Médicos
cubanos vivem de cesta básica
PABLO
PEREIRA E FABIANA CAMBRICOLI - Agência Estado
Cubanos do programa federal Mais
Médicos, responsáveis pelo atendimento em unidades básicas de saúde nas
periferias de grandes cidades e no interior do País, têm trabalhado sem receber
o dinheiro da ajuda de custo prometido pelas prefeituras. Para driblar o
atraso, eles improvisam repúblicas, vivem de cestas básicas, recebem
"vale-coxinha" e pagam, do próprio bolso, a passagem de ônibus para
fazer visitas do Programa Saúde da Família (PSF).
Embora o Ministério da Saúde pague as
bolsas, cabe às prefeituras arcar com os custos de moradia, alimentação e
transporte. A cláusula é uma exigência do governo federal para a participação
no programa.
"Em Cuba, disseram que teríamos
facilidades que não estamos encontrando aqui. Prometeram, por exemplo, que
haveria um carro nas unidades para levar para as visitas domiciliares, mas isso
não existe. Temos de pegar ônibus e pagamos a passagem", diz uma médica
cubana que atende em uma UBS da capital paulista.
Os médicos têm despesa extra de pelo
menos R$ 24 com as tarifas. "Parece pouco, mas faz diferença porque
recebemos só US$ 400, e o custo de vida aqui é alto", afirma. A bolsa em
torno de R$ 900, ante a de R$ 10 mil paga a profissionais de outras
nacionalidades, foi um dos motivos apresentados por Ramona Matos Rodríguez, de
51 anos, para abandonar o programa, no Pará, na semana passada.
Os médicos reclamam também do
vale-refeição. "São R$ 180 por mês, dá R$ 8 por dia de trabalho. Onde você
almoça em São Paulo com esse dinheiro?", pergunta um médico trazido por
meio do convênio entre a Organização Pan-americana de Saúde (Opas), o governo
federal e o governo cubano, que fica com a maior parte da bolsa.
Nenhum
cubano ouvido na capital quis ter seu nome divulgado com medo de represálias.
Eles receberam um comunicado oficial da Secretaria Municipal da Saúde que os
proíbe de conceder entrevista sem autorização.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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