quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Raposa Serra do Sol

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Índios contrários à homologação já protestam
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Cerca de 200 índios ligados à Sociedade dos Índios Unidos do Norte de Roraima – Sodiurr, contrários à homologação da reserva Raposa Serra do Sol de forma contínua, iniciaram ontem uma manifestação na Praça do Centro Cívico. Eles reivindicam postos de saúde, escolas e segurança.
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Sílvio da Silva, o líder dos manifestantes, afirmou que permanecerão no local até que a FUNAI e FUNASA se manifestem sobre suas reivindicações. Segundo ele, os índios estão sem condições financeiras para manter suas necessidades básicas em suas comunidades.
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A reivindicação contra a demarcação contínua da área indígena foi motivada pelo fato deles defenderem seus direitos. Segundo Silva, a homologação contínua das terras impossibilita o desenvolvimento social das comunidades indígenas. Além disso, os índios querem uma integridade social com os não-índios.
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“Não queremos viver somente de caça e pesca, queremos espaço na sociedade para expandir e trocar conhecimentos, como também desenvolver o trabalho de agricultura. Em nossa comunidade temos eleitores, professores e enfermeiros, por isso não acho necessário haver um isolamento de uma área onde os índios pensam em participar ativamente do processo de desenvolvimento econômico do Estado. Ou seja, queremos uma demarcação em ilha”, afirmou
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Ele completou que os índios que são favoráveis à demarcação contínua são de comunidades que vivem de recursos de ONGs estrangeirais. O tuxaua Avelino Pereira, da comunidade Santa Rita, no Município de Uiramutã, disse que sua comunidade não concorda com a demarcação. “Somos uma civilização inteligente, educada e todos que vivem em nossa comunidade são índios Macuxi, e não estrangeiros. E quando oito ministros do STF deram uma decisão favorável à demarcação das terras nos provocou. Queremos que o Governo Federal nos ouça agora”, disse.
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Pereira menciona a importância do papel desempenhado pelo Presidente Lula da Silva (PT), e pede sua presença nas terras indígenas a fim de solucionar o problema. “Não somos de acordo com o ato do presidente Lula, que prometeu nos ouvir e nem está levando em consideração nosso pedido pela conservação da harmonia em Roraima”, disse.
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Em apoio à manifestação do grupo ligado ao Sodiurr, estavam presentes líderes dos grupos Alidcirr, Arikon, Amkb, Ceikal e Oider, expondo uma faixa com a seguinte frase: “Também queremos ser ouvidos”. Na manifestação estão presentes indígenas das comunidades Flechal, Santa Creusa, Santa Luzia, Monte Moriá II, Sarabatana, Santa Rita, Sorocaima I, Maracanã, Nova Cidade e Cidade Nova.
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Apesar da decisão favorável da maioria dos ministros do STF à manutenção da demarcação contínua da Raposa Serra do Sol, o julgamento só será concluído em fevereiro devido ao pedido de vista do ministro Marco Aurélio Mello.
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FUNAI – A Folha entrou em contato com a FUNAI para esclarecimentos a respeito das reivindicações dos índios, porém o órgão disse que somente se manifestará mediante apresentação de um documento por parte dos manifestantes.
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FUNASA – O coordenador regional da FINASA, Marcelo Lopes, em entrevista à Folha, disse que o atendimento as comunidades próximas a Uiramutã, como Santa Creuza, Santa Rita, Nova Cidade, Cidade Nova e Maracanã funciona com equipe de saúde multidisciplinar e em forma de rodízio.
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Ele afirmou que os postos médicos de saúde são instalados somente onde há uma grande demanda de população indígena. Segundo ele, em cada comunidade dessas, onde existem cerca de 50 índios, devem ser assistidos pelos postos de atendimento instalados no município mais próximo, Uiramutã.
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CIR (ligado à CNBB) – Em repostas às manifestações, o coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito Macuxi, disse que a manifestação dos índios contra a Terra indígena Raposa Serra do Sol é um desrespeito contra as autoridades brasileiras da mais alta Corte judicial.
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Fonte: Folha de Boa Vista, 22/01/2009.
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