Custo de transporte
deve cair em Mato Grosso
Alexa Salomão
Concessão da BR-163
deve gerar ganhos com as melhorias na rodovia que vão superar o pedágio,
segundo estudo encomendado por produtores
Quando o trecho da
BR-163 em Mato Grosso foi concedido à iniciativa privada no leilão de Rodovias
federais em novembro do ano passado, muitos produtores ficaram na dúvida se os
ganhos com a melhoria das estradas de fato compensariam o pagamento dos pedágios.
Um estudo sobre a relação custo benefício da concessão indica que a resposta é
sim. Em Mato Grosso, o custo com o transporte deve cair 11% para cada tonelada
de grãos transportada.
"A redução é
grande. Não apenas vai cobrir o pagamento do pedágio, como abrir espaço para
uma economia no transporte da safra - significa que haverá ganho de
competitividade para o agronegócio", diz Luiz Nery Ribas, diretor técnico
Associação de Produtores de Soja e de Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT). O
levantamento foi feito pelo Instituto Mato-Grossense de Economia e Agropecuária
(Imea), a pedido da divisão local da Aprosoja.
A área de concessão da
BR-163 tem 850,9 quilômetros, entre os municípios de Sorriso, ao norte do
Estado, e Itiquira, na divisa com Mato Grosso do Sul. Os cálculos foram feitos
para o trecho entre Sorriso e Rondonópolis, que eqüivalem a 65% do trajeto
concedido.
Na época da colheita da
Soja, por exemplo, nesse pedaço da estrada circulam cerca de 11 milhões de
toneladas de grãos, praticamente metade da produção local de todo Mato Grosso.
Segundo Ribas, a
redução de 11% no custo do transporte de cada tonelada de grãos inclui uma
série de economias oferecidas por estradas mais adequadas: o corte no gasto com
a manutenção e conserto dos caminhões; um número menor de acidentes, incluindo
com feridos e mesmo com mortes; o ganho de tempo que será oferecido pela
duplicação da rodovia; e também um grande alívio na perda da própria carga, uma
vez que o sacolejar das caçambas por estradas mal conservadas costuma
arremessar parte dos grãos para a estrada.
Ganhos
O ganho com essa
sequencia de benefícios cobriria com folga o frete. Pelas estimativas do Imea,
o frete no trecho avaliado será de R$ 3,45 para cada tonelada transportada.
Um exemplo prático:
neste momento, segundo Ribas, o frete está em R$ 91. Supondo-se que a estrada
já estivesse totalmente modernizada, o frete seria 11% menor, ou sej a, por
volta de R$ 81. Descontando o frete, ainda haveria um ganho de R$ 6,6 por
tonelada transportada.
"E preciso deixar
claro: o primeiro beneficiado por esse ganho é o responsável pelo transporte -
as tradings, como Bunge e Cargill", diz Ribas. "Caberá a elas
repassá-lo ao produtor."
Elso Pozzobon, que
cultiva cerca de 2.500 hectares em Sorriso, o ponto de partida da concessão,
tem convicção de que os ganhos na Logística vão chegar para quem produz.
O seu raciocínio é
simples. "Hoje a conta do transporte cai na costa do produtor - pneu
furado, caminhão que tomba, todos os custos são descontados do preço da saca de
Soja ou Milho que vendemos." E tanto é assim que o preço do frete costuma
ser um valor atrelado ao valor da saca ou da tonelada do grão. "Se o
transporte ficar : mais barato e for mais ágil, não tem como o nosso ganho não
: melhorar", diz Pozzobon.
O leilão da BR-163,
realizado em novembro do ano passado, foi muito disputado. O deságio de 52%
oferecido pela Odebrecht superou o valor proposto pelo Consórcio Planalto, que
em setembro levou a BR-050 com uma proposta 42% inferior ao teto da tarifa.
Para garantir o sucesso
do leilão, o governo fez algumas mudanças, entre elas, subiu o teto para o
valor de pedágio cobrado a cada 100 quilômetros de R$ 4,17 para R$ 5,50.
Na avaliação dos
especialistas, a BR-163 se tornou atrativa pela certeza da demanda.
O trecho faz parte da
principal rota de escoamento da produção Agrícola de Mato Grosso.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 9
de janeiro de 2014
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