Homenagem ao Cabo
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[...] Deixamos, por ora, de tratar a todos os brigadianos anônimos que garantem a paz do nosso cotidiano para focar naquele que – há exatos dezoito anos – nesse mesmo local e nesta mesma hora, onde hoje aqui nos reunimos, cumpriu textual e honrosamente o compromisso que assumiu perante a Bandeira do Brasil.
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Falamos do herói Valdeci de Abreu Lopes, então um bravo Soldado da Brigada Militar investido da não menos legítima delegação de guardião do estado democrático de direito restou tombado justamente na “esquina democrática”.
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Incluído nas fileiras da Brigada Militar em 07 de abril de 1983 foram necessários apenas sete anos, quatro meses e um dia para que o Soldado Valdeci fosse – no mais lídimo cumprimento do dever – guindado ao panteão dos heróis.
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Nascido em Viamão no dia 11 de agosto de 1962 contava com vinte e oito anos, onze meses e vinte e seis dias quando teve a vida covardemente ceifada pelo mal. Faltando somente quatro dias para comemorar o vigésimo nono aniversário o Soldado Valdeci foi brutalmente abatido num inexplicável combate fratricida.
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Foi, assim, prematuramente apartado da esposa e da filha que, à época, contava com apenas nove meses de idade. O seu sangue de herói não foi derramado em vão, pois passou a constituir-se no bálsamo que alivia o cansaço daqueles Brigadianos que cumprem extensas jornadas no combate ao crime.
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A coragem do Soldado Valdeci – diante dos inimigos que o supliciaram sem defesa – ficará eternamente plasmada na honrada farda bege lido animando a todo o Brigadiano para o enfrentamento dos entreveros do dia a dia.
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A última imagem no rosto do Soldado Valdeci foi de altivez e renúncia tal como dito na canção da Brigada Militar. Eia! Avante! Enfrenta o perigo! Oh! Brigada Militar!
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O rosto martirizado do herói Valdeci, na verdade, é o mesmo da própria Força Pública do Rio Grande do Sul, pois a Brigada Militar se ergue a cada dia por força de seus heróis. Em decorrência daquela ação de excepcional mérito o Soldado Valdeci foi postumamente promovido a Cabo.
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Como faz diuturnamente, está postada na esquina democrática a Brigada Militar. Decorridos dezoito anos, daquela fatídica manhã, aqui estão novamente os Brigadianos de pé e a ordem numa vigília respeitosa. Não para prantear um herói porque aos valentes que servem à Pátria não se admite tal prerrogativa, mas para enaltecer àquele que deu sua vida em honra da instituição que jurou defender.
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Cumprimos hoje com um dever cívico para com todos os habitantes do Rio Grande do Sul, os quais são defendidos diariamente pela Brigada Militar. Para com a própria Instituição Brigada Militar que conta com cento e setenta anos de relevantes serviços prestados a este torrão gaúcho. Para com a família do Cabo Valdeci, notadamente para com a viúva: Senhora Sônia de Oliveira Lopes e para com a filha: Senhorita Carina de Oliveira Lopes.
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Os gaúchos – e todos que escolheram esta terra para viver – te são muito gratos Cabo Valdeci de Abreu Lopes por ter cumprido tão fielmente o juramento feito diante da Flâmula da Pátria. Não há, absolutamente, pagamento aos heróis porque honra e valor não têm preço. Mas se existe algo que o povo desta terra sabe fazer muito bem: ser grato com aqueles que defendem a sua querência amada.
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Assim, nesse momento de rara solenidade, os mais de oito milhões de habitantes do Rio Grande do Sul te agradecem bravo Cabo Valdeci de Abreu Lopes. O fazem de uma forma singular e superlativa tal como foi o teu gesto de dar a tua vida na nossa defesa.
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Descerramos, assim, uma placa em tua memória assentada sobre uma rocha que pesa três toneladas. Tudo para marcar – da forma mais perene que pudemos imaginar – tua passagem por este plano terreno.
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Conquanto tenha sido rápida foi uma passagem indelevelmente marcante a ponto de enaltecer a ti, tua família, a tua gloriosa farda Brigadiana, a tua valorosa Instituição Brigada Militar e a todo povo gaúcho a quem juraste proteger e que, por isso, aqui te homenageia e agradece.
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Ocorre que a Canção da Brigada Militar e o juramento solene perante a Bandeira do Brasil devem ser renovados em cada alvorada, em cada crepúsculo, nas geladas madrugadas ou sob o sol inclemente.
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Ouçamos, então, com toda a nossa devoção o toque de silêncio em respeito à memória do nosso herói: Cabo Valdeci de Abreu Lopes.
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(Nesse momento o Corneteiro executa o toque do silêncio)
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Findada a última nota, entretanto, é tempo de vivenciar o presente com os olhos voltados para frente. Pois é imperioso continuar na luta interminável do bem contra o mal, sempre em defesa do estado democrático de direito, da sociedade gaúcha que não quer ver – nunca mais – um de seus guardiões tombar em via pública.
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Porque assim diz a canção:
Eia! Avante! Enfrenta o perigo.
Oh! Brigada Militar!
Brigada, Para Frente!
O trabalho perfeito é servir
A justiça, razão e direito
É dever nos impondo: agir
Na cidade, no campo, na serra
Só o bem e a paz conduzir.
Tudo isso pra Vitória Final Merecer!
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Porto Alegre, RS, 08 de agosto de 2008.
CEL PAULO ROBERTO MENDES RODRIGUES
Comandante-Geral da Brigada Militar.
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