Devagar demais!
(....) O mau desempenho da
indústria – de 0,7% em 12 meses – não pode ser debitado quase unicamente à
crise externa, como estão argumentando as autoridades.
É
verdade que nos nove primeiros meses deste ano a exportação de produtos
industrializados caiu 2,6%. Aí há muito jogo contra do próprio governo, na
medida em que tolera injustificadamente a retranca comercial, contrária aos
tratados, por parte da Argentina e pouco ou quase nada vem fazendo para abrir
mercado externo para a produção brasileira (e não só para a indústria), por
meio de acordos comerciais.
Mas o buraco é ainda mais embaixo. Os
custos de produção continuam subindo em reais; até mesmo o excelente desempenho agrícola produz um efeito ruim porque
estressa ainda mais a utilização da já precária infraestrutura brasileira; os
custos trabalhistas estão aumentando; e a burocracia da Receita Federal chegou
ao cúmulo de exigir das empresas duas contabilidades paralelas, com duas
auditorias também paralelas.
O governo alardeia, como há três dias o
fez o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que tem baixado os custos: do
crédito, da energia elétrica, dos encargos sociais.
São
iniciativas casuísticas, pouco abrangentes e quase sempre temporárias.
Quando
são minimamente eficientes, provocam distorções, porque favorecem algumas
empresas em detrimento de outras e desequilibram preços relativos.
Tudo
isso contribui para minar a confiança, fator que também ajuda a derrubar o
resultado.
A competitividade da indústria
brasileira, que é reconhecidamente baixa, está para enfrentar novos impactos
dramáticos nos próximos anos, quando as indústrias instaladas nos Estados
Unidos, no Canadá e no México tiverem acesso a gás natural e energia elétrica a
uma fração do custo atual em consequência da revolução do xisto.
Não
há mobilização do governo para enfrentar esse novo nível de competitividade do
qual a indústria americana começa a tirar proveito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário