É
Lenha (I)
Cristiano Cardoso (*)
A cada dia é mais fácil ser seduzido
pelos apelos às questões ambientais. Nossos filhos são muito mais conscientes
do que é bom ou ruim para o ambiente.
Entre o bom e o mau muitas coisas foram
sacadas como constituintes do mal, dentre elas: o consumo de petróleo, a não
reciclagem, a garrafa pet e ultimamente a sacola plástica.
Nossa
busca em definir o que é bom ou ruim se compara a uma novela de mocinhos e
bandidos. De vez em quando a madeira e, sobretudo a lenha, encena como ator
principal para uns e como coadjuvante para outros.
Já
escutei uma dúzia de vezes dizerem que a lenha não é fonte renovável, que usá-la
é promover o desmatamento, que é um crime.
Existe
defesa para tudo nesse mundo, assim como existe grupo, comunidade e guetos para
tudo, ou quase tudo, pois nunca vi nada para a lenha que é um figurante das
insolentes escorias e dos mais desprezíveis sentimentos atuais, onde recaem
tantas acusações.
Para muitos, a lenha é condenada mesmo
sem julgamento, isso de fato é lenha.
É lenha, que o produto de uma árvore que nasce, cresce e morre, não seja
classificado como fonte renovável. Mais lenha ainda é ter de escutar de gente
dita “estudada” a afirmação de que as indústrias que usam lenha sejam atrasadas
tecnologicamente, e que estas precisam mudar a matriz energética.
É
surpreendente que estados rasguem a terra por centenas de quilômetros para
canalizar fontes de energia que apenas enriquecem as grandes companhias.
É
lenha desprezar a capacidade de crescimento de nossas florestas, e insano não
perceber os avanços de nossa silvicultura.
É lenha ver um finlandês esperar 80 anos
para colher uma árvore e investir bravamente na atividade, enquanto nossas
terras ofertam madeira com 5 a 8 anos e não há investimento
suficiente.
É
ultrapassado não investir no desenvolvimento local, porém, o que se faz ao não
estimular o uso sustentável das florestas ou a formação destas, é não estimular
o desenvolvimento local. (Continua)
Fonte: Cristiano Cardoso - Engenheiro
Florestal e Licenciado em
Ciências Agrícolas, mestrando em
Ciências Florestais pela UFRPE
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