A FAO e a fome do absurdo
Imaginemos um brasileiro bem instalado em Roma, onde é muito difícil não se sentir bem, pois lá até os gatos - bem alimentados por gateiras pagas pela prefeitura - levam simplesmente um vidão... que eles recompensam com o seu costumeiro farniente e calma, espraiados sobre os capôs dos automóveis nos meses frios, para mais bem aproveitar o calor do sol ou do motor...
Pode até acontecer de o nosso brasileiro ter abraçado uma
ideologia meio inspirada nos calvinistas, que imponha freios a seus lícitos desejos. Mas, ainda que não queira, ele desfrutará dos feéricos cenários e da ótima
culinária italiana que, diga-se de passagem, ainda não inclui insetos
nauseabundos nos seus cardápios.
Esse brasileiro poderia ser o Sr. José Graziano da Silva – ex-ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome no gabinete do presidente Lula e ex-responsável do Programa Fome Zero –, hoje o diretor geral da Food and Agriculture Organization (FAO), cuja sede se encontra em Roma.
Homem definidamente de esquerda, obcecado defensor da Reforma Agrária aqui e alhures, possuía todas as credenciais para se tornar o dirigente máximo daquele órgão supranacional. Em nossa maneira de ver e julgar, a FAO é um mastodonte, talvez o maior “latifúndio” improdutivo do planeta.
Isso mesmo. Esse organismo internacional é certamente bem alimentado com dinheiro público dos países membros da ONU. Mais precisamente, com dinheiro do cidadão que produz e do qual ele é obrigado a repassar em forma de impostos um bom naco para os respectivos Estados.
Por acaso, o leitor tomou conhecimento do programa que a FAO acaba de apresentar para zerar a fome no mundo sem agressão ao meio ambiente? – Reformar a gastronomia mundial para reduzir a poluição!
Essa Reforma Culinária tem o odor e o sabor dos frutos de sua prima-irmã
tupiniquim, a moribunda Reforma Agrária socialista. Quando se fala em
“reformar”, é-se levado a esperar a restauração do objeto reformado, diria o
Conselheiro Acácio. Mas, com tal reforma, não só isso não acontece, mas o objeto reformado simplesmente deixa de funcionar... Os assentamentos impostos pela Reforma
Agrária transformaram-se em “favelas rurais” brasileiras e representam seu
inevitável resultado. Que Reforma Culinária será essa?
A FAO quer nos impingir a reforma de hábitos alimentares. Segundo
seus técnicos, em vez de carnes, nós deveríamos passar a comer insetos como besouros, baratas,
escorpiões, minhocas e formigas, pois o gado - sim, o gado
bovino, ovino ou caprino - é tido e havido pelos ecologistas como grandes
responsáveis pelo dito “aquecimento global”.
Está na ordem natural das coisas que tanto nas “favelas
rurais” quanto nos terrenos baldios da urbe comecem a grassar insetos e
escorpiões (e como os há em Roma!), cobras e lagartixas, além de mosquitos
(incluídos os da dengue), grilos e formigas.
Talvez dentro dessa perspectiva se explique por que a FAO – sob a direção desse abrasado agro-reformista brasileiro – produziu esse disparate de 200 páginas!
Talvez dentro dessa perspectiva se explique por que a FAO – sob a direção desse abrasado agro-reformista brasileiro – produziu esse disparate de 200 páginas!
Com efeito, o fabrico desse relatório certamente não nutrirá
as reais ou pretensas massas famintas que Graziano imagina perambularem pelo mundo. Aliás, em matéria de massas, alguém já disse que os utopistas da esquerda só gostam mesmo é daquelas servidas nos bons restaurantes italianos... pois as humanas lhes são refratárias.
Imaginemos por fim que uma produção dessa monta – 200 páginas!
- deva ter exigido anos a fio de vigílias para se demonstrar que comer insetos é
ótimo para a saúde do corpo e da alma humanas, ademais de beneficiar o sacrossanto
meio ambiente.
Para os criadores e mentores do programa Fome Zero Mundial, os homens deverão abandonar as carnes bovina,
suína, caprina, pois enquanto o gado consome muito vegetal e ração, causando a poluição ambiental, os insetos são bons para tudo e para todos, pois se alimentam de resíduos, lixo humano,
compostagem e chorume animal.
Donoso Cortés disse que o homem tem fome de absurdo e de pecado. É só mesmo essa fome que pode explicar que a FAO esteja disposta a sacrificar séculos de
civilização e de cultura em matéria de culinária sob o pretexto de salvar o meio ambiente.
Estaremos seguindo as pegadas do Filho pródigo ao abandonar a
casa paterna onde reinava o aconchego, a segurança e a boa mesa, para ir
com o passo cadenciado rumo aos cochos nos alimentar das bolotas dos
porcos?
Parai e vede! Faça seu juízo e aja em consequência! É o que
vimos lhe propor ao longo destas linhas. Talvez duras, mas sem interesse de
ofender quem quer que seja. Afinal, vêm acontecendo tantas reformas, em tantos
lugares, envolvendo tantas pessoas...
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