composta de adolescentes e até crianças, a Cerro Corá, onde se deu a batalha final.

Solano Lopez jamais aceitou negociar a paz e a guerra só acabou com a sua morte. O Brasil não conquistou territórios do Paraguai, apenas reivindicou suas fronteiras anteriores. O tratado de paz, assinado em 9 de janeiro de 1872, estabeleceu dentre outras coisas, como a navegação livre pelo rio Paraguai, uma indenização a ser paga ao Brasil, dívida esta que foi perdoada em 1943 pelo governo brasileiro.

Vê-se, portanto, que o grande culpado pelo massacre do seu povo foi o próprio ditador Solano Lopez, tendo o Brasil apenas respondido à altura uma agressão sem sentido. Seguindo a lógica do seu raciocínio, os aliados da II Guerra Mundial devem pagar uma indenização à Alemanha pelo fato de Hitler ter perdido a guerra. Ainda seguindo a lógica do seu raciocínio, as atuais gerações devem pagar pelos erros por acaso cometidos por governantes em gerações passadas.

Assim, não me surpreenderia se o Sr. defendesse que a atual e futuras gerações de italianos continuem pagando aos países conquistados pelo Império Romano, pela avidez de seus imperadores.

Mas como o próprio presidente Lula já declarou, algumas vezes, que o Brasil tem uma dívida para com a África em razão da escravidão, nada mais me admira. Só quero declarar peremptoriamente que eu jamais possuí um escravo, assim como nenhum brasileiro vivo na atualidade.

Senador, acorde! O povo brasileiro atual, do passado e do futuro, pagaram, estão pagando e pagarão a enorme e infindável conta que lhes foi colocada sobre os ombros por uma plêiade de governantes irresponsáveis, corruptos e sem visão de futuro, incluindo o atual. E o Sr. ainda quer aumentar essa conta?

Quanto a Itaipu, Senador, foi o pior negócio feito pelo regime militar e é fácil de se explicar.
O complexo Itaipu foi totalmente custeado pelo Brasil. O Paraguai não desembolsou um centavo de guarani. O acordo firmado deu ao Paraguai o direito a 50% de toda a energia gerada pela usina. Como o Paraguai não tem capacidade para utilizar toda essa energia, o acordo estabeleceu que a sobra fosse vendida ao Brasil a preço de mercado, e não a preço de custo como estão dizendo alguns esquerdopatas. O Brasil sempre cumpriu rigorosamente a sua parte, pagando integralmente ao Paraguai o excedente desses 50% sem descontar sequer as despesas de manutenção da usina.

Pergunto-lhe, Senador: quem fez o melhor negócio? E quem ainda está usufruindo desse negócio da China? Com certeza não somos nós.

Talvez o Sr. ache mais justo o Brasil entregar a usina ao Paraguai de mão beijada e passar-lhe a comprar a energia de que necessita, a exemplo do que a Petrobrás fez com as duas refinarias de petróleo que ela instalou na Bolívia, tudo isto em nome da ideologia que une o atual governo brasileiro a los hermanos andinos.

Convém lembrar, Senador, que Itaipu custou 6 bilhões de dólares à época em que foi construída, dinheiro este tomado emprestado no exterior e pelo qual até hoje pagamos porque, compromissos como este, somados aos da construção de Brasília e outros que atenderam a megalomania de governos passados deram origem ao monstruoso endividamento que hoje impede o desenvolvimento do País.

Convém lembrar também que, caso o governo resolva atender a reivindicação do hermano, o preço da energia, que no Brasil custa mais caro do que a energia produzida por usinas nucleares em torno do mundo, terá de ser reajustado e quem pagará a conta será o povo brasileiro. A menos que o Sr. e seus pares da esquerda resolvam bancar a conta, o que com certeza não lhe passa pela cabeça.

É fácil, Senador, fazer proselitismo político demagógico com a carteira dos outros.
Convém lembrar também, Senador, que o contribuinte brasileiro, já escorchado por uma verdadeira derrama fiscal, lhe paga o salário e todas as suas mordomias para que o Sr. defenda o Brasil, e não estados alienígenas.

Dito isto, quero lhe dar uma sugestão: se o Sr. sinceramente quer fazer um bem ao Brasil e ao seu povo, renuncie ao seu mandato e volte à sua cátedra na Universidade. Lamentando pelos seus alunos.

Indignadas saudações,

Otacílio M. Guimarães’

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