Muito além das
commodities
As perspectivas do agronegócio brasileiro são as mais
promissoras dos últimos anos. A projeção da produção para 2014 é de 205 milhões
de toneladas de grãos.
Nos últimos dez anos, o setor registrou forte expansão,
acima de 50%. E a presença do agronegócio brasileiro no mercado externo é cada
vez mais forte.
Esse papel incomoda. O agronegócio brasileiro sempre cresceu
tendo que enfrentar os interesses de países da União Europeia e dos Estados
Unidos que, apesar do discurso liberal e pró-mercado, são pródigos em criar
barreiras e para impedir a comercialização de nossos produtos.
Na verdade, esses países impõem tarifas protecionistas para
barrar produtos brasileiros porque têm que proteger uma agricultura menos
produtiva. As vitórias do Brasil na Organização Mundial de Comércio (OMC), como
no caso do algodão em relação aos EUA, dão um testemunho da situação.
Para ajudar, o Ministério da Agricultura tomou uma importante
medida ao criar, em 2010, o cargo adido agrícola em oito embaixadas
brasileiras: Buenos Aires (Argentina), Washington (EUA), Genebra (Suíça),
Bruxelas (Bélgica), Moscou (Rússia), Pretória (África do Sul) Pequim (China) e
Tóquio (Japão). Para que a missão possa ser cumprida, se faz necessário abrir
cargos em mais países.
O agronegócio, portanto, vem ajudando o Brasil a conquistar
novos mercados. Os produtos agrícolas têm grande peso na balança comercial,
além de movimentar o mercado de máquinas, equipamentos e insumos.
Os impactos internos também têm ajudado a criar ilhas de
prosperidade no Interior. Mas esse bom desempenho no setor deve ser considerado
como mais uma etapa no processo de evolução do comércio exterior.
Agora, já está mais do que na hora de o Brasil dar um salto
nas relações comerciais globais, superando a fase de vender apenas
commodities, que são produtos de baixo valor agregado.
Para inverter a lógica e ampliar a comercialização de produtos
com valor agregado, é necessário adotar medidas como a criação ou ampliação das
cadeias produtivas.
A soja, por exemplo, pode ser processada em óleo para
exportação; e o frango pode ser oferecido em cortes diferenciados.
Precisamos investir mais em tecnologia e inovação e
estabelecer uma política industrial definida. Dessa forma, poderemos ampliar a
criação de empregos e qualificar a mão de obra.
Com uma pauta de exportações com mais produtos de alto valor
agregado o Brasil, cujo comércio externo já é pujante, terá muito mais força
para combater ações protecionistas dos países industrializados e melhorar as
regras do comércio mundial.
(*) Presidente da
Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp) e do Serviço
Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP)
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