Povo vai se cansado de invasões e das conivências do Governo
Moradores tocam fogo em barricada montada por
moradores de terreno público em Florianópolis. As cerca de 100
famílias de invasores das terras da União no bairro Rio Vermelho, ocupada
sábado (19), em Florianópolis, enfrentaram 24 horas de hostilidade e violência
por parte de um grupo de moradores da região.
Elas cederam à pressão e
concordaram com as autoridades em deixar o lugar, voltando para Maciambu, em
Palhoça. Durante a tarde, moradores atacaram os sem-terra com rojões e
pedradas.
A PM conteve os
moradores mais exaltados com bombas de gás e tiros de balas de borracha. Um
homem foi detido. Três pessoas ficaram feridas. Às 17h10 o último ônibus com
sem terra deixou a área sob escolta da PM. Os moradores comemoraram vitória.
O local invadido é próximo a um campo
de golfe do resort Costão do Santinho. Os
invasores são os mesmos da chamada ocupação Amarildo. Funcionários
uniformizados do resort participaram do despejo, porque, segundo eles, os
sem-terra ameaçavam invadir o campo de golfe.
A violência começou
às 14h desta segunda (21), quando os moradores atacaram e incendiaram uma
barricada que tinham as bandeiras da ocupação. No momento do ataque não havia
policiamento suficiente para conter a briga. A tropa de choque foi chamada para
separar os grupos.
O estudante de
agronomia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Fabio Ferraz, 27,
engrossava a barricada atacada. "Tivemos que recuar porque não queremos
lutar contra a classe trabalhadora", disse. Os moradores não quiseram dar
entrevistas e hostilizaram jornalistas.
Às 16h, depois da
chegada do choque, e mesmo enquanto a saída dos sem-terra era organizada pela
PM, alguns homens da comunidade provocavam os acampados. Centenas de moradores,
mulheres e crianças na maioria, assistiam ao desmonte das barracas, muitos gritando
palavrões.
Pouco depois das
16h, um homem não identificado furou a barreira e disparou um rojão contra os
invasores, acertando a estudante da UFSC Amanda Castro, que estava entre eles.
Ela sofreu ferimentos leves.
Segundo Denilson
Machado, do sindicato dos bancários, que participou das negociações pelos
invasores, "foi a primeira vez que as autoridades usaram civis na linha de
frente para combater o movimento popular". "A invasão se dá numa
terra pública, acredito que os moradores foram insuflados a combater o
movimento social."
Segundo Pepe da
Silva, liderança dos invasores, "os PMs foram embora ao amanhecer, para
deixar a comunidade agir contra nós". "Só voltaram depois do
incêndio. Isto prova que a PM usou o povo contra nós."
O coronel Araújo
Gomes contestou a afirmação dizendo que "os sem-terra tinham uma linha de
defesa bem firme, com homens armados com paus e estacas".
O coronel comandou
a retirada dos sem-terra em um comboio escoltado pela tropa de choque. Os
bombeiros relataram atendimento a três feridos.
O trânsito na
rodovia que liga o leste da Ilha ao centro de Florianópolis ficou paralisado
por duas horas.
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