sábado, 20 de abril de 2013

CNBB continua olhando quase tão-só para a terra...



 Céus e terras!

Em meados do século passado, alguns críticos cunharam um dito sobre as obras literárias do Padre Antônio Vieira e do Padre Manuel Bernardes que dizia mais ou menos o seguinte: Ainda que falasse do Céu, Vieira tinha os seus olhos voltados para a terra, enquanto Bernardes, ainda que falasse da terra, tinha os seus olhos voltados para o Céu.

Tal lembrança vem-nos à memória a propósito da reunião anual da Conferência dos Bispos do Brasil em Aparecida do Norte. A imprensa costuma nos transmitir muito pouco das matérias tratadas nessa assembléia sobre a salvação das almas e das coisas do Céu. Com efeito, não sabemos se por negligência ou por falta de matérias... Mas por outro lado superabundam suas preocupações com as coisas da terra.

Não nos consta que os bispos tenham um órgão específico para se ocupar das coisas do Céu, mas mantêm um -- Comissão Pastoral da Terra -- cujo nome identifica seu propósito: Reforma Agrária para dar terra ao MST, terra para os pobres índios, terra para os quilombolas, terra para reservas ambientais...

Na reunião que acabaram de fazer, o presidente da CPT afirmou que a Reforma Agrária ainda não se tornou uma prioridade de governo no Brasil porque a bancada ruralista parece mandar mais que o Executivo. Olhe que os bispos vêm apregoando Reforma Agrária no Brasil desde a década de 50 do século passado... e com que resultado! Só miséria e desolação!

A Igreja, disseram os bispos, continuará apoiando os movimentos populares que lutam pela posse da terra, ou seja o MST e a Via Campesina, aliás muito conhecidos dos verdadeiros brasileiros que amam a ordem e a paz no campo. E prosseguem: Precisamos ouvir os gritos abafados dos sem-terra, dos indígenas e das vítimas de trabalho escravo”.

Por sua vez, d. Geraldo Lyrio Rocha -- já foi presidente da CNBB --, a questão da Reforma Agrária não está sendo levantada por políticos e partidos e, por isso, o documento dos bispos deverá soar como um grito daqueles que estão pedindo socorro.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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