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A economia brasileira recebe mais uma vez um bom impulso da agropecuária, graças ao crescimento da produção combinado com preços muito favoráveis.
A exportação do agronegócio rendeu US$ 25,8 bilhões de janeiro a abril, um novo recorde, e o superávit comercial do setor chegou a US$ 20,3 bilhões, valor 21,1% superior ao de um ano antes e muito mais que suficiente para compensar o déficit acumulado por outros segmentos da produção.
O excelente desempenho comercial resultou principalmente do aumento das cotações internacionais, favorecido pela demanda não só de grandes economias emergentes, lideradas pela China, mas também pela procura de países desenvolvidos, como Alemanha, França e Japão.
Em 12 meses o valor exportado chegou a US$ 81,3 bilhões, ultrapassando pela primeira vez a linha de US$ 80 bilhões. O Ministério da agricultura divulgou na quinta-feira uma nova estimativa do valor bruto das 20 principais produções.
A conta inclui culturas permanentes, como café e laranja, e lavouras anualmente renovadas, como soja, algodão e milho. O valor estimado é de R$ 196 bilhões. É a maior cifra, descontada a inflação, da série iniciada em 1997.
Esse valor é 8,3% superior ao registrado em 2010 e 6,6% maior que o do recorde anterior, de 2008. O aumento do valor da produção resulta da combinação de dois fatores - a elevação de preços e a expansão do volume colhido de várias lavouras.
Segundo o último levantamento, a safra 2010-2011 de cereais, leguminosas e oleaginosas será um novo recorde. O total agora estimado, 159,5 milhões de toneladas, é 6,9% maior que o da temporada anterior.
Se os números se confirmarem até o fim de todas as colheitas, haverá um bom aumento na oferta de produtos de grande peso na exportação, como a soja (mais 7,2%), e de alimentos destinados basicamente ao mercado interno, como arroz (mais 19,2%), feijão (mais 14,3%) e trigo (mais 17%).
A produção de milho deve repetir a do ano anterior, cerca de 56 milhões de toneladas. O governo projeta um aumento dos estoques de algodão, arroz, feijão e milho até o fim da temporada.
É uma boa perspectiva, principalmente porque estoques são um fator de segurança para o abastecimento interno. Grandes volumes de vários produtos foram lançados no mercado pelo governo federal, nos últimos meses, e isso contribuiu para atenuar a tendência de elevação dos preços.
O aumento do valor bruto da produção agrícola é um fator importante para a expansão de outros setores da economia. Boas colheitas combinadas com bons preços normalmente resultam em maior procura de bens de todos os tipos nos mercados do interior.
Algumas das maiores cadeias varejistas do Brasil têm como base cidades importantes de regiões agrícolas. O aumento de receita dos agricultores também resulta, geralmente, em renovação de equipamentos e em gastos adicionais com o tratamento do solo e a infraestrutura das propriedades.
Mais uma vez - e este é um dado muito importante - o aumento da safra de grãos, leguminosas e oleaginosas, 6,9%, supera a expansão da área plantada, 3,9%. As colheitas crescem, portanto, graças a grandes ganhos de produtividade.
O rendimento das lavouras pode ser favorecido tanto pela boa distribuição das chuvas quanto pelo uso de recursos tecnológicos.
Como a variação do clima é lenta, no longo prazo o aumento de produtividade é explicável principalmente pela tecnologia, isto é, pelo uso de equipamentos modernos, de fertilizantes, corretivos e defensivos e também de práticas mais adequadas à preservação do solo.
No Brasil, a área ocupada com essas lavouras aumentou 25,4% entre as safras 1999-2000 e 2009-2010. No mesmo período a produção cresceu 79,7%.
Os ganhos de produtividade permitiram uma enorme expansão da oferta com um avanço relativamente pequeno sobre novas áreas.
Quem retrata a expansão da agricultura brasileira como um processo devastador do ambiente deve desconhecer esses dados ou ser incapaz de interpretá-los. Ou agir de má-fé.
Fonte: OESP, 17/5/2011
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