Grãos, criação de gado e silvicultura
O sistema que integra
em uma mesma área duas ou três atividades agrícolas, uma das técnicas
empregadas no país, permite ao produtor obter maior produção em um mesmo ano
agrícola e diversificar sua receita.
Com várias combinações
possíveis entre plantio de grãos, criação de gado e silvicultura (plantação de
árvores para venda como madeira ou lenha), a produção integrada diminui os
custos e possibilita a obtenção de renda maior e constante durante o ano.
"A grande vantagem
é otimizar o uso da terra, com grãos, carne, leite e madeira", diz Maurel
Behling, pesquisador da Embrapa Agrosilvipastoril. Associado a boas práticas,
como plantio direto, conservação do solo, manejo eficiente e trato adequado dos
animais, o sistema pode multiplicar a produtividade.
Uma atividade beneficia
a outra. O resíduo de adubo de uma área que foi plantada com soja, por exemplo,
e a palha que fica no solo depois da colheita melhoram a pastagem. No caso da
integração com floresta, o conforto que a sombra das árvores proporciona aos
animais resulta em maior produtividade.
Estudos da Embrapa com
gado leiteiro mostram que a produção de leite em sistemas com florestas é 20%
maior do que a obtida com animais colocados a céu aberto.
Enquanto na pecuária
tradicional o gado perde peso na entressafra, com a utilização do sistema os
animais chegam a ganhar até um quilo por dia nesse período, segundo Lourival
Vilela, pesquisador da Embrapa Cerrados.
"O sistema
integrado está sendo adotado nas várias regiões de cerrado. Dependendo das
condições climáticas, o produtor pode conseguir duas ou três safras, de grãos e
carne, no mesmo ano", diz.
A integração de
atividades também causa menor impacto ao meio ambiente, melhora a fertilidade
do solo, diminui a incidência de pragas e doenças, o que leva a menor
necessidade de aplicação de produtos químicos.
A técnica também
reconstitui a cobertura florestal e diminui a pressão para desmatamento e
abertura de novas áreas de cultivo, nas regiões de fronteira agrícola.
Introduzido por
imigrantes europeus no sul do país, entre o final do século XIX e início do
século XX, o sistema foi aperfeiçoado com tecnologia da Embrapa e outras
instituições de pesquisa e hoje é adotado em quase todas as regiões.
O modelo permite ainda
recuperar áreas de pastagem degradadas. Segundo Behling, essa pode ser a saída
para resgatar metade dos 28 milhões de hectares de pastos no Mato Grosso que
hoje se encontra em algum estágio de degradação.
"Para recuperar
essa área há um custo. O agricultor pode amortizá-lo e ainda gerar rendas
alternativas, com a integração lavoura-pecuária-floresta", diz o
pesquisador.
Com a produção
integrada, os pecuaristas também podem aumentar o número de animais por
hectare, hoje de 0,8 animal em média por hectare no país.
"Quando passa para
o sistema integrado, o produtor dobra essa taxa. Mas há levantamentos que
mostram o aumento para até oito animais por hectares, em várias regiões
espalhadas pelo país, afirma Behling.
No Mato Grosso, algumas
áreas acompanhadas pela Embrapa já estão no quarto ano de implementação, com eucalipto,
teca e mogno africano.
O sistema registra
maiores resultados no Sul e Sudeste, onde é empregado há mais tempo. No Paraná,
maior produtor de grãos do país, a integração de culturas com pecuária é
adotada em cerca de 300 mil hectares, equivalentes a 5% da área cultivada.
Os produtores
paranaenses costumam destinar três quartos da área à cultura de soja ou milho
no verão (outubro a fevereiro) e, depois da colheita, colocar na mesma área
pastagem para o inverno.
A produção integrada
pode ser adotada em propriedades de todos os portes e é possível associar à
pecuária diversos tipos de cultura, como milheto, sorgo e girassol. As árvores
também podem ser frutíferas, em associação com animais como ovelhas.
Fonte: Adaptado de
Valor Econômico em http://cenariomt.com.br/noticia.asp?cod=305513&codDep=6
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