Escalada dos preços dos alimentos
continuará
O festival de aumentos dos preços
dos alimentos levará o governo a tomar medidas para atenuar a alta da inflação.
O Conselho
Interministerial de Estoques de Alimentos determinará a venda de
estoques de milho para abastecer algumas regiões, sobretudo o Nordeste. O feijão também se encontra na pauta de discussão.
O movimento do conselho corrobora o alerta do
presidente do Banco Central sobre o impacto do choque de preços nos alimentos na inflação. Em plena safra
dos grãos, esperava-se recuo nos preços. Mas as cotações seguem trajetória
ascendente pela terceira vez nos últimos anos.
No governo, avalia-se que a escalada dos principais
itens de alimentação continuará nos próximos dois meses. "Temos essa
preocupação, sim. Por isso, vamos tomar medidas", disse o novo ministro da
Agricultura, Neri Geller, ao Estado.
Crédito. O governo avalia lançar uma linha de
financiamento para estufas que cobrem hortigranjeiros, o que ajudaria a reduzir
estragos das chuvas, além de incentivar o setor de sementes.
"A qualidade
é baixa e os preços estão altos", diz o vice-presidente de Agronegócios do
Banco do Brasil, Osmar Dias. "Sem semente, não tem recuperação da
safra." Os preços internos se mantêm elevados e os
estoques finais dos grãos no Brasil, à exceção do milho, estão abaixo da média
histórica das últimas cinco safras.
A cesta básica está em alta: o índice Ceagesp,
referência nacional para 150 produtos, subiu 3% em 2013 e quase 8% em janeiro e
fevereiro - 34% em legumes e 61% em verduras.
A cotação da soja, avalia o governo, deveria estar
20% mais baixa, o que ajudaria a conter o preço das carnes, em franca disparada
nos últimos dias - a arroba do boi passou de R$ 95 para R$ 120 e os preços do
leite subiram 7,3% sobre janeiro de 2013.
O milho, prejudicado pela seca, tem
safras menores a cada ano. Base da ração de bovinos, suínos e aves, saltou de
R$ 26,54 para R$ 33 a saca só neste ano.
No arroz, produtores capitalizados seguram o
produto à espera de cotações mais altas. Mesmo com safra nova, a saca subiu de
R$ 33 para R$ 36 neste ano. O preço do feijão passou de R$ 80 para R$ 130 a
saca. E o trigo subiu forte, de US$ 307 para US$ 338 a tonelada.
Fonte:
Mauro Zanatta - O Estado de S.Paulo
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